quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Benedita da Silva responsabiliza Claudio Castro por operação mais letal da história do Rio

“Não pode ser natural você ir para um território onde há milhares de pessoas e fazer uma operação a céu aberto, colocando as famílias em pânico", disse

       Benedita da Silva (Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados)


A deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) fez um pronunciamento indignado nesta terça-feira (28) na Câmara dos Deputados, ao condenar a megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que deixou mais de 60 mortos. Em fala emocionada, ela lamentou as mortes de policiais, agentes de segurança e civis e cobrou responsabilização do governo fluminense

“Quem está falando aqui é alguém que morou no morro por 57 anos da minha vida”, disse a parlamentar, ao criticar o caráter da operação em áreas densamente povoadas. “Não pode ser natural você ir para um território onde há milhares de pessoas e querer fazer uma operação a céu aberto, colocando as famílias em pânico, as crianças fora da escola. Qual é o resultado dessa megaoperação?”, disse Benedita.

☉ Corpos encontrados

Em seu discurso, a parlamentar rechaçou a narrativa de que a esquerda “protege bandido” e destacou a defesa da população trabalhadora das favelas. É de doer, pra gente. É de doer ouvir nesta Casa que ‘a esquerda protege bandido’. Nós não protegemos bandidos — nós protegemos as famílias decentes, aquelas que limpam a casa dos senhores e das senhoras, que cuidam dos seus cachorros, dos seus filhos. São essas pessoas que nós defendemos. E elas moram lá porque não podem morar no palácio onde nós moramos”

A deputada também questionou o saldo da operação e a ausência de reconhecimento de inocentes entre as vítimas. “Foram mortos mais de 64, e eu tenho certeza de que há mais por aí. Foram policiais, foram agentes de segurança pública, foram pessoas inocentes. Mas vocês não acreditam que existam pessoas inocentes”

☉ Críticas ao governador Cláudio Castro

A deputada ressaltou que o número de vítimas pode ser ainda maior e denunciou a banalização das mortes em favelas. “Foram mortos mais de 64, e eu tenho certeza de que há mais por aí. Foram policiais, foram agentes de segurança pública, foram pessoas inocentes. Mas vocês não acreditam que existam pessoas inocentes.”

Em seguida, Benedita elevou o tom e responsabilizou diretamente o chefe do Executivo fluminense: “E, se há uma pessoa que não é inocente no Estado do Rio de Janeiro, é o governador do estado. O governador do estado!”

Aos 83 anos, Benedita encerrou sua intervenção ressaltando a origem e o vínculo com as comunidades fluminenses: “Gente, eu digo isso com muita tristeza no meu coração. Dá muita vergonha, aos meus 83 anos de idade, continuar sofrendo pelo meu povo. Não moro mais no morro, mas eu sinto a dor. Eu saí da favela, mas ela não saiu de mim. Eu conheço a dor daquela gente, conheço a maldade e a perversidade de quem governa e não sabe governar”

 

Fonte: Brasil 247

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