segunda-feira, 10 de novembro de 2025

PL antifacção de Derrite "banaliza o terrorismo", diz Sarrubbo

Secretário nacional de Segurança Pública diz que substitutivo de Derrite banaliza o terrorismo e ameaça o sistema penal

       Mário Sarrubbo (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

O secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, criticou com veemência o parecer apresentado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP) sobre o projeto de lei antifacção. Em entrevista ao programa Em Ponto, da GloboNews, de acordo com o g1, Sarrubbo afirmou que o texto “banaliza o terrorismo” e pode “desestabilizar todo o sistema penal e processual brasileiro”.

O parecer de Derrite altera o projeto original do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que criava uma nova figura penal para enquadrar as facções criminosas. No substitutivo, parte dessas condutas passa a ser incluída na Lei Antiterrorismo, o que amplia penas e muda a essência da proposta.

◈ Críticas à ampliação da Lei Antiterrorismo

Sarrubbo argumentou que o texto do deputado distorce o conceito internacional de terrorism. “Eles recuaram na ideia de transformar as facções em terroristas, mas equipararam as ações, quase banalizando o terrorismo. Terrorismo, em qualquer país do mundo, é exceção para circunstâncias específicas, não para qualquer atividade criminosa.”

O secretário afirmou que o substitutivo foi produzido “às pressas”, menos de três horas após Derrite ser designado relator, e que o documento “quebra toda a sistematização da legislação penal brasileira”. Segundo ele, o texto se limita a grandes facções e ignora outros grupos que também ameaçam a segurança. “Teremos dificuldade para investigar facções que aplicam golpes cibernéticos e de Pix. O relatório olha apenas para as grandes organizações e ignora as demais”, destacou.

◈ Retrocesso no combate financeiro ao crime

Entre as críticas, Sarrubbo destacou a retirada do dispositivo que previa o perdimento civil de bens — ferramenta usada em países da Europa e da América Latina. “Esse instrumento é essencial para evitar que helicópteros, barcos e propriedades retornem aos criminosos mesmo após a anulação de processos. Sua exclusão representa um retrocesso”, afirmou.

O secretário também observou que o substitutivo não diferencia líderes e membros de base das facções, o que, segundo ele, “enfraquece o foco no comando financeiro dessas organizações”. “É um projeto que olha para o andar de baixo e não para o andar de cima. Precisamos atacar o comando, o dinheiro, a estrutura que sustenta essas organizações”, acrescentou Sarrubbo, de acordo com a reportagem.

◈ Texto original foi construído com especialistas

O projeto do governo, enviado ao Congresso no fim de outubro, previa a criação da figura da “facção criminosa”, com penas de oito a quinze anos de prisão. A proposta também autorizava infiltração de agentes, bloqueio de bens, rastreamento financeiro e afastamento de servidores públicos ligados a facções.

Sarrubbo destacou que o texto foi elaborado ao longo de mais de um ano pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, com a colaboração do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), do Ministério Público, de especialistas e de representantes da sociedade civil. “Foi um texto amplamente debatido e trabalhado com técnicos e forças de segurança de todo o país. O que apareceu agora é um substitutivo que não dialoga com essa construção”, afirmou.

Fonte: Brasil 247 com informações do G1

Pablo Marçal perde processo contra sobrinho de Dilma e leva bronca de juíza

Empresário processou Pedro Rousseff após ser acusado de espalhar fake news sobre as enchentes no RS

      Pablo Marçal (Foto: Reprodução )

A Justiça de São Paulo decidiu contra Pablo Marçal em uma ação movida por ele contra Pedro Rousseff, sobrinho da ex-presidente Dilma Rousseff. O coach alegava ter sido difamado após Rousseff afirmar que ele disseminou fake news sobre as enchentes no Rio Grande do Sul, em 2024. Segundo a coluna de Fábia Oliveira, do Metrópoles, a juíza responsável pelo caso rejeitou os argumentos de Marçal e ainda fez duras observações sobre sua conduta durante o processo.

⊛ O motivo do processo

Pablo Marçal decidiu acionar judicialmente Pedro Rousseff após ter sido acusado publicamente de espalhar informações falsas. Na época, Marçal declarou que as autoridades estavam bloqueando caminhões com doações destinadas às vítimas da tragédia climática no Rio Grande do Sul, o que foi desmentido por órgãos oficiais e pela imprensa.

