Manifestantes fazem protesto ao Masp, na Avenida Paulista, contra a PEC da Blindagem e o Projeto de Anistia — Foto: Reprodução/TV Globo
O ato realizado neste domingo (21) na Avenida Paulista contra a PEC da Blindagem e o projeto de anistia aos condenados do 8 de janeiro reuniu 42,4 mil pessoas em seu ápice, segundo levantamento da Universidade de São Paulo (USP). A contagem foi feita pelo Monitor do Debate Político do Cebrap em parceria com a ONG More in Common, utilizando imagens aéreas e softwares de inteligência artificial para garantir maior precisão.
O cálculo considerou o momento de maior concentração às 16h06. Com a margem de erro aplicada, a estimativa varia entre 37,3 mil e 47,5 mil manifestantes. Os organizadores destacaram a forte presença de movimentos sociais, partidos, sindicatos e artistas, que marcaram a manifestação com palavras de ordem contra a chamada “PEC da Bandidagem” e contra a proposta de anistia em tramitação na Câmara.
O número registrado neste domingo é comparável ao do ato em apoio à anistia organizado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no último 7 de setembro, quando 42,2 mil pessoas foram contabilizadas pela mesma metodologia. A proximidade entre os resultados evidencia o peso da mobilização em torno da pauta democrática e da rejeição às propostas em discussão no Congresso.
Boulos em live antes de falar para público de ato na Paulista. Foto: Reprodução
A contagem da USP foi realizada a partir de 38 imagens captadas em diferentes momentos do protesto. Para a mensuração do pico, foram utilizadas 11 fotos tiradas por drones, cobrindo toda a extensão da Paulista sem sobreposição. O software empregado, o Point to Point Network (P2PNet), foi desenvolvido por pesquisadores chineses em parceria com a empresa Tencent, e aprimorado com bancos de dados de imagens brasileiras.
O método de contagem automática usa inteligência artificial para identificar e marcar cada cabeça presente na multidão. O sistema alcança precisão de 72,9% e acurácia de 69,5%, com um erro percentual médio de 12%. Isso significa que, em grandes concentrações, a variação pode chegar a milhares de pessoas para mais ou para menos, mas ainda assim é considerado um dos métodos mais confiáveis para esse tipo de estimativa.
A manifestação em São Paulo integrou uma série de protestos que ocorreram em capitais brasileiras e também no exterior – na soma de todos os eventos, a mobilização foi muito maior que a manifestação golpista – ela se concentrou apenas em São Paulo, Rio e Brasília, numa demonstração de que essa agenda pela anistia e pela PEC da Blindagem não tem capilaridade nacional, ao contrário do movimento que defende a soberania e a democracia.
Na capital paulista, além das lideranças políticas, a presença de artistas foi utilizada como estratégia de mobilização. Faixas, bandeiras e cartazes destacaram as mensagens de “sem anistia” e “não à PEC da Blindagem”, reforçando o clima de resistência popular contra o que os manifestantes consideram retrocessos democráticos.
Tarifaço dos EUA, Brasil Soberano e COP 30 pautam conversa com o ministro da Agricultura e Pecuária
Carlos Fávaro (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, afirmou que a combinação entre recorde histórico de produção de grãos, abertura acelerada de mercados e linhas de crédito direcionadas tem reduzido os efeitos do “tarifaço” dos Estados Unidos sobre exportações brasileiras. “Abrimos 437 novos mercados nesses 2 anos e 9 meses, né? Um recorde absoluto, nunca tivemos tantas opções”, disse. A entrevista foi ao vivo no programa Bom Dia, Ministro, transmitido em 17 de setembro de 2025, de Brasília.
Logo na abertura, a âncora Karine Melo ressaltou os números mais recentes: safra 2024/2025 estimada em 350 milhões de toneladas e exportações do agronegócio superiores a US$ 14 bilhões em agosto, alta de 1,5% ante agosto de 2024. A partir daí, Fávaro abordou os impactos do pacote tarifário dos EUA e as ações do governo brasileiro para mitigar perdas setoriais e regionais.
◎ Tarifaço e diplomacia econômica
Questionado sobre os efeitos do aumento tarifário nos EUA, Fávaro foi direto: “Não dá para comemorar uma crise onde o governo norte-americano mexe com todas as relações comerciais com o mundo”. Apesar disso, afirmou que a diversificação de destinos reduziu danos: “Isso então fez com que esse momento do [tarifaço] impactasse muito menos”.
Ao detalhar a MP 1.309/2025 (Brasil Soberano), o ministro explicou: “[É] para estar ao lado de todas as empresas que foram afetadas nas suas exportações para os Estados Unidos da América em função da taxação de 50% estabelecida pelo governo Trump”. Ele destacou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é quem conduz a política tarifária vigente no país e que Banco do Brasil, Caixa e BNDES são os canais de acesso ao crédito.
Em paralelo, Fávaro defendeu uma postura firme diante de eventuais retaliações: “Estamos preparados para enfrentar com altivez. O Brasil é soberano. O Brasil é dos brasileiros”.
◎ Renegociação de dívidas e destravamento do crédito
Fávaro reconheceu entraves no início do Plano Safra 2025/2026 e descreveu o pacote para repactuar dívidas, destravar financiamento e reduzir risco bancário:
•“Para pronafianos com dívidas até R$ 250.000… juros de 6% ao ano… [com] um ano de carência… [e] 9 anos para amortizar”
•“Juros de 8% ao ano para médios produtores até 1 milhão de reais… a mesma lógica… [primeira parcela] em 2027”
• “E dívidas até R$ 3 milhões para grandes produtores, juros de 10% ao ano… primeira parcela 2027, 9 anos para amortizar”
Segundo ele, o governo também atua com Conselho Monetário Nacional e CNJ para dar previsibilidade a recuperações judiciais e ampliar a capacidade de alavancagem das instituições financeiras.
◎ Caminho Verde Brasil, EcoInveste e intensificação produtiva
Para crescer sem abrir novas áreas, o ministro reiterou a estratégia de recuperação de terras degradadas: “Identificamos… 80 milhões de hectares em algum estágio de degradação… e desses 40 milhões de altíssima vocação”. No Caminho Verde Brasil, “as menores taxas de juros… 2 anos de carência, 10 anos para amortizar” e a parceria EcoInveste Brasil: “R$ 30 bilhões… com juros abaixo de dois dígitos”.
É uma maldade terrível acusar os deputados e senadores de legislarem em causa própria analisando medidas que impedem que sejam processados e presos por crimes que cometam, como desvios de emendas, trabalho escravo ou golpe de Estado. Na verdade, o Congresso está fazendo um grande experimento científico para confirmar ou refutar a seguinte hipótese: os eleitores são otários.
Nem bem o país dava uma demonstração de maturidade política ao condenar um ex-presidente e generais que tentaram abolir de forma violenta o Estado democrático de direito e a Câmara dos Deputados entrou de sola na discussão sobre um projeto de lei que poderia anular os efeitos da decisão. No meio do tumulto, deputados que têm ou sabem que terão problemas com a Justiça patrocinaram uma mudança para inserir a impunidade por seus crimes na Constituição.
São duas faces da mesma moeda com o único objetivo: proteger os seus bandidos.
Os parlamentares acreditam que o eleitorado não se importa se eles roubam, escravizam ou tentam transformar a democracia em geleia desde que, a cada quatro anos, apareça uma nova quadra de futebol na comunidade (mesmo que sem projetos sociais para os jovens), uma estrada vicinal torne-se asfaltada (mesmo que ligue o haras do deputado à rodovia), kits de robótica sejam distribuídos a escolas (mesmo que estas não tenham água nem luz) e dentaduras estejam à disposição (mesmo que não exista dentista no posto de saúde).
Também creem que o eleitorado não vai se importar se eles atrasam a aprovação da isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, que beneficiaria mais de 10 milhões de pessoas da classe média baixa, como chantagem para aprovar os outros dois projetos.
O Presidente da Câmara Hugo Motta e o deputado líder do PL, Sóstenes Cavalcanti. Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Não que o eleitorado seja conivente ou burro, longe disso. O povo entende que há muitos deputados e senadores safados, que transformam grana pública em coquetel de camarão. Mas, dada a carestia, aceitam algumas melhorias vindas da transferência de emendas parlamentares, mesmo sabendo que são migalhas. Perderam a esperança de um representante decente, que tenha projetos, recursos e honestidade, então aceitam que a vida é isso.
