Ex-ministro avalia candidatura a deputado federal em 2026 e intensifica articulações no estado de São Paulo com respaldo da direção petista
Vinte anos após ter o mandato de deputado federal cassado no escândalo do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu prepara seu retorno à política institucional. Segundo informou o jornal O Globo, ele avalia disputar uma vaga na Câmara dos Deputados nas eleições de 2026. A iniciativa conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e é vista por aliados como uma reafirmação de seu vínculo histórico com o Partido dos Trabalhadores (PT), que ajudou a fundar.
Embora a candidatura ainda não tenha sido anunciada oficialmente, Dirceu já se movimenta em eventos públicos e reuniões com militantes, buscando fortalecer as bases do partido no estado de São Paulo. A possível volta ao Congresso é considerada legítima por petistas e ocorre num contexto em que o ex-ministro está plenamente apto, do ponto de vista jurídico, a disputar eleições — conforme prevê a Lei da Ficha Limpa.
Deputado federal entre 1999 e 2005, Dirceu mantém interlocução constante com lideranças do PT e recebeu de Lula, em reunião interna sobre a sucessão de Gleisi Hoffmann na presidência do partido, um sinal claro de respaldo à sua eventual candidatura. O presidente também pediu que ele apoiasse o nome de Edinho Silva, atual prefeito de Araraquara (SP), para o comando nacional da legenda.
A movimentação de Dirceu ocorre paralelamente a outras pré-candidaturas já colocadas no PT paulista, como a de Rui Falcão, ex-presidente nacional da sigla. Falcão, no entanto, rejeita qualquer ideia de disputa interna e destaca o direito de Dirceu de concorrer. “Ele tem o direito de ir às urnas”, afirmou o deputado, minimizando qualquer desconforto entre correligionários.
Na bancada do partido em São Paulo, há parlamentares com perfis eleitorais diversos. Enquanto nomes como Alencar Santana (Guarulhos), Luiz Marinho (ministro do Trabalho) e Kiko Celeguim (ex-prefeito de Franco da Rocha) têm votos mais concentrados em suas regiões, Dirceu, Rui Falcão e Arlindo Chinaglia têm atuação mais difusa no território paulista. Ainda assim, lideranças avaliam que há espaço político para que diferentes candidaturas coexistam, reforçando o projeto nacional do partido.
Durante a comemoração de seu aniversário de 79 anos, em março, ao lado de militantes do MST, Dirceu confirmou que Lula o estimulou a considerar uma nova candidatura. Segundo relatos de presentes, o ex-ministro afirmou que iria refletir com seriedade sobre o pedido. Outra possibilidade ventilada nos bastidores seria uma candidatura ao Senado, embora essa hipótese seja considerada mais arriscada, já que o PT não elege um senador por São Paulo desde 2010, com Marta Suplicy.
Enquanto não toma uma decisão definitiva, Dirceu vem participando ativamente de encontros políticos e debates públicos. Em abril, durante um evento promovido pelo grupo Prerrogativas na PUC-SP, em referência aos 61 anos do golpe militar, ele fez um alerta à esquerda: “A direita sabe o que quer, nós não”.
O deputado estadual Mário Maurici, que se reuniu com Dirceu em março, relatou que o ex-ministro está atento à necessidade de reorganizar as bases partidárias, especialmente no interior paulista. Dirceu tem expressado preocupação com o avanço de grupos conservadores, como igrejas evangélicas e entidades como o Rotary Club, e a dificuldade da esquerda em construir redes de mobilização de mesma envergadura.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário