A Polícia Federal afirma que o prefeito afastado de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), usou uma empresa de publicidade registrada em nome da esposa, a primeira-dama Sirlange Rodrigues Frate Maganhato, e uma igreja ligada à família dela para lavar dinheiro de propinas obtidas por meio de contratos públicos. O esquema do “tiktoker bolsonarista”, segundo a investigação, envolveria uma rede de aliados, empresários e religiosos que movimentou milhões de reais em espécie.
As apurações fazem parte da Operação Copia e Cola, deflagrada pela PF em duas fases, que investiga suspeitas de corrupção e desvio de verbas públicas na prefeitura de Sorocaba. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) determinou o afastamento do bolsonarista do cargo, acatando o argumento de que sua permanência poderia permitir a “reiteração” dos crimes.
“Mostra-se necessária a suspensão cautelar do exercício do cargo de prefeito do Município de Sorocaba, exercido pelo investigado Rodrigo Maganhato, ao qual é atribuída a possível liderança do grupo criminoso e principal beneficiário das supostas práticas criminosas”, escreveu o desembargador André Nekatschalow.

Na decisão, conforme noticiado pelo Estadão, o magistrado também proibiu o prefeito de frequentar a sede da prefeitura e de manter contato com servidores municipais e outros investigados. A defesa de Manga afirma que ele é alvo de “perseguição política” e que vai recorrer para reverter o afastamento.
“A investigação conduzida pela Polícia Federal de Sorocaba é completamente nula, porque foi iniciada de forma ilegal e conduzida por autoridade manifestamente incompetente. Além disso, é fruto de perseguição política, não havendo nada de concreto a relacionar o prefeito nesse inquérito policial”, disseram os advogados.
De acordo com a PF, a empresa de publicidade Sirlange Rodrigues Frate – ME, atual 2M Comunicação e Assessoria, firmou contrato com a Igreja Cruzada dos Milagres dos Filhos de Deus, administrada pela irmã e pelo cunhado da primeira-dama, a pastora Simone Rodrigues Frate de Souza e o bispo Josivaldo Batista.
O documento previa a prestação de serviços de marketing, mas, segundo os investigadores, os trabalhos nunca foram realizados. Entre fevereiro de 2021 e junho de 2023, a igreja pagou cerca de R$ 780 mil à empresa, mesmo período em que outra agência atuava oficialmente para a instituição religiosa.
Para a PF, o contrato foi criado apenas para justificar a movimentação de dinheiro desviado de contratos da prefeitura. Em abril, os agentes apreenderam R$ 903 mil em espécie com Josivaldo e Simone.
A quebra do sigilo bancário da igreja revelou 958 depósitos em dinheiro vivo, somando R$ 1,7 milhão, enquanto nas contas pessoais do bispo passaram R$ 2,6 milhões em 2.221 depósitos durante o período investigado.
Outro ponto sob análise é o vínculo da empresa da primeira-dama com o empresário Marco Silva Mott, dono do estacionamento Mosteiro Park, que teria pago R$ 448 mil à 2M Comunicação entre 2021 e 2025. Assim como no caso da igreja, outra empresa de publicidade já prestava serviços ao negócio no mesmo período. Mott, que movimentou R$ 6,5 milhões em suas contas e teve R$ 643 mil apreendidos em espécie, foi preso preventivamente.
A PF o classifica como “uma espécie de representante do prefeito municipal, com influência sobre a cúpula administrativa municipal”.

Conversas encontradas em seu celular mostram que ele intermediava reuniões na prefeitura e dialogava com secretários e servidores sobre negócios. Em uma mensagem de janeiro de 2021, trocada com o então secretário de Administração, Fausto Bossolo, Mott menciona “um super negócio para todos”.
As investigações também identificaram a compra, por parte de Manga, de uma casa em condomínio fechado no bairro Boa Vista, em 2021, avaliada em R$ 1,5 milhão. A entrada de R$ 182 mil foi paga em dinheiro vivo, sem correspondência com saques ou transferências de contas do prefeito ou da primeira-dama, o que levantou suspeitas de uso de recursos ilícitos.
A Operação Copia e Cola segue em andamento e já levou à prisão de Simone, Josivaldo e Marco Mott. Para a PF, o grupo comandado por Manga constituiu uma estrutura “de natureza criminosa” que utilizava empresas de fachada e entidades religiosas para disfarçar a origem e o destino de valores obtidos com corrupção e desvios.
Fonte: DCM com informações do Estadão
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