Rousseff reagiu nas redes sociais, chamando o coach de “malandro que usava uma tragédia para enganar as pessoas” e mencionando que ele já havia sido “condenado por roubar banco”.

⊛ Juíza defende direito de crítica

Na sentença, a magistrada afirmou que Pedro Rousseff apenas exerceu seu direito constitucional de manifestação e crítica. Segundo ela, as declarações foram baseadas em fatos amplamente divulgados e não configuraram difamação.

A juíza observou ainda que Marçal não negou expressamente as afirmações de Rousseff sobre uma condenação anterior. “Uma simples busca no Google é suficiente para indicar diversas reportagens que abordam uma condenação de Marçal por furto qualificado e organização criminosa. Isso é um fato verídico”, destacou.

⊛ Comparação e reprimenda

Em tom severo, a magistrada comparou a postura de Marçal à que ele próprio adotou ao acusar o apresentador José Luiz Datena de responder a um processo de assédio sexual durante a corrida eleitoral em São Paulo.

De acordo com a juíza da 1ª Vara Cível do III Foro Regional de Jabaquara, os fatos devem ser interpretados dentro do contexto político polarizado, marcado por pré-candidaturas e disputas públicas acirradas. Ela ressaltou que figuras públicas estão mais expostas a críticas e que o direito à liberdade de expressão é essencial nesse tipo de debate.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

Boulos acusa governadores bolsonaristas de fazer “demagogia com sangue” em debate sobre segurança pública

Ministro da Secretaria-Geral diz que estados criminalizam comunidades e defende PEC da Segurança e PL Antifacção como resposta estruturada do governo

Brasília (DF), 29/10/2025 - O novo o Secretário-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, fala durante cerimônia de posse, realizada no Palácio do Planalto. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência e deputado federal licenciado, Guilherme Boulos (PSOL-SP), afirmou neste sábado (8), em São Paulo, que governadores alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro estão adotando uma política de segurança baseada na criminalização indiscriminada das populações mais vulneráveis. A declaração foi feita durante o lançamento do projeto Governo na Rua, e as informações foram publicadas originalmente pelo Estadão Conteúdo, com repercussão da CNN Brasil.

Segundo Boulos, a postura dos governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é marcada por excessos e por uma retórica voltada para ganhos políticos. Ele acusou essas lideranças de utilizarem a violência urbana como instrumento de agenda pública. “Governadores bolsonaristas preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido”, afirmou.

O ministro fez as declarações no Morro da Lua, na região do Campo Limpo, zona sul de São Paulo, onde apresentou o Governo na Rua — iniciativa que busca aproximar o Executivo federal de comunidades periféricas, ouvir demandas locais e levá-las ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos também rebateu críticas dos governos estaduais sobre a condução das políticas de segurança, afirmando que o tema é histórico, mas que a atual gestão federal deu início a mudanças estruturantes. Ele destacou que Lula propôs a PEC da Segurança Pública e o projeto de lei Antifacção, ambos voltados a ampliar a coordenação nacional no combate ao crime organizado. Para o ministro, essas medidas permitirão uma atuação mais robusta da União no enfrentamento às organizações criminosas.

Em sua fala, Boulos enfatizou que políticas policiais devem priorizar o enfrentamento a grandes estruturas criminosas, e não operações que recaem principalmente sobre moradores de periferias. Ele citou como exemplo ações recentes da Polícia Federal. “A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela”, declarou.

O ministro ainda criticou o que chamou de uso político de tragédias e operações policiais de alto impacto midiático, defendendo que políticas de segurança pública devem ser guiadas por inteligência, integração de forças e investimentos contínuos — e não por disputas ideológicas entre governos estaduais e o Planalto.

As propostas mencionadas por Boulos seguem em tramitação no Congresso Nacional e fazem parte do esforço do governo federal em consolidar uma estratégia nacional contra o crime organizado.

Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil

STF julga nesta semana se Moro foi parcial contra Sérgio Cabral na Lava Jato

Relator, Fachin votou por negar o pedido de Cabral. Julgamento foi interrompido por pedido de vista de Toffoli e volta à pauta

    Sergio Moro (Foto: Geraldo Magela / Agência Senado)

Por Sérgio Rodas, Conjur - A 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal julgará, na sessão virtual que vai até o dia 14, se o ex-juiz Sergio Moro foi parcial ao condenar o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral em ação da finada “lava jato”.

O relator do caso, ministro Edson Fachin, votou por negar o pedido de Cabral e o julgamento foi interrompido por pedido de vista do ministro Dias Toffoli em junho. O magistrado devolveu a vista e, assim, o caso foi incluído na pauta virtual.

A defesa do ex-governador sustenta que as gravações que vieram a público por meio da “vaza jato”, em material que foi compartilhado com diversos réus da “lava jato”, demonstraram a parcialidade de Moro na condução dos processos. Com base nesse entendimento, o juiz Eduardo Appio, enquanto chefiou a 13ª Vara Federal de Curitiba, anulou todos os atos praticados por Moro contra Cabral.

A decisão de Appio foi derrubada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região nos autos de correição contra o ex-titular da 13ª Vara Federal. Com base nisso, Eduardo Appio revogou o provimento anterior. No entanto, Toffoli declarou nula a exceção de suspeição que levou ao afastamento de Appio. Assim, a defesa pediu o restabelecimento da decisão que reconhecia a parcialidade de Moro.

O desembargador Loraci Flores de Lima, do TRF-4, negou a suspeição do ex-juiz. O magistrado apontou que a anulação da decisão de Appio não teve a ver com a exceção de suspeição do ex-titular da 13ª Vara.

“Diferente do que alega a defesa, o fundamento da decisão deste Tribunal que determinou a suspensão dos efeitos do decisum de primeiro grau foi o julgamento das anteriores correições parciais, não atingidas pela posterior anulação do acórdão da exceção de suspeição pelo Supremo Tribunal Federal.”

O desembargador também afirmou que a jurisdição de primeira e de segunda instâncias já se encontra exaurida para questões de mérito, pois o tema foi analisado, inclusive, pela 8ª Turma do TRF-4 em 2018.

Outras suspeições de Moro

O Judiciário reconheceu a falta de imparcialidade de Sergio Moro em diversas ocasiões. Na mais importante delas, a 2ª Turma do STF declarou, em 2021, a suspeição do ex-juiz para julgar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do tríplex do Guarujá (SP) (HC 164.493). A decisão foi posteriormente confirmada pelo Plenário da corte.

Depois, o ministro Gilmar Mendes, do STF, estendeu a suspeição de Moro às ações contra o petista nos casos do sítio de Atibaia e do Instituto Lula, anulando todos os atos praticados pelo ex-juiz nos processos, inclusive a condenação que acabou por tirar Lula das eleições de 2018.

O Supremo também declarou a incompetência da 13ª Vara Federal de Curitiba para processar e julgar quatro processos contra Lula. Os ministros entenderam que os crimes atribuídos ao atual presidente pelo Ministério Público Federal do Paraná não tinham conexão com a Petrobras e, por isso, não deveriam ficar no Paraná.

Com as decisões, as condenações de Lula nos casos do tríplex e do sítio foram anuladas. O petista recuperou todos os seus direitos políticos, tornando-se novamente elegível. Com isso, ele foi eleito presidente no pleito de 2022.

Fonte: Brasil 247 com informações do Conjur

‘Guerra da Papuda’ expõe disputa entre Moraes, Ibaneis e Damares sobre destino de Bolsonaro

O estopim da crise foi a visita de uma chefe de gabinete de Moraes à Papuda

Jair Bolsonaro, escurecido na foto - 30/07/2021 (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A possibilidade de Jair Bolsonaro iniciar o cumprimento da pena de 27 anos e três meses no Complexo Penitenciário da Papuda desencadeou uma série de embates institucionais e políticos no Distrito Federal. A movimentação envolve o gabinete do ministro Alexandre de Moraes, o governo de Ibaneis Rocha (MDB), a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e o deputado distrital Fábio Felix (PSOL). As informações foram publicadas originalmente por O Globo, que detalhou a escalada de tensões nas últimas semanas.

O estopim da crise foi a visita de uma chefe de gabinete de Moraes à Papuda, no mês passado, revelada pelo portal Metrópoles. A inspeção alimentou especulações de que o ministro estaria preparando o envio de Bolsonaro ao presídio antes de autorizar eventual pedido de prisão domiciliar por questões de saúde. Aliados do ex-presidente interpretaram o cenário como um gesto de “humilhação pública” e começaram a atuar em diversas frentes para tentar evitar a transferência.

Do lado do governo do Distrito Federal, o secretário de Administração Penitenciária, Wenderson Souza e Teles, enviou um ofício ao gabinete de Moraes solicitando que Bolsonaro fosse submetido a avaliação médica especializada. O objetivo seria verificar se o “quadro clínico complexo” do ex-presidente seria compatível com a assistência disponível no sistema prisional do DF. Segundo interlocutores do bolsonarismo, um eventual agravamento de saúde dentro da Papuda poderia gerar forte desgaste político para Ibaneis Rocha, que pretende disputar o Senado com apoio da direita.

A resposta de Moraes veio de forma breve e direta: o ministro negou o pedido, classificando-o como “inoportuno”.

Após a negativa, a senadora Damares Alves intensificou sua ação política. Ela enviou à Secretaria de Administração Penitenciária um pedido para visitar as instalações da Papuda — sem o objetivo de encontrar réus do 8 de Janeiro, o que afastaria a necessidade de aval de Moraes. No documento, ressaltou que Bolsonaro “apresenta quadro clínico complexo, decorrente das sequelas do atentado sofrido em 2018”, e citou múltiplas cirurgias, episódios de obstrução intestinal e crises recorrentes de refluxo, gastrite e vômitos.

Damares também mencionou relatório do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, que apontou superlotação superior a 230%, perda acentuada de peso entre internos e falhas estruturais no atendimento de saúde e jurídico na Papuda.

A disputa ganhou novos contornos quando o deputado distrital Fábio Felix, uma das principais vozes da esquerda no DF, decidiu reagir ao que classificou como tratamento privilegiado ao ex-presidente. Ele enviou ofício ao governo Ibaneis solicitando que todos os 27 mil presos do sistema penitenciário da capital passem por avaliação médica semelhante à defendida para Bolsonaro. “Essa seletividade do governador entra em choque com princípios que regem o Estado democrático de direito, como o da impessoalidade e o tratamento isonômico”, afirmou Felix ao blog. “O próprio governo Ibaneis tenta beneficiar Bolsonaro para que ele não seja transferido para a Papuda.”

Enquanto isso, aliados do ex-presidente reforçam o argumento de que sua presença na Papuda poderia desencadear instabilidade no presídio. Segundo um interlocutor, “Ele também gera enorme instabilidade no sistema prisional. Toda a segurança deve ser reforçada para evitar rebelião, que seria provável”.

O governo do DF informou que está “adotando as tratativas necessárias” para viabilizar a visita solicitada por Damares. Sobre o pedido de Felix, a secretaria afirmou que ainda analisa a viabilidade das medidas.

A disputa ocorre em meio ao julgamento virtual dos embargos de declaração apresentados pela defesa de Bolsonaro contra a condenação por tentativa de golpe de Estado, imposta pela Primeira Turma do STF. A decisão sobre onde o ex-presidente cumprirá o início da pena — e por quanto tempo — tornou-se um novo campo de batalha entre seus aliados, adversários e autoridades responsáveis pela execução penal.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo


COP30 começa hoje em Belém com Lula e líderes mundiais discutindo o futuro do planeta

   Lula com líderes globais na COP30. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil


A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) começa oficialmente nesta segunda-feira (10), em Belém, no Pará, consolidando o Brasil como o centro do debate climático global. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa da abertura do evento, que reúne mais de 50 mil participantes entre líderes mundiais, diplomatas, cientistas, ambientalistas, empresários e povos indígenas.

Esta é a primeira vez que uma conferência do clima acontece na Amazônia — e o país anfitrião chega à mesa de negociações com a missão de transformar promessas em ações concretas.

A COP30 ocorre em um momento crítico para o planeta. Segundo o observatório europeu Copernicus, outubro de 2025 foi o terceiro mais quente já registrado, com média global de 15,14 °C — 1,55 °C acima do nível pré-industrial. Com eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes, como tornados no Brasil e secas severas na África, o encontro em Belém busca soluções reais para reduzir emissões e financiar a adaptação de países vulneráveis.

A conferência será guiada por três grandes eixos: transição energética, adaptação climática e financiamento sustentável. O Brasil quer liderar o chamado “mapa do caminho” da transição energética, um plano que estabeleça metas e prazos concretos para substituir o uso de combustíveis fósseis por fontes limpas.

“Estamos à beira de pontos de inflexão climáticos e da potencial perda da Amazônia, então esta COP precisa promover a mudança urgente necessária. Não há segunda chance”, afirmou Carolina Pasquali, diretora executiva do Greenpeace Brasil.

Funcionários da COP30. Foto: AP Photo/Fernando Llano
Outro ponto central é o Objetivo Global de Adaptação (GGA), instrumento que pretende medir a capacidade dos países de se preparar para os impactos do clima. Já no campo das finanças, os países em desenvolvimento cobram recursos compatíveis com a escala da crise.

O plano “Roteiro de Baku a Belém” prevê mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano até 2035, combinando doações, empréstimos a juros baixos e mecanismos de crédito verde. “É fundamental que a ambição não se limite às ações de mitigação, ela também deve envolver a entrega efetiva de recursos”, destacou o pesquisador Vaibhav Chaturvedi, do Council on Energy, Environment and Water (CEEW).

Um dos principais anúncios desta edição é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), criado pelo Brasil para financiar a preservação de mais de 1 bilhão de hectares de florestas tropicais em 70 países. O fundo já nasce com US$ 5,5 bilhões em aportes de países como Noruega, Indonésia e França, além de US$ 1 bilhão do governo brasileiro.

“A diferença entre o que é pago ao investidor e o que é cobrado do tomador vai financiar o pagamento dos serviços ambientais”, explicou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista ao G1. O Banco Mundial administrará o fundo até a criação de uma estrutura permanente.

O TFFF proíbe investimentos em atividades com impacto ambiental negativo e destina 20% dos recursos a povos indígenas e comunidades tradicionais. O modelo é considerado um marco da política climática brasileira e deve inspirar novos mecanismos de cooperação internacional.

“Estamos trocando a lógica da doação pela do investimento”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ao destacar que o Brasil quer ser o exemplo de que é possível crescer preservando.

Na visão do governo Lula, a COP30 é também uma oportunidade para reafirmar o protagonismo brasileiro. O Planalto aposta no Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis (Belém 4X), que pretende quadruplicar o uso global de combustíveis limpos até 2035, com acompanhamento da Agência Internacional de Energia (AIE). A proposta busca incluir hidrogênio verde, biocombustíveis e biogás como alternativas reais à dependência do petróleo.
Flotilha indígena em manifestação na chegada à Belém. Foto: Adriano Machado/Reuters
O evento ainda será um teste diplomático para o Brasil, que tenta se firmar como mediador entre o Norte e o Sul Global. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, será o responsável por conduzir as negociações entre mais de 190 países e buscar consenso sobre metas e prazos. Ao seu lado, a diretora Ana Toni coordena a organização e o cronograma da conferência.

Os resultados esperados vão além de discursos. Belém deve marcar o início de uma nova fase, com compromissos mensuráveis e revisões periódicas das metas climáticas (NDCs). “Os discursos são bem-vindos, mas precisamos que isso vire compromisso formal”, afirmou Márcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.

A cidade-sede, transformada por obras de infraestrutura e pela mobilização social, simboliza a esperança de que o coração da Amazônia possa inspirar o mundo. “O sucesso da COP30 será medido por sua capacidade de transformar promessas em planos concretos e financiar uma transição justa e inclusiva”, resumiu Marina Silva.