E para não ficar sem isso, reelegem os mesmos parlamentares. Até porque, o município vizinho votou no outro deputado, aquele que perdeu a eleição, e hoje vive à míngua, sem repasses.
Se, do lado do povo, há um cálculo político, do lado dos parlamentares, existe a percepção de que esse povo é otário. Não porque aceita migalhas, mas porque poderia se mobilizar e mudar por meio da pressão popular e do voto esse sistema. Mas não faz isso porque não acredita na força da própria mobilização ou está cansado de dar murro em ponta de faca.
Se a PEC da Blindagem e o PL da Anistia (chamar de PL da Dosimetria é como jogar purpurina em cima de cocô: mesmo que brilhe diferente, continuará fedendo) passarem e o Congresso não tiver uma alta taxa de renovação em outubro de 2026, deputados e senadores terão a resposta para o seu experimento.
O ex-presidente Jair Bolsonaro, que já participou o encontro evangélico Marcha para Jesus (SP). Foto: Reprodução/Jales Valquer
Apesar de ter sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e três meses de prisão, o ex-presidente Jair Bolsonaro ainda mantém apoio expressivo entre evangélicos para disputar a eleição de 2026. Pesquisa Genial/Quaest divulgada com exclusividade pela Coluna do Estadão, de Roseann Kennedy e seu colega, mostra que 59% desse público defendem que a decisão sobre a candidatura deve caber ao voto popular.
Outros 37% avaliam que condenados não deveriam participar de eleições e 4% não souberam ou não responderam.
Segundo o levantamento, a posição reforça a dificuldade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em conquistar votos nesse segmento, que representa 26,9% da população brasileira, de acordo com o último Censo do IBGE. Nas últimas eleições, a maioria dos evangélicos apoiou candidatos contrários ao PT.
O presidente Lula com apoiadores evangélicos. Foto: Reprodução/ Ricardo Stuckert
Na população em geral, 51% dos entrevistados entendem que Bolsonaro não deveria concorrer devido à condenação no STF. Já 46% defendem que ele apareça nas urnas para que os eleitores decidam, enquanto 3% não opinaram.
O apoio é maioria apenas no Centro-Oeste, onde 52% são favoráveis contra 45% que rejeitam a presença de condenados na disputa.
Em agosto, como também revelou a Coluna, Lula confidenciou a aliados que desistiu de conquistar os evangélicos. Apesar disso, integrantes do PT e do governo seguem tentando se aproximar do segmento, que tem mostrado rejeição crescente ao Planalto e deve exercer peso decisivo na corrida presidencial de 2026.
O senador Alessandro Vieira, relator da PEC da Blindagem no Senado. Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem no Senado, vai apresentar parecer pela rejeição da matéria na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A votação deve ocorrer já na próxima quarta-feira (24), mas a decisão de pautar ou não caberá ao presidente do colegiado, Otto Alencar (PSD-BA). Em entrevista ao Jornal da CBN, Vieira disse que a proposta aprovada na Câmara cria um mecanismo de impunidade ampla.
“Essa narrativa que alguns criaram de dizer que estavam votando a favor da blindagem porque queriam a anistia e outros dizendo a mesma coisa, mas no sentido contrário, estou votando a favor da blindagem porque não quero a anistia, é uma justificativa, é uma cortina de fumaça. É a pessoa, na melhor das hipóteses, se auto-enganando, porque não faz o menor sentido”, explicou o parlamentar.
Ainda de acordo com Vieira, a PEC precisa ser barrada “porque justamente são demandas muito diferentes, que têm forças políticas, interesses envolvidos que são muito diferentes. A blindagem interessa para quem comete crime, a blindagem interessa para bandido”.
A PEC foi aprovada na Câmara dos Deputados com 353 votos favoráveis e 134 contrários, em uma aliança entre Centrão, oposição e parte da esquerda. No entanto, desde a votação, cresceu a pressão da sociedade civil contra a proposta.
O texto da PEC prevê que parlamentares só possam responder a processos criminais com autorização prévia de suas respectivas Casas. Além disso, em casos de prisão em flagrante por crime inafiançável, a manutenção da prisão seria submetida a votação secreta no plenário em até 24 horas.
Para críticos, trata-se de um retrocesso, já que a exigência de aval legislativo para ações contra congressistas havia sido derrubada em 2001. Vieira reforça que seu relatório apontará a inconstitucionalidade e os riscos de impunidade generalizada, destacando que a proposta não deve prosperar.
No Senado, o cenário é bem diferente da Câmara. Levantamento feito pelo jornal O Globo mostra que 46 dos 81 senadores se dizem contrários ao texto, enquanto apenas seis são favoráveis e outros seis ainda não decidiram. A ampla maioria indica que dificilmente a PEC atingirá o quórum necessário de 49 votos para ser promulgada. Na própria CCJ, onde a análise terá início, 17 dos 27 integrantes já declararam voto contra, ante apenas três a favor.
O Distrito Federal foi classificado como a unidade federativa mais segura para dirigir no Brasil, segundo estudo do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) divulgado esta semana. O IRIS (Indicadores Rodoviários Integrados de Segurança) avaliou os 26 estados e DF com base em sete pilares do Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito.
O DF obteve quatro pontos de cinco possíveis, destacando-se principalmente nos pilares de Gestão da Segurança no Trânsito (10 pontos) e Normatização e Fiscalização (10 pontos). Na sequência do ranking aparecem Rio Grande do Sul (3,86 pontos), Goiás, Paraná e Rio de Janeiro (3,71 pontos cada).
A Região Norte concentrou os piores resultados, com Amazonas (1,86 pontos) na última posição, seguido por Pará (2,14 pontos), Amapá, Maranhão e Roraima (2,29 pontos cada). O estudo ressalta que baixos números de infrações nem sempre indicam segurança viária, podendo refletir apenas falta de fiscalização.
O IRIS analisou sete dimensões incluindo gestão da segurança, qualidade das vias, segurança veicular, educação para o trânsito, atendimento às vítimas, fiscalização e indicadores de mortalidade. São Paulo se destacou em Vias Seguras (10 pontos) e Indicadores de Mortalidade (10 pontos), enquanto o Amazonas apresentou os piores desempenhos em Educação para o Trânsito e Normatização e Fiscalização.
Povo nas ruas em Brasília e Teresina contra a anistia e a PEC da Blindagem. Foto: Renato Souza
O forte calor em quase todo o Brasil não impediu os movimentos sociais, partidos de esquerda e centrais sindicais de organizarem, neste domingo (21), protestos em diversas capitais brasileiras contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem e o Projeto de Lei (PL) da Anistia. Os atos começaram pela manhã em cidades como Brasília, Salvador, Belo Horizonte, Maceió, Teresina e Natal, e seguem pela tarde em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Em Natal, manifestantes se reuniram na avenida Roberto Freire, na Zona Sul, em ato que começou às 9h. A mobilização foi convocada por partidos de esquerda e centrais sindicais do Rio Grande do Norte. Na capital federal, o evento foi marcado por apresentações culturais, incluindo um show de Chico César.
Em São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) e a deputada Tabata Amaral (PSB) confirmaram presença ao lado de artistas como Dexter e Salgadinho. Já no Rio, o ato contará com a participação de nomes da música popular como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e Djavan. Em Salvador, Daniela Mercury e Wagner Moura também se uniram às manifestações.
A pauta central é a rejeição a dois projetos que avançaram na Câmara durante a última semana. Aprovada na terça-feira (16), a PEC da Blindagem determina que processos criminais contra parlamentares só possam ser abertos com aval do Legislativo, em votação secreta.
A medida ainda estende foro privilegiado a presidentes de partido, o que, para críticos, representa um retrocesso em relação ao fim da exigência de autorização legislativa em 2001.
Já o PL da Anistia foi colocado em regime de urgência na quarta-feira (17), por 311 votos a 163, permitindo que avance sem passar por comissões temáticas. A proposta, relatada por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), ganhou o apelido de “PL da Dosimetria” e pretende rever penas aplicadas a condenados pelos atos de 8 de janeiro.
