terça-feira, 6 de maio de 2025

Gleisi recebe líder do PL na Câmara e abre diálogo com a oposição

Ministra recebe demandas de Sóstenes Cavalcante sobre emendas impositivas atrasadas

      Gleisi Hoffmann (Foto: Gil Ferreira/Ascom-SRI)

Em uma tentativa de ampliar pontes com a oposição e reduzir tensões no Congresso, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), recebeu em sua residência, em Brasília, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder da bancada do PL na Câmara dos Deputados e figura próxima a Jair Bolsonaro (PL).

Segundo o jornal O Globo, "o deputado inicialmente se negou a ir até o Palácio do Planalto, com receio de uma possível repercussão negativa". Sóstenes, então, topou comparecer ao encontro em ambiente privado. Gleisi, que assumiu recentemente a Secretaria de Relações Institucionais com a missão de restabelecer canais com o Congresso, busca iniciar uma nova fase de diálogo com todas as forças políticas, inclusive com o partido de Bolsonaro.

Articulação política e tensão com a base - A movimentação da ministra ocorre em meio a um cenário de atrito entre o governo e partidos aliados. Um dos sinais mais evidentes foi a recusa do líder do União Brasil, Pedro Lucas Fernandes (MA), ao convite para assumir o Ministério das Comunicações, evidenciando dificuldades na formação e manutenção da base.

Nesse contexto, Gleisi tem investido em conversas com lideranças de diferentes matizes ideológicas, tentando construir consensos que evitem novos desgastes. A iniciativa de receber Sóstenes Cavalcante se insere nesta estratégia mais ampla. O líder do PL, por sua vez, é o principal articulador da proposta de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 — uma pauta que dividiu o Congresso e gerou inquietação no Executivo.

Apesar da relevância do tema, tanto Gleisi quanto Sóstenes afirmaram que a proposta de anistia não foi discutida na reunião. Segundo assessores da ministra, o encontro concentrou-se em temas orçamentários e institucionais.

Cobrança por emendas e sinalização de diálogo - Durante a conversa, Sóstenes fez cobranças diretas sobre o atraso no pagamento das emendas impositivas da bancada do PL, que, segundo ele, permanecem pendentes desde 2023. O deputado relatou que a ministra se comprometeu a destravar os repasses e acompanhar pessoalmente o cronograma, o que passou a ser monitorado por lideranças do partido.

O encontro teve tom amistoso. Segundo Sóstenes, Gleisi se colocou "à disposição". "O deputado afirma que dará 'o benefício da dúvida' à nova ministra, mas pondera que esse prazo não durará muitos meses", diz a reportagem.

Entre parlamentares da oposição, há expectativa de que Gleisi consiga resultados mais concretos do que seu antecessor, Alexandre Padilha (PT), cuja gestão foi marcada por um corte de relações com o então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Relações pessoais e tentativa de ‘caminho do meio’ - Embora lidere o maior partido da oposição, Sóstenes tem uma relação cordial com Lindbergh Farias (PT-RJ), líder da bancada petista e que também esteve presente no encontro. Ambos participaram juntos do movimento dos “caras-pintadas” durante o processo de impeachment de Fernando Collor, em 1992.

Nos bastidores, parte do governo avalia que houve erro de cálculo ao evitar o diálogo com líderes da oposição em temas sensíveis, como a anistia aos golpistas de 8 de janeiro. A falta de articulação teria permitido que a proposta ganhasse corpo sem contrapesos. Diante desse diagnóstico, ganha força a ideia de buscar um “caminho do meio”, com apoio de figuras como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que tenta construir um texto alternativo à proposta liderada por Sóstenes.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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