quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Inflação sob controle impulsiona expectativa de cortes de juros maiores em 2026


Queda no atacado, puxada por produtos agropecuários, reforça cenário de estabilidade e projeta redução mais acentuada da Selic no próximo ano

     Supermercado. Foto: Divulgação

A desaceleração dos preços no atacado em outubro trouxe novo fôlego às projeções econômicas e fortaleceu a percepção de que a inflação deve seguir controlada nos próximos meses. Segundo dados divulgados pelo FGV Ibre, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) — principal componente do IGP-M — apresentou queda expressiva, puxada por alimentos e commodities agrícolas.

De acordo com reportagem do jornal O Globo, a redução do IPA contribuiu decisivamente para o recuo de 0,36% do IGP-M no mês, número que superou as expectativas de mercado, estimadas em -0,18% segundo o Valor Data. O indicador, considerado um termômetro antecipado da inflação ao consumidor, reforça as perspectivas de estabilidade de preços e amplia o espaço para cortes mais profundos na taxa de juros em 2026.

O economista André Braz, coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, destaca que o comportamento recente da inflação vem ancorando as expectativas dos agentes econômicos. “A gente está acompanhando o Boletim Focus toda segunda-feira, vendo a projeção para a inflação de 2025 e para os anos à frente se reduzindo. Esse é um sinal de maior ancoragem das expectativas”, afirmou.

Para Braz, a confiança na política monetária abre caminho para uma trajetória mais favorável dos juros no próximo ano. “Os agentes econômicos agora estão botando fé na política monetária em diferentes horizontes temporais. Isso abre um espaço para, quem sabe, redução de juros com mais segurança no início de 2026. E, a depender do comportamento da inflação no começo do ano que vem, esse corte pode ser até mais profundo ao longo do ano do que se imagina hoje”, explicou.

O economista projeta que a taxa básica de juros, atualmente em 12,25%, possa encerrar 2026 em patamar mais baixo. “A hipótese atual é de o juro fechar ano que vem entre 11,75% e 12%, mas pode fechar até em patamar menor, dependendo de como a inflação vai se apresentar”, afirmou.

◈ Pressões inflacionárias cedem no atacado

Os dados do FGV Ibre mostram que a desaceleração do IGP-M reflete uma perda de força das pressões inflacionárias em setores relevantes, especialmente na produção agropecuária e de bens duráveis. “O IGP-M é um bom termômetro. Ele aponta que não vêm tantos desafios para o IPCA na parte de alimentação e bens duráveis, que é exatamente onde o IPA está medindo. Não tem desafio à vista pelos resultados do indicador nos últimos meses”, observou Braz.

Ele ponderou, no entanto, que o índice não capta o comportamento dos serviços e dos preços administrados — componentes que ainda pressionam o IPCA. “Vale lembrar que o IPA não mede serviços e preços administrados, que são grupos que estão pressionando o IPCA, apesar de já demonstrarem uma trajetória mais benigna”, completou.

◈ Detalhes do indicador

O IGP-M acumula queda de 1,30% no ano e alta de 0,92% nos últimos 12 meses, revertendo o cenário de 2024, quando havia registrado alta de 1,52% em outubro e acumulava elevação de 5,59% em 12 meses. Dentro do índice, o IPC — que reflete os preços ao consumidor — avançou 0,16% em outubro, abaixo da alta de 0,25% registrada em setembro. Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) manteve estabilidade, com variação de 0,21% no mês.

Produtos com maiores quedas no IPA de outubro

  • Leite in natura: -8,14%

  • Café (em grão): -4,45%

  • Farelo de soja: -2,90%

  • Soja (em grão): -1,70%

  • Bovinos: -1,36%
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário