segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Mercado reduz previsão da inflação para 2025 e 2026, diz Boletim Focus

Estimativa para o IPCA recua pela quinta semana seguida, enquanto mercado mantém previsões para câmbio, PIB e Selic nos próximos anos

       Sede do Banco Central, em Brasília - 17/12/2024 (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

A expectativa do mercado financeiro para a inflação em 2025 voltou a recuar, conforme dados divulgados nesta segunda-feira (15). A nova rodada de projeções indica continuidade do movimento de descompressão inflacionária, ao mesmo tempo em que as previsões para crescimento econômico, câmbio e juros permanecem praticamente inalteradas no horizonte analisado.

A mediana das projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025 caiu de 4,40% para 4,36%, marcando a quinta semana consecutiva de revisão para baixo. Para 2026, a expectativa também apresentou recuo, passando para 4,10%, em queda pela quarta semana seguida. Já as estimativas para 2027 seguem estáveis em 3,80% há seis semanas, enquanto para 2028 permanecem em 3,50%, sem alterações pelo mesmo período.

No caso do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), a projeção para 2025 foi ajustada para -0,65%, aprofundando a trajetória de queda e acumulando 14 semanas consecutivas de revisões negativas. Para 2026, a estimativa foi mantida em 4,00%, estável há três semanas. As projeções para 2027 seguem em 4,00%, sem mudanças há 48 semanas, enquanto para 2028 houve uma leve alta para 3,85%, patamar mantido pela segunda semana seguida.

Entre os preços administrados, o mercado passou a prever inflação de 5,34% em 2025, em alta pela sétima semana consecutiva. Para 2026, a expectativa recuou para 3,75%, acumulando duas semanas de queda. Em 2027, a projeção ficou em 3,60%, após uma semana de estabilidade, e para 2028 permaneceu em 3,50%, nível mantido há três semanas.

No campo da atividade econômica, o Produto Interno Bruto (PIB) segue projetado em crescimento de 2,25% em 2025. Para 2026, a estimativa continuou em 1,80%, sem variação na comparação semanal. Em 2027, houve um leve ajuste negativo, com a projeção passando para 1,83%, interrompendo uma semana de estabilidade. Para 2028, o mercado manteve a expectativa de expansão de 2,00%, patamar inalterado há 92 semanas.

As projeções para o câmbio permaneceram estáveis em todos os horizontes. Para 2025, a mediana seguiu em R$ 5,40 por dólar, nível mantido há quatro semanas. Em 2026, a estimativa continuou em R$ 5,50, sem mudanças há nove semanas. Para 2027 e 2028, o mercado também manteve a projeção em R$ 5,50, estável há sete semanas em ambos os casos.

Em relação à política monetária, o Boletim Focus mostrou manutenção da expectativa para a taxa básica de juros em 2025, com a Selic projetada em 15,0% ao ano. Para 2026, houve leve recuo na estimativa, que passou para 12,13%. Em 2027, a projeção permaneceu em 10,50%, nível que não sofre alterações há 44 semanas. Já para 2028, a expectativa seguiu em 9,50%, estável pela segunda semana consecutiva.

Fonte: Brasil 247

Dosimetria pode reduzir pena de líderes do PCC e CV

Proposta contradiz PL Antifacção e pode gerar insegurança jurídica

      Congresso Nacional - 16/09/2024 (Foto: REUTERS/Ueslei Marcelino)

A tramitação simultânea de dois projetos de lei com orientações opostas sobre a execução penal tem provocado preocupação no Congresso Nacional e entre especialistas em Direito Penal. De um lado, o chamado PL da Dosimetria, que flexibiliza critérios para progressão de regime; de outro, o PL Antifacção, que endurece regras para condenados por crimes graves. A possível aprovação de ambos pode resultar em conflitos normativos, insegurança jurídica e judicialização em larga escala. As informações são da CNN Brasil.

Segundo analistas, a falta de harmonização entre as propostas pode gerar interpretações divergentes na aplicação da lei e abrir brechas para a revisão de penas em casos sensíveis.

O defensor público e professor de Direito Penal Gustavo Junqueira avalia que os textos seguem direções incompatíveis. “São projetos contraditórios que vão acabar entrando em vigor e criando, claro, situações de conflito”, afirmou. De acordo com ele, as divergências mais evidentes aparecem nas regras de progressão de pena para crimes hediondos, feminicídio e delitos que resultaram em morte.

O PL Antifacção, já aprovado no Senado e ainda pendente de nova análise pela Câmara, amplia o tempo mínimo de cumprimento da pena antes da progressão de regime. Já o PL da Dosimetria, aprovado pela Câmara dos Deputados na madrugada da última quarta-feira (10), mantém percentuais semelhantes aos da legislação atual em vários pontos e reduz exigências em outros.

A proposta da dosimetria ganhou destaque por permitir a progressão de regime após o cumprimento de um sexto da pena, com percentuais mais elevados apenas para crimes específicos, como hediondos, feminicídio, constituição de milícia privada e reincidência. O texto altera o artigo 112 da Lei de Execução Penal, redefinindo critérios mínimos para a mudança de regime.

Atualmente, a legislação prevê a progressão após o cumprimento de 16% da pena, desde que o crime não tenha sido cometido com violência ou grave ameaça. Para Junqueira, o problema está no fato de que o PL da Dosimetria mantém ou reduz esses percentuais, enquanto o PL Antifacção avança no sentido oposto.

