quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Pressão sobre Flávio Bolsonaro cresce e risco de investigação ganha força

Ataques de Flávio Bolsonaro ao STF podem resultar em inquérito, avaliam aliados do próprio senador

        Flávio Bolsonaro (Foto: Saulo Cruz/Agência Senado)

A possibilidade de o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) tornar-se alvo de investigação direta no Supremo Tribunal Federal (STF) vem ganhando destaque no cenário político. Segundo o jornal O Globo, o filho mais velho de Jair Bolsonaro (PL) passou a ser citado nos corredores do Judiciário após a prisão preventiva do ex-presidente.

Flávio assumiu maior protagonismo desde que o pai começou a cumprir pena em regime fechado. Nesse novo papel, porém, tem acumulado desgastes e atitudes que chamaram a atenção do ministro Alexandre de Moraes — especialmente a convocação de uma vigília em apoio a Jair Bolsonaro depois de ele violar a tornozeleira eletrônica, ainda durante a prisão domiciliar. O gesto foi citado pelo magistrado como um dos elementos que justificaram a prisão preventiva do ex-presidente, abrindo espaço para questionamentos sobre a conduta do senador.

☉ Trechos da decisão reforçam desconfiança no STF

No texto em que determinou a prisão preventiva, Moraes relacionou a atuação de Flávio a métodos já investigados no chamado "núcleo digital" bolsonarista. Em um dos trechos, o ministro afirmou que “o senador da República faz uso do mesmo modus operandi, empregado pela organização criminosa que tentou um golpe de Estado no ano de 2022, utilizando a metodologia da milícia digital para disseminar por múltiplos canais mensagens de ataque e ódio contra as instituições”. Para aliados do próprio senador, o recado foi claro: se o discurso beligerante continuar, ele pode entrar formalmente na mira do Supremo.

O alerta ganhou mais força porque o ministro também fez uma comparação direta entre Flávio e Eduardo Bolsonaro, este último já transformado em réu por coação no curso do processo devido a ações praticadas nos Estados Unidos. Moraes escreveu: "Primeiro, um dos filhos do líder da organização criminosa, Eduardo Bolsonaro, articula criminosamente e de maneira traiçoeira contra o próprio País, inclusive abandonando seu mandato parlamentar. Na sequência, o outro filho do líder da organização criminosa, Flávio Bolsonaro, insultando a Justiça de seu País, pretende reeditar acampamentos golpistas e causar caos social no Brasil, ignorando sua responsabilidade como Senador da República".

☉ Família sob cerco e histórico de derrotas no Judiciário

As ações dos filhos de Jair Bolsonaro pesaram para três reveses judiciais do ex-presidente ao longo do ano:

    ● a imposição da tornozeleira eletrônica, em julho;
    ● a prisão domiciliar, em agosto;
    ● e a prisão preventiva, decretada em 22 de novembro.

Publicações nas redes sociais de Eduardo, Carlos e Flávio foram avaliadas como parte de uma estratégia coordenada para pressionar instituições e insuflar mobilizações.

☉ Mobilização política sob cautela

Após a prisão preventiva, Flávio reduziu o tom de enfrentamento. Em transmissão ao vivo nas redes sociais, afirmou que “querem enterrar todos os Bolsonaros vivos”, mas também anunciou que pretende concentrar esforços na tentativa de reeleição ao Senado, afastando — pelo menos por ora — especulações sobre eventual candidatura à Presidência em 2026.

Mesmo assim, dentro do próprio campo bolsonarista seu nome segue mencionado como alternativa eleitoral. O deputado Eduardo Bolsonaro é um dos que defendem a possibilidade de o irmão assumir o posto do pai em 2026. Outras lideranças, como o senador Rogério Marinho (PL-RN), demonstram confiança na atuação do colega, mas evitam discutir eleições.

O cenário, entretanto, continua marcado pela pressão jurídica. Com o cerco judicial apertando sobre a família e com o STF citando explicitamente ações de Flávio em decisões recentes, cresce em Brasília a percepção de que o senador pode deixar a condição de observador e tornar-se investigado em breve — um movimento que teria forte impacto na reorganização do bolsonarismo sem Jair Bolsonaro no comando.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

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