quarta-feira, 4 de junho de 2025

Zambelli repete 'modus operandi' de Eduardo Bolsonaro, diz Moraes ao determinar prisão

Ministro do STF cita fala da deputada sobre urnas eletrônicas e ataque ao sistema do CNJ como elementos que justificam prisão preventiva

Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli (Foto: Paulo Sérgio/Câmara dos Deputados | Billy Boss/Câmara dos Deputados)

Na decisão que determinou a prisão da deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), nesta quarta-feira (4), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que a parlamentar afastada adota a mesma estratégia de atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Jair Bolsonaro (PL). Zambelli foi condenada a dez anos de prisão por invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e deixou o país após a sentença. Ela afirmou que voltaria a questionar a lisura das eleições de 2022, sem apresentar qualquer prova.

“A ré condenada afirmou, ainda, que adotará o mesmo modus operandi utilizado pelo deputado federal Eduardo Nantes Bolsonaro, investigado nesta Suprema Corte pelos crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito”, escreveu Moraes em sua decisão, de acordo com o Metrópoles.

O ministro destacou declarações públicas de Zambelli, como uma entrevista em que atacou a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro: “Sinceramente eu acredito que eleição – agora eu posso falar com mais tranquilidade – a gente sabe muito bem porque eu perdi, porque Bolsonaro perdeu, porque não foi eu que ajudei ele a perder. Não foi eu que incentivei. Não dá para a gente acreditar em pesquisas no nosso país, porque elas são manipuladas. E não dá para a gente acreditar em urnas eletrônicas. As urnas não são confiáveis”.

Zambelli afirmou que permanecerá na Europa para, segundo ela, “denunciar a ditadura” no Brasil, repetindo a linha adotada por Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos desde fevereiro. O deputado tem articulado com o governo do presidente Donald Trump medidas de retaliação contra ministros do STF, no contexto das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022.

“O caminho nos Estados Unidos já está asfaltado [pelo Eduardo Bolsonaro e pelo Paulo Figueiredo]. É justamente por isso que estou escolhendo a Europa. Lá a gente precisa de alguém que fale espanhol para conversar na Espanha, português para falar em Portugal, inglês para conversar com a Inglaterra. Eu tenho um italiano ainda não tão bom, mas vou desenvolver meu italiano. Quero estar nos principais lugares, falar com o povo francês. Em cada lugar temos pessoas que podem lutar por nós”, declarou a deputada, em trecho também citado por Moraes.

Eleita em 2018 e reeleita em 2022, Zambelli foi condenada pelo STF por envolvimento direto na ação que inseriu documentos falsos no sistema do CNJ. A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que ela teria orientado o hacker Walter Delgatti Neto, que incluiu, entre outros arquivos, um falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.

A decisão de Moraes pela prisão se dá no momento em que ainda cabe recurso à condenação, o que permitiu à parlamentar manter o passaporte e deixar o país.

Além do caso envolvendo o CNJ, Zambelli também responde por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal, após perseguir um homem armada, nas ruas de São Paulo, às vésperas do segundo turno da eleição presidencial de 2022. Na ocasião, ela alegou ter sido provocada.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

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