Seminário Pós-COP:  O Brasil diante das transformações globais 

24 de novembro de 2025  (segunda-feira); sessões às 10:00-12:30 e 19:00-21:30 

FESPSP – Rua General Jardim, Vila Buarque, São Paulo/SP 

Garanta sua vaga: https://poscop.org/ 


Sessão da Manhã (10:00-12:30) 

Aldo Fornazieri (Professor da FESPSP, Cientista Político) – abertura da sessão 

Ricardo Abramovay (Professor Sênior, Instituto de Energia e Ambiente, USP) 

Gabriel Ferraz Aidar (Superintendente de Planejamento e Pesquisa Econômica, BNDES) 

Alexandre Ramos Coelho (Coordenador do MBA em Geopolítica da Transição Energética, FESPSP)


Sessão da Noite 19:00-21:30

Painelistas confirmados:

Aldo Fornazieri (Professor da FESPSP, Cientista Político) – abertura da sessão

Paulo Teixeira (Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar)  

Luciana Aparecida da Costa (Diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática, BNDES)

Juliano Medeiros (Historiador e Professor Convidado da FESPSP) 

Uma parceria DCM + FESPSP para debater o futuro climático do Brasil com rigor acadêmico e compromisso social. https://poscop.org/ 


Fonte: DCM

domingo, 9 de novembro de 2025

A hora é agora: tornado no Paraná pressiona COP30 por decisões urgentes


O estrago em Rio Bonito do Iguaçu, no centro-sul do Paraná: 90% das edificações da cidade foram afetadas

O tornado que devastou cidades da região Centro-Sul do Paraná, com ventos acima de 250 km/h e classificação EF3, colocou ainda mais pressão sobre a COP30, que começa em Belém na segunda (10). Especialistas afirmam que o Brasil, como país-sede e liderança nas negociações, terá de responder a uma sequência de eventos extremos que se multiplicam no planeta.

Carlos Rittl, diretor global de políticas públicas da Wildlife Conservation Society, cita três episódios recentes que mostram a gravidade da situação: o furacão que atingiu a Jamaica, o tufão que deixou mais de 180 mortos nas Filipinas e outro que atingiu o Vietnã.

Para ele, a COP30 terá de lidar com “uma era de extremos”, exigindo cortes mais rápidos nas emissões globais para manter a meta de limitar o aquecimento a 1,5°C, como prevê o Acordo de Paris.

DCM realizará o Seminário Pós-COP: O Brasil diante das transformações globais. Será no dia 24 de novembro, três dias após o encerramento da conferência climática em Belém.

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A falta de investimentos em adaptação — obras, planejamento urbano e sistemas de alerta para enfrentar desastres — segue como uma das principais críticas de ambientalistas. “As cidades precisam se preparar para lidar com essa nova realidade. O mapeamento dos riscos já existe, e isso exige recursos financeiros”, afirma Everaldo Barreiros, professor de meteorologia da UFPA. Ele lembra que a conferência discutirá justamente o financiamento para países mais vulneráveis.

Rittl reforça que os investimentos internacionais precisam ser acompanhados de ações locais e metodologias próprias para cada região. A pauta da COP inclui a proposta de triplicar os recursos destinados à adaptação em países em desenvolvimento.

O tornado no Paraná ilustra esse desafio. Segundo o geógrafo Daniel Henrique Cândido, doutor pela Unicamp e autor da principal catalogação de tornados no Brasil (1990–2011), o fenômeno pode estar entre os 10 mais fortes já registrados no país. Ele compara o episódio ao tornado de Almirante Tamandaré (PR), em 1992, também de intensidade EF3.

Cândido explica que o Brasil ocupa a segunda região com maior risco de tornados no mundo, atrás apenas do corredor norte-americano, por características geográficas únicas: planícies extensas na América do Sul, bloqueio dos Andes a oeste e o papel da Serra do Mar no escoamento das massas de ar. Isso favorece tempestades severas e movimentos convectivos capazes de gerar tornados, microexplosões e ventos destrutivos.

Com base nos danos observados no Paraná — destruição de casas de alvenaria, rompimento de torres de energia e veículos arrancados do solo — o pesquisador afirma que o evento se encaixaria no nível 6 da Escala Brasileira de Ventos (Ebrav), proposta em sua tese, que vai de 0 a 7.