Povo nas ruas em Natal e Manaus contra a anistia e a PEC da Blindagem. Foto: reprodução
As manifestações também são reflexo da mobilização digital. Após a aprovação dos textos na Câmara, as redes sociais registraram forte rejeição, apelidando a PEC de “PEC da Bandidagem” e questionando o papel da anistia. Parlamentares do PT, embora tenham dado 12 votos favoráveis à PEC na Câmara após liberação da liderança, agora se alinham no Senado contra a proposta. Já em relação ao PL da Anistia, a legenda votou em bloco contra a urgência.
Eduardo Bolsonaro, em evento do Partido Liberal. Foto: Desirée Peñalba (Gazeta do Povo)
Em editorial publicado neste sábado, 21 de setembro, a Folha de S.Paulo classificou o Partido Liberal, sigla que abriga Jair Bolsonaro e seu filho Eduardo como “nanico moral” e chamou o deputado foragido nos EUA de “inimigo do país”. O jornal critica a manobra articulada pela legenda para preservar o mandato do parlamentar, que acumula faltas desde que se mudou para os Estados Unidos. Leia os principais trechos:
O PL, maior partido de oposição na Câmara dos Deputados, decidiu se converter em nanico moral ao articular uma manobra infame destinada a salvar o mandato de Eduardo Bolsonaro, conspurcado pelo número excessivo de faltas registradas pelo congressista.
Deputado federal eleito pelo PL de São Paulo, Eduardo está desde o dia 20 de março nos Estados Unidos, onde vive com o dinheiro do contribuinte. Seu sonho americano em nada se liga à missão parlamentar; ao contrário, o filho 03 de Jair Bolsonaro (PL) se dedica tão-somente a arquitetar maneiras de prejudicar o Brasil.(…)
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado Eduardo (PL-SP), seu filho. Foto: Reprodução
E, por inacreditável que possa parecer, lá estava ele quando a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, aventou a possibilidade de os EUA utilizarem seu poderio militar contra o Brasil.” (…)
Suas ausências reiteradas desde março ensejariam a perda do mandato —e é justamente para evitar esse desfecho que o PL, em uma jogada prenhe de hipocrisia, resolveu indicar Eduardo para o cargo de líder da minoria.
Trata-se, por óbvio, de um escárnio. Eduardo seria, assumidamente, um líder laranja, já que a verdadeira função caberia a Caroline de Toni (PL-SC).
Sóstenes ouve protestos contra anistia e PEC da Blindagem em avião. Foto: reprodução
O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido de Jair Bolsonaro na Câmara, foi abordado por uma passageira contrária à PEC da Blindagem durante um voo no sábado (20). Neste domingo (21), estão previstos atos em 44 cidades do país contra o projeto de anistia aos golpistas do 8 de janeiro e contra a proposta apelidada de PEC da Bandidagem, que busca blindar parlamentares de denúncias criminais.
“Sem anistia, deputado Sóstenes”, disse a mulher não identificada. “Contra a PEC da Bandidagem, vamos estar na rua, todo mundo, domingo”, completou. Em tom irônico, o parlamentar respondeu apenas com a frase “viva a democracia”, mesmo com seu partido sob investigação por envolvimento na trama golpista após a derrota de Jair Bolsonaro em 2022.
À frente da liderança do PL, Sóstenes — aliado do pastor Silas Malafaia — tem sido um dos principais articuladores das manobras para proteger deputados e senadores de investigações da Polícia Federal e de julgamentos no Supremo Tribunal Federal (STF), que a legenda acusa de perseguição.
Sóstenes não quer redução de penas
O debate em torno do projeto que ficou conhecido como “PL da Anistia”, foi rebatizado como “PL da Dosimetria” pelo relator, deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP). Ele deve alterar o texto para focar na redução de penas para condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. Mas o Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, já prepara um discurso de enfrentamento.
“A direita nunca votou a favor de nenhum projeto de redução de pena. Não faz parte da nossa história, do nosso conceito ideológico. Isso é coisa da esquerda. Seria muito oportunismo começarmos agora”, afirmou Sóstenes. O parlamentar admite que pode concordar com revisões nas penas, mas não da forma proposta por Paulinho da Força.
