Levantamento revela que quase metade dos moradores da capital e da região metropolitana alterou a rotina após operação mais letal da história do país
Corpos espalhados pelas ruas de comunidade do Rio após chacina policial deixar ao menos 119 mortos - 29/10/2025 (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)
A operação policial nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, comandada pelo governo de Cláudio Castro (PL), afetou diretamente a vida de cerca de 5 milhões de pessoas na capital e na região metropolitana. O dado é de uma pesquisa Datafolha, divulgada pela Folha de S.Paulo, que mostra a dimensão social da chamada chacina de Castro, a mais letal da história do país, com 121 mortos.
Segundo o levantamento, 47% dos entrevistados afirmaram ter mudado a rotina por causa da operação policial realizada na terça-feira (28). A porcentagem equivale a 4,9 milhões de pessoas — quase metade da população adulta da região, estimada em 10,49 milhões de habitantes com 16 anos ou mais.
Os efeitos da ação foram mais sentidos na capital (51%) do que nas cidades do entorno (42%), e as mulheres (51%) relataram mais impactos que os homens (42%). Entre as alterações mais citadas estão o medo de sair de casa e a suspensão de atividades cotidianas. Cerca de 16% dos entrevistados disseram não ter deixado a residência, o que corresponde a aproximadamente 1,7 milhão de pessoas. Outros 14% (1,5 milhão) deixaram de trabalhar, e 7% afirmaram ter faltado à escola, faculdade ou curso.
O confronto também paralisou parte da cidade. O transporte público foi afetado, escolas e universidades suspenderam aulas presenciais e empresas liberaram funcionários. Na zona norte, região onde ocorreram as incursões, 23% dos moradores afirmaram não ter saído de casa. Os índices caem na zona sul (15%), zona oeste (13%) e centro (10%).
O levantamento ainda mostra que o impacto da operação variou conforme a percepção sobre sua execução. Entre os que avaliaram a ação como mal conduzida, 25% disseram ter ficado em casa, contra 13% entre os que aprovaram a atuação policial.
A incursão, que mobilizou cerca de 2.500 agentes, teve como alvo áreas controladas pela facção Comando Vermelho e resultou em um número recorde de mortes, superando o massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, quando 111 presos foram assassinados.
Apesar da comoção e das denúncias de abusos, 51% dos entrevistados consideram que operações policiais trazem mais benefícios do que prejuízos para a população local, enquanto 41% têm opinião oposta. A aprovação é mais alta entre quem apoia o governo estadual — 81% dos que avaliam bem a gestão de Castro enxergam saldo positivo nas ações. Mesmo entre os que reprovam a administração, 76% disseram acreditar que as operações ajudam mais do que atrapalham.
As opiniões variam conforme o território. Na zona sul, os moradores estão divididos entre visões favoráveis e críticas (49% em cada caso). No centro, predomina a avaliação negativa (54%), enquanto nas demais regiões a percepção de benefícios é ligeiramente maior.
A pesquisa Datafolha foi realizada por telefone entre quinta (30) e sexta-feira (31), com 626 entrevistas. A margem de erro é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo
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