terça-feira, 10 de junho de 2025

No STF, Bolsonaro diz que só não deu golpe por “falta de clima” e de “base”

           Bolsonaro com exemplar da Constituição ao chegar ao STF. Foto: Brenno Carvalho


Jair Bolsonaro se defendeu, nesta segunda-feira (10), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), negando ter tido qualquer intenção de promover um golpe após as eleições de 2022. O ex-presidente afirmou que não havia “clima”, “oportunidade” ou uma “base minimamente sólida” para agir contra o resultado eleitoral, apesar de ter discutido alternativas com comandantes militares.

As reuniões, descritas como golpistas por ex-chefes das Forças Armadas, foram descartadas por Bolsonaro, que insiste que o debate não foi mais do que uma tentativa de compreender as opções dentro da Constituição.

Em um depoimento de mais de duas horas, Bolsonaro afirmou que se reuniu com oficiais das Forças Armadas e seus auxiliares para discutir possibilidades como a aplicação do Estado de Sítio ou da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva. No entanto, o ex-presidente afirmou que as opções não foram concretizadas devido à falta de apoio e de uma base sólida.

Ao ser questionado sobre o conteúdo da minuta golpista citada por seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, Bolsonaro negou ter participado diretamente da elaboração do documento. A minuta, que previa a prisão do ministro Alexandre de Moraes, foi alvo de investigações, mas o ex-presidente afirmou que nunca teve acesso ao material e que as reuniões sobre o tema não tinham caráter golpista, mas de análise constitucional.

Bolsonaro reforçou que, apesar de discussões internas sobre a situação pós-eleitoral, nunca houve intenção de levar adiante uma ação para alterar o resultado das urnas. “Golpe não é uma ação de meia dúzia de pessoas”, afirmou o ex-presidente, defendendo que, se houvesse realmente um movimento golpista, ele teria sido mais substancial.

Durante o depoimento, o ex-presidente também abordou sua postura sobre o sistema eleitoral brasileiro, reafirmando sua defesa pelo voto impresso. Segundo ele, a retórica sobre a confiabilidade das urnas sempre fez parte de sua carreira política, tanto como deputado quanto presidente. “Se não houvesse dúvida sobre o sistema eleitoral, nós não estaríamos aqui hoje”, disse, em defesa de sua retórica sobre o tema.

Além disso, Bolsonaro se desculpou pelas acusações feitas contra membros do STF em uma reunião ministerial de 2022. Ele reconheceu que não tinha provas das acusações de corrupção contra o ministro Moraes e outros integrantes da Corte e pediu desculpas pela insinuação.

O depoimento ocorre no âmbito da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro nas eleições. A Procuradoria-Geral da República acusa o ex-presidente de ter articulado um plano para impedir a posse de Lula, que incluiu, entre outros pontos, a criação de uma minuta golpista.

Fonte: DCM

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