Segundo Cavalcante, a iniciativa deveria partir do Supremo Tribunal Federal (STF). “Se o Supremo quiser reconhecer que errou e deu penas muito duras, ele que o faça. Dosimetria não cabe ao Legislativo”, disse. O bolsonarista ainda ponderou que uma eventual redução das penas por lei criaria novos problemas.
“Quase todos os condenados pelo 8 de janeiro já cumpriram pena para progressão de regime. Se tiverem redução agora, terão que ser indenizados ou reparados pelo Estado de alguma forma. Só tem um instrumento que resolve para todos: anistia para quem cumpriu pena injustamente”, emendou.
Anistia pode reduzir penas, mas manter Bolsonaro inelegível, apontam líderes
Paulinho da Força (Foto: José Cruz/Agência Brasil )
Apesar de o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) declarar que não há condições de aprovar uma anistia “ampla, geral e irrestrita”, líderes do Centrão admitem que o projeto não poderá ignorar totalmente as demandas da ala bolsonarista.Segundo caciques do Centrão ouvidos pela coluna de Igor Gadelha, do Metrópoles, o avanço da proposta só foi possível graças à atuação do líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ). Por isso, não seria viável apresentar um texto que agrade apenas à base governista, deixando a direita de fora das negociações.
☉ Centrão pressiona por concessões
Líderes avaliam que o grande desafio de Paulinho da Força será conciliar duas posições distintas: a do Centrão, que defende apenas a redução de penas e a manutenção de Jair Bolsonaro inelegível, e a dos bolsonaristas, que seguem insistindo em um perdão mais abrangente.
☉ Resistência do relator à anistia ampla
Em entrevista anterior ao Metrópoles, Paulinho foi categórico ao afirmar que “pelo que já vem sendo conversado, acho que eles (os bolsonaristas) sabem que não dá para passar (a versão ampla). Tanto que o projeto cuja urgência foi votada não tinha mais o benefício amplo, geral. Mesmo o perdão proposto pelo (Marcelo) Crivella, na verdade, foi só uma base para a urgência; ele não tem condição de ser aplicado”.
☉ Desafios para votar a proposta na Câmara
Outro obstáculo é o tempo. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), deseja colocar o texto em votação já na próxima semana. No entanto, diante das divergências entre governistas, Centrão e bolsonaristas, líderes admitem que será difícil apresentar uma versão consensual dentro do prazo.
Conversa de 2021 reforça suspeitas sobre participação do presidente do União Brasil em esquemas com aeronaves investigados pela Polícia Federal
Antônio Rueda (Foto: Reprodução/CNN)
Uma conversa telefônica atribuída a Antônio de Rueda, presidente do União Brasil, reacendeu questionamentos sobre o suposto envolvimento do dirigente em negócios ligados a aeronaves de luxo. Segundo revelou a coluna de Andreza Matais, no Metrópoles, Rueda teria dito a correligionários que já possuía cinco jatinhos e pretendia ampliar a frota para dez.
De acordo com relatos, cada aeronave renderia cerca de R$ 500 mil mensais com serviços de táxi aéreo. A declaração teria sido feita em Rio Branco (AC), em 2021, durante uma viagem política. No veículo em que a conversa ocorreu estavam Pedro Valério, então presidente do PSL no Acre, e o ex-deputado federal Junior Bozzella.
◈ Relatos dos presentes
Pedro Valério detalhou à coluna como a situação se deu: “Na volta do almoço, o Rueda recebeu uma ligação de alguém, e eu não sei o nome da pessoa, e a pessoa estava querendo saber dele como é que fazia o cálculo para poder pagar… o valor relativo a um jatinho. Aí o Bozzella perguntou pra ele: ‘Tá comprando outro jatinho?’. Ele falou: ‘Tô. Eu tenho cinco, quero chegar a 10’. Aí o Bozzella perguntou: ‘Mas é um investimento tão bom assim?’. Ele falou: ‘Cada jatinho desse deixa 500 paus por mês. Eu quero ter 10’.”
Valério também acrescentou que, em diversas ocasiões, o partido pagava por voos em aeronaves que seriam, na prática, de Rueda: “Ele voava no jatinho dele, mas quem pagava as horas de voo era o PSL. Era um negócio da China para ele. O avião dele alugado para o próprio partido.”