“O PL Antifacção aumentou o tempo de pena necessário para que pudesse haver a progressão, enquanto o PL da Dosimetria manteve o mesmo percentual da legislação atual”, explicou o defensor público.

Na avaliação do especialista, a coexistência das duas normas tende a provocar disputas judiciais. “Sempre existe o risco de judicialização quando você tem esse tipo de confusão legislativa. Ela acaba não só trazendo maior instabilidade e insegurança quanto ao conteúdo das decisões como acaba provocando também um número maior de recursos nos tribunais, o que é um custo público. É um gasto público, cada processo tem um custo para a sociedade”, alertou.

Outro ponto sensível é a possibilidade de que crimes violentos não classificados como hediondos passem a permitir progressão com apenas um sexto da pena. Junqueira detalha que dezenas de delitos hoje enquadrados com percentuais maiores seriam beneficiados. “Todos os crimes violentos que não são hediondos, não são crimes contra pessoa, não são crime contra o patrimônio, passam a permitir progressão com ⅙ da pena”, afirmou.

Ele citou como exemplos o lenocínio violento, a resistência com violência e a coação no curso do processo. Segundo o defensor, crimes que atualmente exigem 25% ou 30% de cumprimento da pena poderiam passar a exigir apenas 16,6%.

Nesse contexto, até integrantes de grandes facções criminosas, como o PCC e o Comando Vermelho, poderiam ser alcançados. A mudança não estabelece recorte temporal, diferentemente de uma proposta de anistia, o que amplia o alcance da norma. Entre os possíveis beneficiários estariam líderes históricos do crime organizado, como Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, e Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.

No Senado, o relator do PL da Dosimetria, Esperidião Amin (PP-SC), afirmou que ajustes estão em estudo para reduzir os pontos de conflito. “Estamos, senadores Sergio Moro, Alessandro Vieira e eu, trabalhando para preservar o desejado e afastar o indesejável”, declarou. O parecer do relator está previsto para ser apresentado na próxima terça-feira (16).

O projeto deve passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na quarta-feira (17), com possibilidade de votação em plenário no mesmo dia. Amin reconhece que o texto ainda pode sofrer mudanças, dependendo do ambiente político e de negociações paralelas no Congresso.

O ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) também participou das discussões iniciais sobre alternativas à anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro. Segundo ele, a intenção era permitir uma reavaliação individualizada das penas, sem promover impunidade. “Não é algo de impunidade, mas de gradação que possa ser justa para a aplicação da pena em cada caso concreto”, disse a jornalistas.

Pacheco afirmou ainda que o relator na Câmara avançou além do escopo inicialmente discutido. “O deputado Paulinho fez algo parecido, mas mexeu também na questão de progressão de regime, que era algo que nós nunca tínhamos pensado”, afirmou. Para ele, os impactos das mudanças precisam ser analisados com cautela.

“Todos os crimes com violência ou grave ameaça têm que ter um tratamento ou é de um sexto, ou é de um quarto, ou é de um terço, o que seja. Essa excepcionalização casuística para os crimes do Estado Democrático de Direito é algo que precisa ser avaliado”, completou.

As diferenças entre os dois projetos são expressivas. No caso de crimes hediondos, o PL da Dosimetria fixa 40% da pena para réus primários, enquanto o PL Antifacção eleva esse percentual para 70%. Para reincidentes, a discrepância chega a 20 pontos percentuais ou mais, especialmente quando há resultado morte.

Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil 

Nova CNH: renovação automática e gratuita para bons condutores entra em vigor

A expectativa do Ministério dos Transportes é que essas mudanças reduzam em até 80% o custo para obter a CNH

      CNH Digital (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

A nova regra de emissão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) traz mudanças significativas, incluindo a possibilidade de renovação automática e gratuita para motoristas classificados como "bons condutores". A medida foi divulgada recentemente e, de acordo com o g1, visa premiar aqueles que seguem as normas de trânsito sem infrações. Para que a renovação automática ocorra, o motorista precisa atender a alguns requisitos, como não ter cometido infrações nos últimos 12 meses e estar cadastrado no Registro Nacional Positivo de Condutores (RNPC).

O RNPC foi criado em 2022 com o objetivo de reconhecer motoristas que, ao longo de um ano, não cometeram infrações ou receberam multas. No entanto, é importante destacar que não basta dirigir de forma correta e seguir as leis de trânsito, o motorista precisa se cadastrar no programa para que sua CNH seja renovada automaticamente.

Para se inscrever no RNPC, o motorista deve seguir os seguintes passos:

  1.  Abrir o aplicativo CNH Brasil;
  2.  Selecionar a opção "Condutor";
  3.  Acessar "Cadastro Positivo";
  4.  Tocar em "Autorizar participação".

Após o cadastro, caso o motorista não tenha cometido infrações ou recebido multas nos últimos 12 meses, ele poderá renovar sua CNH de forma automática e gratuita.

● Versão digital e física da CNH

Vale ressaltar que apenas a versão digital da CNH será renovada automaticamente e sem custos. Para quem deseja a versão física, será necessário solicitar o documento separadamente, seja pelo aplicativo CNH Brasil ou presencialmente, em uma unidade do Detran do estado onde o motorista reside.

A versão física, ao contrário da digital, continua com custo de emissão, que varia de estado para estado. Por exemplo, em São Paulo, a taxa é de R$ 122,17, enquanto em Alagoas o valor chega a R$ 144,12. No Acre, o valor é de R$ 89,75. A solicitação do documento físico é independente da renovação automática da CNH digital.

● Restrição por idade e saúde

Embora a renovação automática seja uma facilidade para muitos motoristas, a medida não se aplica a todos. Condutores com mais de 50 anos têm direito à renovação automática apenas uma vez. Além disso, a renovação automática não se aplica a motoristas com 70 anos ou mais, nem àqueles cuja validade da CNH foi reduzida por recomendação médica devido a doenças progressivas ou condições que exigem acompanhamento de saúde.

● Modernização e redução de custos

A medida provisória que implementa a nova CNH também introduz mudanças no processo de obtenção da carteira de habilitação, com o objetivo de modernizar o sistema e reduzir os custos. Entre as principais inovações, destacam-se:

  •  As aulas em autoescola deixam de ser obrigatórias;
  •  O conteúdo teórico será disponibilizado gratuitamente no aplicativo do governo, sem exigência de carga horária mínima;
  •  Os alunos poderão usar carros particulares e contratar instrutores autônomos, credenciados pelo Detran;
  •  As aulas práticas caem de 20 para 2 horas no mínimo;
  •  As provas práticas continuam sendo presenciais, assim como o exame médico e a coleta biométrica;
  •  Motoristas que reprovarem na primeira avaliação poderão fazer a segunda tentativa sem custos adicionais;
  •  Não haverá mais prazo para a conclusão do processo de habilitação, que atualmente é de um ano.
A expectativa do Ministério dos Transportes é que essas mudanças reduzam em até 80% o custo para obter a CNH e também diminuam a burocracia e o tempo necessário para a renovação do documento.

Fonte: Brasil 247 com informações do G1

Governo pressiona por cortes em benefícios fiscais e ameaça travar emendas

Objetivo é reduzir isenções e reforçar o Orçamento de 2026. Proposta prevê redução mínima de 10% em dois anos e trava novas renúncias

Brasília-DF - 14/10/2025 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (Foto: Lula Marques/Agência Braasil)

A base do governo na Câmara dos Deputados pretende acelerar a tramitação do Projeto de Lei Complementar (PLP) 128/2025, que prevê um corte escalonado nos benefícios tributários federais. A proposta é considerada estratégica para ajudar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a fechar as contas do próximo ano e evitar falta de recursos na peça orçamentária, segundo o Metrópoles.

O texto, de autoria do deputado Mauro Benevides Filho (PDT-CE), já passou pela Comissão de Finanças e Tributação. Para ir a voto antes do fim do ano legislativo, a articulação envolve apensar o projeto a outra proposta que já esteja com tramitação em plenário.

● O que prevê o PLP 128/2025

O projeto estabelece uma redução mínima total de 10% nos benefícios tributários, dividida em duas etapas: pelo menos 5% em 2025 e outros 5% em 2026. Os percentuais podem variar conforme o setor, desde que respeitem o piso definido no texto.

A proposta também delimita exceções: microempresas, partidos políticos, sindicatos, áreas de livre comércio, zonas francas, além de programas de concessão de bolsas de estudo e de assistência social, não seriam atingidos pelas mudanças descritas.

Outro ponto é a restrição para novas renúncias. O texto veda a concessão de novas isenções e também a prorrogação das já existentes, “salvo se a medida for acompanhada da redução simultânea de outros benefícios de mesma natureza e em valor equivalente”.

● Relatoria definida e negociação política

No último dia 8, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), designou o deputado Aguinaldo Ribeira (PP-PB) como relator. No mesmo dia, Motta se reuniu com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), para tratar da proposta.

Segundo a articulação descrita, a votação é tratada como prioridade por seu potencial de reforço de caixa: o texto é apontado como capaz de render cerca de R$ 20 bilhões ao governo no próximo ano.

● PT alerta para risco de contingenciamento

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que, sem a medida, o Orçamento pode ser alvo de contingenciamentos, com impacto em programas sociais e até em emendas parlamentares. Ele declarou: “A gente quer agora é salvar um pouco esse final do ano com a votação principalmente dos benefícios tributários. A Câmara tem que entender que esse projeto é importante para fechar o orçamento do próximo ano. Tem que entender, inclusive, que se esse projeto não for votado, as consequências são muito claras, não é retaliação do governo, mas vai ser contingenciamento de verbas de programas sociais e o contingenciamento das emendas parlamentares. Se não tiver esse entendimento, as coisas vão se agravar, porque vai faltar, de fato, 20 bilhões para fechar a peça orçamentária”.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

PL da Dosimetria tem "todos os ingredientes para gerar um novo conflito" entre governo e Senado

Projeto que beneficia golpistas coloca novamente em lados opostos o governo Lula e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre

       Davi Alcolumbre e Lula (Foto: Carlos Moura/Agência Senado I Ricardo Stuckert/PR)

A tramitação acelerada do PL da Dosimetria no Senado Federal abre espaço para um novo foco de atrito entre o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O impasse gira em torno do esforço de Alcolumbre para levar a proposta ao plenário ainda antes do recesso, apesar da resistência do Planalto, que avalia alternativas para postergar a votação, relata o Metrópoles.

Na última quarta-feira (10), Alcolumbre afirmou que o projeto será apreciado no plenário em uma semana, no mesmo dia em que a matéria deverá ser discutida na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), presidida pelo senador governista Otto Alencar (PSD-BA).

