Delator da trama golpista, ex-ajudante de Bolsonaro prestou novo depoimento após operação da PF; Gilson Machado também foi alvo e acabou preso
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), permaneceu por mais de três horas na sede da Polícia Federal, em Brasília, nesta sexta-feira (13), para prestar esclarecimentos sobre suspeitas envolvendo uma tentativa de obtenção de passaporte português.
A investigação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), aponta que Cid poderia estar articulando uma possível saída do país sem autorização judicial.
A nova ofensiva da PF foi desencadeada a partir de uma solicitação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que pediu ao STF a abertura de um inquérito para apurar a conduta do ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, também alvo da operação.
Em Recife, Machado foi preso preventivamente ainda durante a manhã. A polícia executou dois mandados de busca e apreensão e uma ordem de prisão — todos expedidos pelo STF.
◆ Passaporte e suspeitas de fuga
Segundo apuração do jornal Valor Econômico, chegou a ser decretada uma ordem de prisão contra Cid, que acabou revogada antes do cumprimento. Em nota oficial, a PF confirmou as diligências realizadas: “A Polícia Federal informa que cumpriu, nesta sexta-feira (13/6), dois mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva expedidos pelo Supremo Tribunal Federal. As ordens judicias foram cumpridas em Recife/PE e Brasília/DF”.
As suspeitas se intensificaram após indícios de que Machado teria tentado facilitar a emissão de um passaporte para Mauro Cid em maio. O ex-ministro, no entanto, nega qualquer irregularidade e alega que a solicitação do documento tinha como destinatário seu próprio pai.
A defesa de Cid, representada pelo advogado Cezar Roberto Bitencourt, confirmou que o militar compareceu espontaneamente à PF e reafirmou sua colaboração com as investigações.
Já a advogada Vânia Bittencourt, em entrevista à GloboNews, informou que “Cid e sua família possuem cidadania e carteira de identidade portuguesa” e acrescentou que o ex-ajudante de ordens “se dispôs a entregar o documento para a Justiça e não tem planos de deixar o Brasil sem autorização”.
De acordo com fontes da PF, os familiares de Cid já estariam nos Estados Unidos. Apesar de não haver impedimento legal para a viagem da família, os investigadores consideraram o movimento como suspeito e encaminharam os dados à PGR.
◆ Delator do núcleo golpista
Mauro Cid figura como personagem central na apuração sobre a tentativa de golpe de Estado que visava impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022. Delator premiado, ele é réu em uma das ações penais que miram o chamado “núcleo crucial” da trama, composto por oito investigados, entre eles o próprio Bolsonaro.
Durante depoimento prestado ao STF nesta semana, Cid reafirmou a existência da “minuta do golpe” e relatou que o ex-presidente “leu e enxugou” o documento. Ele detalhou que, embora a versão final suprimisse ordens de prisão contra autoridades, o nome do ministro Alexandre de Moraes foi mantido no texto.
Bolsonaro, por sua vez, negou qualquer intenção golpista ou a existência da referida minuta. Ainda assim, admitiu que teria apresentado aos comandantes das Forças Armadas “hipóteses constitucionais” sobre o cenário pós-eleitoral.
O caso segue sob segredo de Justiça.
Fonte: Brasil 247
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