◈ Negativas de Rueda e aliados
Apesar dos relatos, Rueda nega ser dono de aeronaves ou ter qualquer ligação com empresas e pessoas investigadas na Operação Carbono Oculto. Formalmente, ele não aparece como proprietário de nenhum jatinho. O ex-vereador Milton Leite, apontado como interlocutor da ligação, também afirmou ao Metrópoles não ter nenhum negócio privado com o presidente do União Brasil: “Nada de negócio privado com ele. Só tenho assuntos partidários. Ele tem meu respeito”.
Já Junior Bozzella, que deixou o União Brasil, disse lembrar do episódio, mas preferiu não comentar por estar em “outro momento de sua vida política”.
◈ Operação Tank e investigações da PF
As investigações sobre as aeronaves associadas a Rueda estão vinculadas à Operação Tank, conduzida pela Polícia Federal em conjunto com a Carbono Oculto. Segundo registros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), quatro jatinhos ligados ao caso foram comercializados por aproximadamente R$ 60,4 milhões.
Entre os envolvidos estão empresários, advogados e executivos de diferentes setores, como Bruno Ferreira Vicente de Queiroz, apontado em documentos como proprietário de empresas usadas para registrar aeronaves. Por ora, a menção direta a Rueda nas investigações surge apenas no depoimento do piloto Mauro Caputti Mattosinho, que trabalhou na empresa Transportes Aéreos Piracicaba (TAP).
A PF não descarta abrir uma investigação específica sobre o dirigente, caso surjam novos elementos que indiquem sua participação efetiva.
◈ Aeronaves atribuídas a Rueda
Raytheon R390 (PR-JRR) – registrado em nome da Fenix Participações, com sócios como Caio Vieira Rocha, filho do ex-ministro César Asfor Rocha, e o ex-senador Chiquinho Feitosa.
Cessna 560 XL (PR-LPG) – vendido em 2022 e adquirido posteriormente pela Magic Aviation, presidida por Bruno Ferreira Vicente de Queiroz.
Cessna Citation J2 (PT-FTC) – comprado por R$ 13,7 milhões por uma empresa no Maranhão, cujos responsáveis afirmam desconhecer o negócio.
Gulfstream G200 (PS-MRL) – vendido em 2025 por US$ 4 milhões à Rovaniemi Participações, também ligada a Bruno Ferreira Vicente de Queiroz.
Ministro do STF interrompe análise de ação que discute salários da categoria
Dias Toffoli (Foto: Rosinei Coutinho/STF)
O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu vista e adiou o julgamento sobre o piso salarial da enfermagem,. O caso, que se arrasta desde 2022, segue cercado de disputas jurídicas e resistência de parte do setor privado de saúde. As informações são do UOL.
A lei que estabelece o piso foi sancionada em agosto de 2022 pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL). Apesar da sanção, Bolsonaro vetou o reajuste anual previsto no texto original. Desde então, o tema passou a enfrentar sucessivos questionamentos no STF e no Congresso.
◈ Histórico de idas e vindas
A Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços foi a responsável por acionar o Supremo, alegando risco de impacto financeiro e possível demissão em massa. O ministro Luís Roberto Barroso acatou o pedido em setembro de 2022 e suspendeu a aplicação da medida, considerando as alegações “plausíveis”.
Em resposta à decisão, o Congresso promulgou, em dezembro do mesmo ano, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que abriu espaço orçamentário para o pagamento. A medida garantiu repasses extras da União a estados, municípios, Distrito Federal e entidades filantrópicas que atendem majoritariamente pacientes do SUS.
◈ Retomada legislativa
Com a base legal restabelecida, o governo Lula (PT) sancionou em maio de 2023 uma nova lei que destinou R$ 7,3 bilhões para financiar o reajuste da enfermagem. Pouco depois, em julho de 2023, o STF reconheceu a constitucionalidade do piso.
Na ocasião, a Corte determinou que instituições privadas de saúde teriam 60 dias para negociar com seus profissionais. Em caso de falta de acordo, a regra passaria a valer conforme a legislação aprovada pelo Congresso.
◈ Próximos passos
Agora, com o pedido de vista de Toffoli, a análise sobre a continuidade da implementação do piso volta a ficar suspensa. O movimento prolonga um impasse que já dura mais de dois anos.