◎ O que é o projeto e como ele chegou ao Senado

O texto é o PL 2162/2023, de autoria do deputado e ex-prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella (Republicanos). A proposta, conforme descrito, prevê anistia a participantes de manifestações políticas desde 30 de outubro, data do segundo turno das eleições em que Jair Bolsonaro (PL) foi derrotado por Lula.

Após um debate político prolongado, a urgência do projeto foi levada ao plenário da Câmara e aprovada por 311 votos em meados de setembro. Em seguida, o presidente da Casa, Motta, indicou o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP), para a relatoria. No parecer, Paulinho alterou o teor do texto, deixando de lado o perdão judicial e estabelecendo redução de penas.

A proposta inicialmente desagradou a dois polos: o governo, que não queria qualquer benefício aos condenados pelos atos de 8 de Janeiro — e tampouco a Bolsonaro —, e a oposição, que defendia uma anistia “geral e irrestrita”. Ainda assim, Motta levou o parecer ao plenário na terça-feira (9), e o texto acabou aprovado por 291 votos.

◎ Compromisso de pauta e disputa sobre o rito na CCJ

Antes mesmo de a votação ocorrer na Câmara, Alcolumbre já havia anunciado em plenário que colocaria o projeto em votação assim que ele fosse aprovado pela Casa Baixa. Ao justificar a pressa, o presidente do Senado defendeu a “atualização” da legislação sobre crimes contra Instituições Democráticas, nos termos do texto relatado por Paulinho da Força.

Em discurso no plenário, Alcolumbre declarou: “Eu fiz um compromisso com os líderes e com o Brasil de que se a Câmara deliberasse esse assunto, o Senado deliberaria sobre esse assunto […] nós vamos deliberar assim que a Câmara deliberar. Este ano ainda”.

A condução, porém, esbarrou na avaliação do presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA), que se opôs a enviar o projeto diretamente ao plenário. Diante da falta de consenso e da necessidade de discussão, Alcolumbre recuou quanto ao rito e encaminhou o texto à comissão — mas manteve a intenção de concluir a votação antes do recesso.

Otto Alencar ainda sinalizou que pode reduzir o prazo de vista do projeto para apenas algumas horas, com o objetivo de viabilizar que a proposta chegue ao plenário no calendário defendido por Alcolumbre.

◎ Governo tenta frear e aponta risco de benefício a Bolsonaro

Do lado do Executivo, a prioridade relatada é atrasar a votação — e, caso a proposta seja aprovada, até vetar a legislação. O pano de fundo, segundo o texto, é o potencial impacto para Jair Bolsonaro: Lula afirmou, em evento recente, que o ex-presidente “tem que pagar” pela tentativa de golpe de Estado pela qual foi condenado no Supremo Tribunal Federal (STF).

Na avaliação atribuída a Paulinho da Força, o tempo de prisão de Bolsonaro poderia cair para pouco mais de dois anos, o que amplia o peso político da disputa sobre o calendário e o formato da votação no Senado.

◎ Novo conflito no horizonte entre Executivo e Legislativo

Aliados de Alcolumbre avaliam que a pressa não se explica apenas por um compromisso com a oposição. A leitura descrita é que, com o fim do ano se aproximando, o presidente do Senado buscaria encerrar o tema para iniciar 2026 com outras prioridades.

Para um líder do centrão próximo a Alcolumbre, o choque entre a pressa do Senado e a estratégia do Planalto reúne “todos os ingredientes para gerar um novo conflito” entre Executivo e Legislativo. A relação já vem tensionada após a decisão de Lula de indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, para o Supremo, em vez do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), movimento que teria frustrado Alcolumbre.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

Partidos rejeitam candidatura de Moro ao governo do Paraná

Ex-juiz parcial e senador enfrenta barreiras no União Brasil, no PP, no Podemos e até na sigla criada pelo MBL

      Sergio Moro (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

O senador Sergio Moro (União-PR) enfrenta um cenário político adverso na tentativa de viabilizar sua candidatura ao governo do Paraná nas próximas eleições. Atualmente filiado ao União Brasil, ele encontra dificuldades internas para se consolidar como o nome da legenda no estado e também não vislumbra um caminho simples em outras siglas do mesmo campo político, informa a Folha de São Paulo.

Um dos principais entraves está no PP, que integra federação com o União Brasil e, portanto, teria de avalizar uma eventual candidatura de Moro. Por lá, a resistência é significativa. A legenda trabalha com a estratégia de apoiar o nome indicado pelo atual governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), o que esvazia o espaço para uma postulação alternativa dentro da federação. Essa posição reduz as chances de Moro construir consenso entre os aliados formais do União Brasil.

Diante desse impasse, aliados do senador passaram a mencionar o Missão, partido recém-criado pelo Movimento Brasil Livre (MBL), como uma possível alternativa. Moro e o grupo mantêm um histórico de aproximação política e chegaram a discutir uma aliança em 2022. Naquele momento, porém, as conversas não avançaram após a desistência do ex-juiz parcial de concorrer à Presidência da República.

Mesmo no Missão, no entanto, o caminho não está livre. A sigla já anunciou um pré-candidato próprio ao Palácio Iguaçu: o advogado Luiz Felipe França, o que limita a possibilidade de acomodar o projeto eleitoral do senador sem conflitos internos.

Outra hipótese aventada nos bastidores é o retorno ao Podemos, partido pelo qual Moro se elegeu senador. Essa alternativa, contudo, também enfrenta resistência. Dirigentes da legenda ainda guardam ressentimento pela saída abrupta de Moro, que deixou o partido para se filiar ao União Brasil às vésperas da última eleição.