A gravidade dos desastres no Brasil, porém, está ligada não apenas à força dos ventos, mas também ao padrão das construções, à vulnerabilidade urbana e à baixa cultura de prevenção. “Aqui, as moradias são mais pesadas. Quando caem, o impacto é maior. E as áreas pobres sofrem mais”, diz Cândido. Ele afirma que o país ainda carece de uma rede de radares mais densa e de acesso facilitado a informações meteorológicas, o que dificulta preparar a população.

O caso do Paraná aumenta a cobrança para que a COP30 avance em compromissos concretos de mitigação e adaptação, pressionando o Brasil — anfitrião e referência climática — a liderar uma resposta global compatível com o tamanho dos riscos atuais.

Seminário Pós-COP:  O Brasil diante das transformações globais 

24 de novembro de 2025  (segunda-feira); sessões às 10:00-12:30 e 19:00-21:30 

FESPSP – Rua General Jardim, Vila Buarque, São Paulo/SP 

Garanta sua vaga: https://poscop.org/ 

Sessão da Manhã (10:00-12:30) 

Aldo Fornazieri (Professor da FESPSP, Cientista Político) – abertura da sessão 

Ricardo Abramovay (Professor Sênior, Instituto de Energia e Ambiente, USP) 

Gabriel Ferraz Aidar (Superintendente de Planejamento e Pesquisa Econômica, BNDES) 

Alexandre Ramos Coelho (Coordenador do MBA em Geopolítica da Transição Energética, FESPSP)

Sessão da Noite 19:00-21:30

Painelistas confirmados:

Aldo Fornazieri (Professor da FESPSP, Cientista Político) – abertura da sessão

Paulo Teixeira (Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar)  

Luciana Aparecida da Costa (Diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática, BNDES)

Juliano Medeiros (Historiador e Professor Convidado da FESPSP) 

Uma parceria DCM + FESPSP para debater o futuro climático do Brasil com rigor acadêmico e compromisso social. https://poscop.org/ 


Fonte: DCM

“De joelhos”: Michelle ataca STF e diz que Bolsonaro é “única opção” para 2026

Ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Foto: Reprodução

Durante evento do PL Mulher em Londrina (PR), neste sábado (8), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro afirmou que Jair Bolsonaro é o “único nome da direita” para disputar a Presidência em 2026. Ela disse que, se isso não ocorrer, será “fruto de um golpe do Judiciário”, e acusou o Supremo Tribunal Federal (STF) de controlar o Congresso Nacional. O discurso ocorreu um dia após o STF rejeitar, por unanimidade, recurso do ex-presidente na condenação por tentativa de golpe, que prevê 27 anos de prisão.

Michelle declarou que “não há outra opção” além do marido e afirmou que o Judiciário comanda o país. “A gente tem visto um Congresso de joelhos em frente ao STF. Hoje, infelizmente, só quem governa é o Judiciário”, disse. A ex-primeira-dama também alegou que Bolsonaro enfrenta dificuldades de saúde por não ter “paz de espírito” desde que passou por cirurgias após a facada de 2018.

Presidente nacional do PL Mulher, Michelle viaja pelo país com pautas conservadoras e religiosas. No discurso, voltou a defender a “submissão saudável” da esposa ao marido. “A Bíblia fala da submissão da esposa ao marido, mas é uma submissão saudável, porque existe um contexto de amor e respeito”, declarou.

Em outro trecho, criticou o que chamou de “falta de Deus na política” e atacou a esquerda, afirmando que “não é possível ser cristão e comunista”. Segundo ela, “cristãos são a favor da vida” e “comunistas, do aborto”. Michelle ainda criticou o ambiente das universidades federais, afirmando que há “jovens homossexuais apoiando o Hamas” e que “a direita não entra” nesses espaços.

A ex-primeira-dama também atacou a regulação das redes sociais, dizendo que “os comunistas querem controlar a internet para impedir que o povo saiba o que eles fazem”. No mesmo discurso, pediu que mulheres do PL “não enriqueçam na política” e lembrou que o patrimônio da família Bolsonaro cresceu desde o início da carreira política do marido.

O evento reuniu apoiadores e lideranças regionais do PL, em meio ao avanço da candidatura de Flávio Bolsonaro como alternativa para 2026, caso o pai permaneça preso. Michelle, que tenta consolidar seu protagonismo no campo conservador, reforçou a narrativa de perseguição política ao ex-presidente.

