domingo, 9 de novembro de 2025

A hora é agora: tornado no Paraná pressiona COP30 por decisões urgentes


O estrago em Rio Bonito do Iguaçu, no centro-sul do Paraná: 90% das edificações da cidade foram afetadas

O tornado que devastou cidades da região Centro-Sul do Paraná, com ventos acima de 250 km/h e classificação EF3, colocou ainda mais pressão sobre a COP30, que começa em Belém na segunda (10). Especialistas afirmam que o Brasil, como país-sede e liderança nas negociações, terá de responder a uma sequência de eventos extremos que se multiplicam no planeta.

Carlos Rittl, diretor global de políticas públicas da Wildlife Conservation Society, cita três episódios recentes que mostram a gravidade da situação: o furacão que atingiu a Jamaica, o tufão que deixou mais de 180 mortos nas Filipinas e outro que atingiu o Vietnã.

Para ele, a COP30 terá de lidar com “uma era de extremos”, exigindo cortes mais rápidos nas emissões globais para manter a meta de limitar o aquecimento a 1,5°C, como prevê o Acordo de Paris.

DCM realizará o Seminário Pós-COP: O Brasil diante das transformações globais. Será no dia 24 de novembro, três dias após o encerramento da conferência climática em Belém.

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A falta de investimentos em adaptação — obras, planejamento urbano e sistemas de alerta para enfrentar desastres — segue como uma das principais críticas de ambientalistas. “As cidades precisam se preparar para lidar com essa nova realidade. O mapeamento dos riscos já existe, e isso exige recursos financeiros”, afirma Everaldo Barreiros, professor de meteorologia da UFPA. Ele lembra que a conferência discutirá justamente o financiamento para países mais vulneráveis.

Rittl reforça que os investimentos internacionais precisam ser acompanhados de ações locais e metodologias próprias para cada região. A pauta da COP inclui a proposta de triplicar os recursos destinados à adaptação em países em desenvolvimento.

O tornado no Paraná ilustra esse desafio. Segundo o geógrafo Daniel Henrique Cândido, doutor pela Unicamp e autor da principal catalogação de tornados no Brasil (1990–2011), o fenômeno pode estar entre os 10 mais fortes já registrados no país. Ele compara o episódio ao tornado de Almirante Tamandaré (PR), em 1992, também de intensidade EF3.

Cândido explica que o Brasil ocupa a segunda região com maior risco de tornados no mundo, atrás apenas do corredor norte-americano, por características geográficas únicas: planícies extensas na América do Sul, bloqueio dos Andes a oeste e o papel da Serra do Mar no escoamento das massas de ar. Isso favorece tempestades severas e movimentos convectivos capazes de gerar tornados, microexplosões e ventos destrutivos.

Com base nos danos observados no Paraná — destruição de casas de alvenaria, rompimento de torres de energia e veículos arrancados do solo — o pesquisador afirma que o evento se encaixaria no nível 6 da Escala Brasileira de Ventos (Ebrav), proposta em sua tese, que vai de 0 a 7.

A gravidade dos desastres no Brasil, porém, está ligada não apenas à força dos ventos, mas também ao padrão das construções, à vulnerabilidade urbana e à baixa cultura de prevenção. “Aqui, as moradias são mais pesadas. Quando caem, o impacto é maior. E as áreas pobres sofrem mais”, diz Cândido. Ele afirma que o país ainda carece de uma rede de radares mais densa e de acesso facilitado a informações meteorológicas, o que dificulta preparar a população.

O caso do Paraná aumenta a cobrança para que a COP30 avance em compromissos concretos de mitigação e adaptação, pressionando o Brasil — anfitrião e referência climática — a liderar uma resposta global compatível com o tamanho dos riscos atuais.

Seminário Pós-COP:  O Brasil diante das transformações globais 

24 de novembro de 2025  (segunda-feira); sessões às 10:00-12:30 e 19:00-21:30 

FESPSP – Rua General Jardim, Vila Buarque, São Paulo/SP 

Garanta sua vaga: https://poscop.org/ 

Sessão da Manhã (10:00-12:30) 

Aldo Fornazieri (Professor da FESPSP, Cientista Político) – abertura da sessão 

Ricardo Abramovay (Professor Sênior, Instituto de Energia e Ambiente, USP) 

Gabriel Ferraz Aidar (Superintendente de Planejamento e Pesquisa Econômica, BNDES) 

Alexandre Ramos Coelho (Coordenador do MBA em Geopolítica da Transição Energética, FESPSP)

Sessão da Noite 19:00-21:30

Painelistas confirmados:

Aldo Fornazieri (Professor da FESPSP, Cientista Político) – abertura da sessão

Paulo Teixeira (Ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar)  

Luciana Aparecida da Costa (Diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudança Climática, BNDES)

Juliano Medeiros (Historiador e Professor Convidado da FESPSP) 

Uma parceria DCM + FESPSP para debater o futuro climático do Brasil com rigor acadêmico e compromisso social. https://poscop.org/ 


Fonte: DCM

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