Com portas fechadas em diferentes frentes e sem um partido disposto, até o momento, a abraçar sua candidatura ao governo do Paraná, Sergio Moro vê seu projeto político enfrentar obstáculos relevantes no tabuleiro partidário do estado.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

Lula vê Motta “sem rumo” e teme clima ainda mais hostil no Congresso em 2026

Presidente perde confiança em Motta e aposta nas eleições para reverter hostilidades da Câmara e do Senado; PT fala em reforma política

Brasília (DF) - 21/05/2025 - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acompanhado do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (d), durante reunião com ministros no Palácio do Planalto (Foto: RICARDO STUCKERT/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem evitado declarações públicas diretas sobre o deputado Hugo Motta, mas, nos bastidores, a avaliação no Palácio do Planalto é de que o parlamentar deixou de inspirar confiança. Aliados do presidente relatam que Lula observa com preocupação a condução política de Motta e teme que o ambiente na Câmara dos Deputados se torne ainda mais adverso em 2026. As informações são do UOL.

Integrantes do governo afirmam que o presidente chegou a propor uma aproximação concreta com o deputado, incluindo a possibilidade de uma aliança eleitoral na Paraíba no próximo ano. A iniciativa, no entanto, não teria sido recebida com entusiasmo. A leitura predominante no Planalto é de que Motta prefere não se comprometer com nenhum campo político de forma clara.

A desconfiança, de acordo com auxiliares do governo, não surgiu recentemente. A relação entre o parlamentar e a cúpula do Executivo teria se deteriorado após o rompimento de um acordo, quando Motta colocou em regime de urgência o projeto que derrubava o decreto do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e anunciou a decisão pelas redes sociais, em julho. O episódio é citado como um divisor de águas na relação com o Planalto.

Além da instabilidade, o deputado passou a ser visto como politicamente inconsistente. No governo, a avaliação é de que os acontecimentos da última semana — que culminaram até em agressões a jornalistas — representaram uma derrota significativa para Motta. A interpretação interna é que ele teria desagradado simultaneamente parlamentares petistas e bolsonaristas, além de expor fragilidades diante do centrão, algo considerado difícil de ser perdoado no jogo político.

Integrantes do Executivo citam ainda a tentativa de cassação do deputado Glauber como exemplo de perda de controle. Quando percebeu que se formava um acordo para preservar o mandato do parlamentar, Motta teria passado a telefonar para aliados diretamente da mesa de comando, atitude vista por petistas como sinal de desorganização. As imagens dessas movimentações e um vídeo em que ele recebe uma resposta da deputada constituinte Benedita da Silva (PT-RJ) sobre a promulgação da Constituição Federal de 1988 circularam em grupos internos do governo de forma jocosa.

As críticas, embora mais frequentes entre auxiliares, também vêm sendo externadas publicamente por membros do governo. Em café da manhã com jornalistas na última sexta-feira (12), o ministro Guilherme Boulos, da Secretaria-Geral da Presidência, foi direto ao comentar a condução dos trabalhos na Câmara.

“Eu acho que é inaceitável a maneira como tem sido conduzido [a Câmara] com [votar a cassação de] Glauber e os bolsonaristas, seja em passar a madrugada votando [o PL da] Dosimetria, uma anistia envergonhada, sem colocar em pauta as grandes questões do povo brasileiro, eu acho que é um erro grave”, afirmou.

Preocupação com 2026

O presidente tem demonstrado preocupação com os rumos do Congresso em 2026. Ele já expressou publicamente a necessidade de tentar eleger mais deputados e senadores para evitar que as duas Casas fiquem ainda mais conservadoras e com níveis ainda mais baixos após as eleições.

O Planalto avalia que tem conseguido aprovar as pautas que importam, mas com um preço muito alto. Os projetos mais importantes do governo Lula 3 na área econômica, como a reforma do IR e a redução na conta de luz, foram aprovados. Mesmo assim, membros do governo avaliam que o Congresso tem dado dores de cabeça com pautas de costume, ideológicas ou que envolvem questões sociais.

Diante desse cenário, Lula tem estimulado que todos os membros de partidos de centro-esquerda que têm chances de se eleger se candidatem no ano que vem. A tendência é que pelo menos 22 dos 38 ministros deixem seus cargos para disputar as eleições.

Além disso, o governo deve propor uma reforma política. O presidente nacional do PT, Edinho Silva, argumenta que o modelo de puxadores de voto tem atrapalhado a democracia. “Nós queremos o voto por lista [partidária], queremos o fortalecimento dos partidos, porque só existirá democracia forte se os partidos forte se os partidos forem fortes. Quando você tem um influencer maior do que um partido, é hora de a gente pensar”, afirmou a jornalistas.

Fonte: Brasil 247 com informações do UOL

Alessandro Vieira defende rejeição do PL da Dosimetria na CCJ do Senado

Em conversas com o relator, Vieira encontrou brechas no projeto que beneficiam condenados por corrupção e delitos sexuais

Alessandro Vieira defende rejeição do PL da Dosimetria na CCJ do Senado (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

A tramitação do projeto de lei que altera regras de dosimetria das penas enfrenta resistência no Senado. O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) afirmou que pretende apresentar um voto em separado pela rejeição integral do texto aprovado pela Câmara dos Deputados, sob o argumento de que a proposta pode produzir efeitos mais amplos do que os anunciados inicialmente, alcançando inclusive crimes graves, informa o UOL.

