domingo, 7 de setembro de 2025

Bolsonaristas usam atos de 7 de setembro para pressionar Congresso a aprovar anistia

Mobilizações em várias cidades ganham força com apoio de Tarcísio, Zema e Michelle Bolsonaro, enquanto STF se aproxima da condenação do ex-presidente

Tarcisio de Freitas | Ronaldo Caiado | Romeu Zema | Ato de apoio a Bolsonaro na Paulista (Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil | Rafa Neddermeyer/ Agência Brasil | José Cruz/Agência Brasil | Paulo Pinto/Agência Brasil)

Os atos de 7 de setembro deste ano, convocados por apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), ganharam novo fôlego e se tornaram peça central na estratégia bolsonarista para pressionar o Congresso a votar o projeto de lei que concede anistia ampla aos envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro, inclusive o ex-presidente. A informação é da Folha de S.Paulo, que aponta uma mobilização reforçada por governadores, parlamentares e lideranças religiosas.

A proposta, apresentada pelo líder do PL, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), prevê perdão a condenações que remontam ao inquérito das fake news de 2019 e poderia liberar Bolsonaro para concorrer em 2026. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que antes resistia em pautar o tema, admitiu pressão crescente após o apoio de partidos do centrão e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Diferente do ano passado, quando discursou na avenida Paulista pedindo o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro agora está em prisão domiciliar, acusado de violar medidas cautelares. Sua ausência física nos atos abre espaço para que outros nomes do campo conservador, como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema (Novo-MG), ganhem protagonismo nas ruas.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) intensificou os chamados nas redes sociais. “Essa vai ser a última manifestação antes da farsa que Alexandre de Moraes armou para condenar meu pai a 40 anos de prisão, mesmo sem ter feito absolutamente nada”, declarou em vídeo. Ele pediu mobilização popular: “Por isso, te peço, vem com a gente para a rua mais uma vez para mostrar que nós, o povo de bem deste país, votamos para absolver Jair Bolsonaro e exigimos o direito de votar em Bolsonaro para presidente em 2026”.

Flávio também destacou o impacto político dos protestos: “Quanto mais brasileiros nas ruas no 7 de setembro, mais rápido vamos conseguir aprovar a anistia aqui no Congresso.”

A movimentação deste domingo contará com nomes de peso. Além de Tarcísio e Zema, confirmaram presença o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que busca fortalecer sua posição no cenário estadual, e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que já havia participado de mobilização em Belém no mês passado.

Pastor evangélico e aliado histórico do bolsonarismo, Silas Malafaia é um dos principais organizadores do ato na Paulista. Ele disse esperar grande público. “O que acho que movimentou muito evangélicos para irem à rua é a covardia contra mim”, afirmou, em referência ao indiciamento pela Polícia Federal. Malafaia reforçou o caráter de pressão política dos atos: “Se um político não sente a pressão do povo, não sei que político é esse. Claro que o povo pressiona.”

Apesar da força da mobilização, a tramitação da anistia enfrenta entraves. Dirigentes do centrão discutem a possibilidade de uma versão mais enxuta do projeto, que poderia ser mais facilmente aprovada, mas manteria a inelegibilidade de Bolsonaro — cenário que abriria caminho para a candidatura de Tarcísio ao Palácio do Planalto em 2026.

Para avançar, a proposta ainda precisa superar resistências no Congresso. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), já se manifestou contrário à anistia ampla e sinalizou que apoiará um projeto alternativo. A disputa legislativa, somada à expectativa da condenação do ex-presidente pelo STF nos próximos dias, aumenta a tensão em torno dos atos deste 7 de setembro.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

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