Fonte: DCM

Lei Antifacção: Lula liga para Motta e reclama da indicação de Derrite


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) – Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou neste sábado (8) para o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a fim de expressar descontentamento com a escolha do deputado Guilherme Derrite (PP-SP) como relator da proposta da Lei Antifacção. O projeto foi enviado pelo governo ao Congresso nesta semana. A informação foi publicada pelo blog de Valdo Cruz e confirmada por auxiliares de Motta. Com informações do jornal O Globo.

De acordo com relatos, Lula demonstrou incômodo com a indicação de Derrite, que está licenciado do cargo de secretário de Segurança Pública de São Paulo e é aliado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), nome cotado para disputar a Presidência em 2026. O presidente defendia que o relator fosse um parlamentar mais neutro, diante da forte polarização entre governo e oposição em torno das políticas de segurança pública.

Hugo Motta garantiu ao presidente que a relatoria será conduzida de forma técnica e sem interferências políticas. O deputado também assegurou que o texto do governo não será anexado a propostas que equiparam facções criminosas a organizações terroristas — ponto sensível para o Planalto. Lula já havia se posicionado contra essa equiparação, argumentando que poderia abrir brechas para intervenções estrangeiras sob o pretexto de combate ao terrorismo.

Em publicação no X, Motta afirmou que a segurança pública é uma “pauta suprapartidária e uma urgência nacional”. Disse ainda que pretende trabalhar para que a Câmara aprove a proposta até o fim do ano. Segundo ele, o relatório de Derrite “preserva avanços do projeto do governo federal e endurece as penas contra o crime”, acrescentando que o tema deve servir como “ponto de unidade” entre governo, Congresso e sociedade.

O substitutivo de Derrite propõe endurecimento das penas, ampliação do confisco de bens e bloqueio imediato de recursos usados por facções criminosas. O texto também prevê o tratamento penal das facções de forma semelhante ao aplicado a crimes de terrorismo, mas sem classificá-las formalmente como organizações terroristas.

A Lei Antifacção é tratada como prioridade pelo governo na agenda de segurança pública. O Planalto tenta garantir que o texto mantenha coerência com a política nacional de combate ao crime organizado, sem ampliar interpretações que possam gerar conflitos jurídicos ou diplomáticos.

Fonte: DCM com informações do jornal O Globo

“Tudo virou pó”: os desabafos de moradores após tornado destruir cidade no Paraná


Parte da cidade de Rio Bonito do Iguaçu, atingida pelo tornado no Paraná. Foto: Reprodução/TV Globo

Um tornado com ventos de até 250 km/h destruiu quase toda a cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no interior do Paraná, na noite de sexta-feira (7). Em poucos minutos, o município se transformou em um cenário de devastação. “Em questão de um minuto, acabou tudo”, contou um morador ao Jornal Nacional. Cinco pessoas morreram na cidade e uma em Guarapuava, além de mais de 750 feridos.

O vendaval atingiu 90% do território urbano e deixou cerca de 11 mil dos 14 mil moradores sem casa. “Parece uma cena de guerra”, descreveu um dos sobreviventes. Em meio a escombros de casas, comércios e veículos destruídos, famílias ainda tentam entender o que aconteceu. “A minha casa demoliu, o que salvou foi a mesa de madeira. Entramos embaixo e o telhado foi caindo”, relatou a dona de casa Rosinete Gonçalves Bueno.

Entre as vítimas está a adolescente Julia Kwapis, de 14 anos. “Ela estava na casa de uma amiguinha, foi muito rápido, a gente soube que ela foi arrastada”, disse a mãe, emocionada. Outros moradores perderam pais e irmãos. “A casa do meu pai sumiu em dois minutos, ele foi arremessado junto com a madeira”, contou Antônio Gieteski, que ainda tenta lidar com o luto.

O Governo do Paraná decretou calamidade pública e enviou equipes da Defesa Civil e da Saúde para atender os desabrigados. O Governo Federal também reconheceu o decreto e deslocou reforços da Força Nacional do SUS. “É triste olhar para isso aqui e ver que tudo virou pó”, resumiu um morador, diante do que restou de Rio Bonito do Iguaçu.

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Fonte: DCM