Vieira e o senador Sergio Moro (União-PR) vêm discutindo os pontos considerados problemáticos do texto com o relator da matéria na Casa, senador Esperidião Amin (PP-SC).

Para Alessandro Vieira, a redação aprovada pelos deputados abre brechas que extrapolam o objetivo original da proposta. O senador afirmou: "Da forma como foi aprovado pela Câmara, o PL pode beneficiar até criminosos de corrupção ou delitos sexuais". Ele acrescentou que o texto cria mudanças sensíveis na execução das penas: "Você tem ali uma redução de tempo de regime fechado e uma forma de aplicação da lei que pode ser aplicada a outros crimes. E isso é inaceitável".

O senador também criticou o que classificou como reincidência de problemas legislativos vindos da Câmara. "É a segunda vez que você tem textos vindos da Câmara dos Deputados com o objetivo declarado de atender a determinado fato e, quando você vai ver o texto, na realidade muito mais coisa é atingida".

O relator da proposta no Senado reconheceu as distorções apontadas. Esperidião Amin declarou que "avalia a gravidade da discrepância" introduzida pelos deputados, ressaltando que o alcance do projeto poderia beneficiar até autores de crimes de corrupção ou delitos sexuais. Segundo ele, a situação se agrava porque Vieira identificou a criação de novos tipos penais no texto, o que pode gerar conflitos com outras iniciativas legislativas.

Um dos principais pontos de preocupação envolve o chamado PL Antifacção, recentemente aprovado pelo Senado e ainda pendente de análise pela Câmara. De acordo com Amin, a eventual aprovação do projeto da dosimetria, como está, pode gerar interferências diretas entre as duas propostas. "Fica mais complicado, porque se o nosso texto [da dosimetria] vier a ser aprovado e transformado em lei, ele afetará e será afetado pelo texto do projeto das facções, que uma hora vai ser aprovado pela Câmara".

Diante desse cenário, Alessandro Vieira pretende formalizar um voto em separado recomendando a rejeição do projeto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Segundo o senador, essa etapa poderia ser evitada caso o próprio relator optasse por rejeitar o texto. Nesse caso, a proposta seria arquivada e um novo projeto teria de ser elaborado. "Pode ser necessária [a rejeição], porque a gente tem um texto que tem consequências que não são razoáveis", disse.

Fonte: Brasil 247 com informações do UOL

PF fecha o cerco contra Moro e Dallagnol e investiga grampos ilegais na Lava Jato

Perícia em aparelho usado pela força-tarefa analisa 30 mil gravações e apura possível esquema de espionagem sem autorização judicial

       Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e sede do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) (Foto: CNJ | ABR)

A Polícia Federal aprofundou a investigação sobre o uso de um aparelho de gravações telefônicas pela força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal do Paraná, ampliando o cerco jurídico em torno de seus principais expoentes, entre eles o ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol. A apuração busca esclarecer se o equipamento foi utilizado para realizar grampos ilegais, sem autorização judicial, atingindo advogados, investigados, testemunhas e até autoridades com foro privilegiado.

As informações foram reveladas em reportagem de Aguirre Talento, no jornal Estado de S. Paulo, que teve acesso exclusivo aos detalhes do inquérito conduzido sob sigilo. A perícia foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), após decisão do ministro Luís Felipe Salomão, que reverteu um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) favorável ao arquivamento do pedido.

☉ Aparelho gravou cerca de 30 mil ligações

O equipamento periciado é o modelo Vocale R3, utilizado nos ramais telefônicos da força-tarefa entre 2016 e 2020. De acordo com dados preliminares da investigação, o sistema realizou aproximadamente 30 mil gravações telefônicas, das quais ao menos 341 foram efetivamente acessadas pelos usuários. A Polícia Federal também trabalha com a suspeita de que houve escutas ativas realizadas à revelia dos titulares das linhas.

Por determinação do STJ, os peritos estão autorizados a analisar apenas os logs e metadados do sistema, sem acesso ao conteúdo das conversas. A perícia técnica busca identificar quem operou o equipamento, quem teve acesso às gravações, se arquivos foram apagados e se houve armazenamento ou cópia de dados em nuvem.

No voto que embasou a decisão, o ministro Luís Felipe Salomão ressaltou que o foco da investigação não é o teor das conversas, mas o funcionamento do sistema e a cadeia de responsabilidades. Segundo ele: “A perícia requerida pela autoridade policial não está direcionada ao conteúdo dos diálogos que foram gravados, mas a como esse material foi armazenado, quem eram os responsáveis pela gestão do equipamento e quem teve acesso às gravações”.

☉ Suspeita de crime e possível responsabilização de Dallagnol

O inquérito apura a prática do crime de interceptação telefônica ilegal, cuja pena prevista varia de dois a quatro anos de detenção. A investigação busca identificar se houve responsabilidade direta do então coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol, e de outros integrantes da força-tarefa. Dallagnol nega irregularidades.

A suspeita central é de que o aparelho, acoplado aos ramais da operação, tenha funcionado como um sistema de vigilância permanente, gravando indiscriminadamente comunicações internas e externas da Lava Jato, sem controle judicial, em mais um episódio que reforça as denúncias de abusos e práticas de lawfare associadas à operação.

☉ Funcionamento coincide com auge político da Lava Jato

O período em que o Vocale R3 esteve ativo coincide com os momentos mais sensíveis da Lava Jato e da política nacional. O equipamento começou a operar em 2016, ano do golpe de Estado contra Dilma Rousseff, atravessou a divulgação da chamada “Lista de Fachin”, em 2017, e seguiu ativo durante a prisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2018, além da eleição de Jair Bolsonaro.

A desativação do sistema ocorreu apenas em 2020, no contexto do enfraquecimento da operação, após a série de reportagens da Vaza Jato, que expôs diálogos comprometendo a imparcialidade da Lava Jato, e durante o desmonte formal da força-tarefa promovido pela gestão de Augusto Aras na Procuradoria-Geral da República.

☉ Entraves, atrasos e disputa de competência

A Polícia Federal relatou à Justiça dificuldades para obter o equipamento. O pedido de acesso foi feito em janeiro de 2024, mas, segundo a corporação, a Corregedoria do Ministério Público Federal adotou “claras condutas procrastinatórias”. O aparelho, que estava guardado em Brasília, só foi entregue após a PF sinalizar a possibilidade de busca e apreensão.

O caso também enfrentou uma longa disputa sobre a competência para julgamento. Inicialmente, a investigação tramitou na Justiça Federal do Paraná, foi enviada ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região e, apenas em setembro de 2025, chegou ao STJ, sob o entendimento de que a força-tarefa contava com procuradores regionais da República, que possuem foro naquela corte.

☉ Buscas na Lava Jato ampliam suspeitas

Em paralelo, a 13ª Vara Federal de Curitiba, símbolo do poder concentrado da Lava Jato, foi alvo de busca e apreensão determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli. A medida teve como objetivo apurar indícios de que a operação teria monitorado ilegalmente autoridades com foro privilegiado.

Embora essa apuração tenha um escopo específico, a investigação conduzida no STJ sobre o Vocale R3 é mais abrangente e reforça a hipótese de que a Lava Jato pode ter se valido de métodos clandestinos de investigação, à margem da lei e das garantias constitucionais.

☉ Deltan fala em autoproteção e acusa perseguição

Em nota divulgada e reproduzida pelo jornal Estado de S. Paulo, Deltan Dallagnol afirmou que o equipamento foi adquirido como medida de segurança institucional, diante de ameaças sofridas por integrantes da força-tarefa. Segundo ele, “o equipamento de autogravação foi adquirido como medida institucional de segurança, em um contexto em que procuradores passaram a receber ameaças à própria vida e à de suas famílias”.

O ex-procurador sustenta que apenas servidores que solicitaram a gravação de seus próprios ramais tinham acesso às conversas e que eventuais gravações indevidas teriam ocorrido por esquecimento de desligamento de linhas após a saída de servidores da equipe. Ele afirma ainda: “Não há qualquer evidência de que terceiras pessoas tenham gravado ou escutado conversas dos ramais que foram autogravados”.

Dallagnol também nega ter utilizado o equipamento em seu próprio ramal ou ter exercido poder administrativo sobre o sistema. Para ele, a investigação representa “um instrumento de perseguição institucional”, afirmando que “o verdadeiro escândalo não é a autogravação, é a perseguição”.

A perícia técnica deverá esclarecer se o uso do aparelho se limitou a uma alegada autoproteção ou se configurou mais um capítulo de abusos estruturais da Lava Jato, aprofundando o debate sobre violações de direitos, instrumentalização do sistema de Justiça e lawfare no Brasil.

Fonte: Brasil 247 com informações reveladas por aguirre Talento, no jornal O Estado de S. Paulo

domingo, 14 de dezembro de 2025

Lindbergh cobra cumprimento da Constituição após renúncia de Zambelli e diz que Câmara já deveria ter declarado perda do mandato

A decisão da deputada ocorre após o STF ter determinado a perda automática de seu mandato

       Lindbergh Farias (Foto: Bruno Spada / Câmara dos Deputados)

 A renúncia da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) ao mandato, formalizada no domingo (14), reacendeu críticas à condução do caso pela Câmara dos Deputados e intensificou a pressão pelo cumprimento imediato das decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Em uma postagem dura, o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) afirmou que a Casa perdeu a “última oportunidade digna” de se alinhar à Constituição.

“A Câmara perde sua última oportunidade digna de se alinhar à Constituição. Carla Zambelli anunciou renúncia, mas ninguém pode renunciar a um mandato que já não existe”, declarou Lindbergh. Segundo ele, a Constituição é clara ao estabelecer a incompatibilidade entre o exercício do mandato parlamentar e condenações criminais com pena privativa de liberdade superior a determinados limites.

De acordo com o parlamentar, os dispositivos constitucionais não deixam margem para interpretação política. “A Constituição é inequívoca no sentido de que é incompatível o exercício do mandato com pena privativa de liberdade por mais de 120 dias (art. 55, III), condenação criminal transitada em julgado (art. 55, VI) e pena superior a 4 anos com suspensão dos direitos políticos (art. 15, art. 55, IV). Nessas hipóteses, a perda do mandato é automática (art. 55, parágrafo 3°.), o que deveria ter sido feito há meses, mas foi retardada até o presente momento”, afirmou.

A renúncia de Zambelli foi comunicada oficialmente à Secretaria-Geral da Mesa da Câmara, que confirmou o encerramento de sua atuação parlamentar. Com a vacância do cargo, assume a cadeira o suplente do Partido Liberal em São Paulo mais votado nas últimas eleições, Adilson Barroso. As informações foram divulgadas inicialmente pelo Brasil 247.

