COP30 começa hoje em Belém com Lula e líderes mundiais discutindo o futuro do planeta
Lula com líderes globais na COP30. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) começa oficialmente nesta segunda-feira (10), em Belém, no Pará, consolidando o Brasil como o centro do debate climático global. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa da abertura do evento, que reúne mais de 50 mil participantes entre líderes mundiais, diplomatas, cientistas, ambientalistas, empresários e povos indígenas.
Esta é a primeira vez que uma conferência do clima acontece na Amazônia — e o país anfitrião chega à mesa de negociações com a missão de transformar promessas em ações concretas.
A COP30 ocorre em um momento crítico para o planeta. Segundo o observatório europeu Copernicus, outubro de 2025 foi o terceiro mais quente já registrado, com média global de 15,14 °C — 1,55 °C acima do nível pré-industrial. Com eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes, como tornados no Brasil e secas severas na África, o encontro em Belém busca soluções reais para reduzir emissões e financiar a adaptação de países vulneráveis.
A conferência será guiada por três grandes eixos: transição energética, adaptação climática e financiamento sustentável. O Brasil quer liderar o chamado “mapa do caminho” da transição energética, um plano que estabeleça metas e prazos concretos para substituir o uso de combustíveis fósseis por fontes limpas.
“Estamos à beira de pontos de inflexão climáticos e da potencial perda da Amazônia, então esta COP precisa promover a mudança urgente necessária. Não há segunda chance”, afirmou Carolina Pasquali, diretora executiva do Greenpeace Brasil.
Funcionários da COP30. Foto: AP Photo/Fernando Llano
Outro ponto central é o Objetivo Global de Adaptação (GGA), instrumento que pretende medir a capacidade dos países de se preparar para os impactos do clima. Já no campo das finanças, os países em desenvolvimento cobram recursos compatíveis com a escala da crise.
O plano “Roteiro de Baku a Belém” prevê mobilizar US$ 1,3 trilhão por ano até 2035, combinando doações, empréstimos a juros baixos e mecanismos de crédito verde. “É fundamental que a ambição não se limite às ações de mitigação, ela também deve envolver a entrega efetiva de recursos”, destacou o pesquisador Vaibhav Chaturvedi, do Council on Energy, Environment and Water (CEEW).
Um dos principais anúncios desta edição é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), criado pelo Brasil para financiar a preservação de mais de 1 bilhão de hectares de florestas tropicais em 70 países. O fundo já nasce com US$ 5,5 bilhões em aportes de países como Noruega, Indonésia e França, além de US$ 1 bilhão do governo brasileiro.
“A diferença entre o que é pago ao investidor e o que é cobrado do tomador vai financiar o pagamento dos serviços ambientais”, explicou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista ao G1. O Banco Mundial administrará o fundo até a criação de uma estrutura permanente.
O TFFF proíbe investimentos em atividades com impacto ambiental negativo e destina 20% dos recursos a povos indígenas e comunidades tradicionais. O modelo é considerado um marco da política climática brasileira e deve inspirar novos mecanismos de cooperação internacional.
“Estamos trocando a lógica da doação pela do investimento”, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ao destacar que o Brasil quer ser o exemplo de que é possível crescer preservando.
Na visão do governo Lula, a COP30 é também uma oportunidade para reafirmar o protagonismo brasileiro. O Planalto aposta no Compromisso de Belém pelos Combustíveis Sustentáveis (Belém 4X), que pretende quadruplicar o uso global de combustíveis limpos até 2035, com acompanhamento da Agência Internacional de Energia (AIE). A proposta busca incluir hidrogênio verde, biocombustíveis e biogás como alternativas reais à dependência do petróleo.
Flotilha indígena em manifestação na chegada à Belém. Foto: Adriano Machado/Reuters
O evento ainda será um teste diplomático para o Brasil, que tenta se firmar como mediador entre o Norte e o Sul Global. O embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, será o responsável por conduzir as negociações entre mais de 190 países e buscar consenso sobre metas e prazos. Ao seu lado, a diretora Ana Toni coordena a organização e o cronograma da conferência.
Os resultados esperados vão além de discursos. Belém deve marcar o início de uma nova fase, com compromissos mensuráveis e revisões periódicas das metas climáticas (NDCs). “Os discursos são bem-vindos, mas precisamos que isso vire compromisso formal”, afirmou Márcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.
A cidade-sede, transformada por obras de infraestrutura e pela mobilização social, simboliza a esperança de que o coração da Amazônia possa inspirar o mundo. “O sucesso da COP30 será medido por sua capacidade de transformar promessas em planos concretos e financiar uma transição justa e inclusiva”, resumiu Marina Silva.
Seminário Pós-COP: O Brasil diante das transformações globais
24 de novembro de 2025 (segunda-feira); sessões às 10:00-12:30 e 19:00-21:30
FESPSP – Rua General Jardim, Vila Buarque, São Paulo/SP
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