Influenciador investigado pela Polícia Civil diz que firmou contratos de publicidade, mas não teve envolvimento direto com casas clandestinas
Durante audiência na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, nesta quarta-feira (14), o influenciador Rico Melquiades declarou não ter tido “envolvimento direto” com casas de apostas consideradas irregulares, informa o g1. Embora tenha reconhecido a existência de contratos publicitários com essas plataformas, ele negou qualquer relação mais próxima com as empresas investigadas.
“Gostaria de agradecer a chance de estar aqui hoje e me explicar à CPI. Fui chamado pela Operação Game Over 2, que está investigando influenciadores. Desde já, preciso deixar claro que tudo que corre nesta investigação tramita sob sigilo judicial. Isso não tem nada a ver com a falta de vontade de colaborar ou esconder informações desta comissão. É uma questão legal. Nunca tive envolvimento direto com as empresas, além dos contratos de publicidade”, declarou Melquiades à comissão.
O influenciador digital, que soma mais de dez milhões de seguidores nas redes sociais, se apresenta como embaixador de uma casa de apostas que opera no Brasil sob força de uma liminar, mas que não possui autorização do Ministério da Fazenda. Ele compareceu ao Senado como testemunha, tendo chegado ao local por volta das 10h30; seu depoimento teve início às 11h55.
Investigação e operação da Polícia Civil de Alagoas - A Polícia Civil de Alagoas investiga a possível atuação de Rico Melquiades como incentivador de apostas ilegais junto ao seu público. Em janeiro deste ano, ele foi alvo da Operação Game Over 2, quando teve bens apreendidos e contas bloqueadas. A CPI busca esclarecer se os influenciadores digitais recebiam bônus com base nas perdas dos apostadores, uma prática apelidada nos bastidores como “cláusula da desgraça alheia”.
No dia anterior ao depoimento de Melquiades, a influenciadora Virginia Fonseca também prestou esclarecimentos ao colegiado. Ela negou a existência dessa cláusula específica, mas admitiu ter recebido um bônus contratual vinculado ao desempenho financeiro da casa de apostas.
Direito ao silêncio e proteção judicial - Assim como Virginia, Rico Melquiades estava amparado por uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe garantiu o direito ao silêncio em casos que pudessem levá-lo à autoincriminação. A prerrogativa é comum em situações nas quais a pessoa ouvida ainda é alvo de apuração judicial.
Objetivos da CPI das Bets e prazo para conclusão - Instalada no Senado, a CPI das Bets tem como foco a investigação da atuação de influenciadores digitais no estímulo a jogos de azar online — especialmente os que operam de forma clandestina. A relatora da comissão, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), considera os depoimentos das figuras públicas “essenciais” para compreender a estratégia de comunicação utilizada pelas casas de apostas para atrair jogadores.
Além das questões legais, a comissão também discute eventuais conflitos éticos e a necessidade de uma regulamentação mais rígida sobre a publicidade desse tipo de serviço em redes sociais. A CPI tem até o mês de junho para concluir seus trabalhos e apresentar um relatório final.
Fonte: Brasil 247
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