A decisão da deputada ocorre após o STF ter determinado a perda automática de seu mandato. O entendimento foi firmado em julgamento no plenário virtual da Corte, com votos dos ministros Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia, que acolheram os argumentos da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Segundo a PGR, Carla Zambelli atuou em parceria com o hacker Walter Delgatti Neto para inserir documentos falsos na base de dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), incluindo um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. Para o STF, a condenação criminal transitada em julgado impunha a perda imediata do mandato.

Apesar da decisão da Corte, a Câmara dos Deputados rejeitou o pedido de cassação baseado no julgamento do STF, o que gerou críticas de parlamentares e juristas. Para Lindbergh Farias, a tentativa de preservar o mandato foi uma manobra política fracassada.

“A tentativa de preservar o mandato pela Câmara foi uma manobra fracassada. O Mandado de Segurança, a decisão do ministro Alexandre de Moraes e a unanimidade do STF deixaram claro que não há espaço para voto político, barganha ou corporativismo. À Mesa cabe apenas declarar a perda do mandato, em ato administrativo vinculado”, afirmou o deputado.

Fonte: Brasil 247

Haddad confirma saída da Fazenda no início de 2026 e resiste a disputar eleição

Ministro diz que deixará o cargo antes de março para ajudar Lula, mas mantém cautela sobre candidatura em 2026

Brasília (DF) - 20/08/2025 - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que pretende deixar o comando da pasta no começo de 2026, indicando que a saída deve ocorrer antes do prazo legal de desincompatibilização eleitoral. A declaração foi feita durante participação na inauguração do SBT News, em São Paulo, na última sexta-feira (12), quando o ministro comentou o calendário político do próximo ano.

Ao falar sobre o momento da saída, Haddad foi direto e disse: "Deve ser um pouco antes de março". Em tom descontraído, ainda cantou um trecho de uma marchinha popular para ilustrar a proximidade do prazo: "ai, ai, ai, ai, tá chegando a hora…".

As informações foram divulgadas inicialmente na coluna Painel, da Folha de São Paulo. Em entrevista concedida anteriormente ao jornal O Globo, Haddad já havia sinalizado que sua eventual saída do ministério estaria ligada à estratégia eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com a possibilidade de atuar na coordenação da campanha de reeleição ou na elaboração do programa de governo.

Apesar da pressão interna no Partido dos Trabalhadores, Haddad tem resistido à ideia de disputar cargos eletivos em 2026, seja o governo do estado de São Paulo ou uma vaga no Senado. Segundo relatos, a resistência permanece, mas o ministro poderia reconsiderar a decisão caso haja um apelo direto do presidente Lula.

Caso venha a disputar a eleição, Haddad precisará se afastar formalmente do cargo até o início de abril, conforme exige a legislação eleitoral. Nos bastidores do Ministério da Fazenda, o nome mais citado para assumir a pasta em sua eventual saída é o do atual secretário-executivo, Dario Durigan, que desponta como favorito para a sucessão.

Fonte: Brasil 247 com informações da coluna Painel da Folha de S. Paulo

O que levou Zambelli à renúncia antes do desfecho no STF

Carla Zambelli. Foto: Divulgação

O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante, comentou neste domingo (14), a renúncia de Carla Zambelli ao mandato parlamentar. Em publicação nas redes sociais, ele afirmou que a decisão foi tomada como parte de uma estratégia jurídica diante das decisões recentes do Supremo Tribunal Federal.

Segundo o deputado, a renúncia ocorreu antes da conclusão do processo de cassação e teria como objetivo preservar direitos da agora ex-deputada. “Foi uma decisão estratégica diante de uma decisão vergonhosa do STF, que ignorou o devido processo legal e avançou sobre as garantias constitucionais básicas”, declarou Sóstenes.

Na avaliação do líder do PL, a saída antecipada do mandato amplia as possibilidades de defesa de Zambelli. De acordo com ele, a medida evita consequências mais severas decorrentes de um julgamento que classificou como “claramente politizado”.

Sóstenes afirmou ainda que, com a renúncia, Zambelli passa a ter mais espaço jurídico para atuar fora do país. Segundo o deputado, a decisão garante à ex-parlamentar “margem jurídica para buscar liberdade e permanecer na Itália”.

O líder do PL também rejeitou a interpretação de que a atitude represente fuga. “É cálculo jurídico em um ambiente de exceção. Quando a Corte perde a imparcialidade, a estratégica passa a ser a única forma de proteção contra o arbítrio”, afirmou.

O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante. Foto: Divulgação
A renúncia foi confirmada oficialmente pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, também neste domingo. A decisão de Zambelli ocorreu após determinação do STF para que o suplente assumisse a vaga no prazo de 48 horas.

Em nota, a Câmara informou que a deputada comunicou formalmente a renúncia à Secretaria-Geral da Mesa Diretora. “Em decorrência disso, o presidente da Câmara dos Deputados determinou a convocação do suplente, deputado Adilson Barroso (PL-SP), para tomar posse”, informou a Casa.

Zambelli está fora do país desde que foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal e teve o mandato questionado pela Corte. A situação levou à aceleração dos trâmites na Câmara e à convocação imediata do suplente após a formalização da renúncia.

Com a saída definitiva de Zambelli, Adilson Barroso, primeiro suplente do PL em São Paulo, passa a ocupar a cadeira na Câmara dos Deputados, encerrando o impasse institucional em torno do mandato da ex-parlamentar.

Fonte: DCM