O depoimento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), na última terça-feira (10), se tornou o principal assunto do dia nas redes sociais, com ampla repercussão no X. Segundo levantamento da consultoria Arquimedes encomendado pelo jornal O Globo, foram registradas 350 mil menções ao réu, superando em cerca de 100 mil as publicações sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Do total, 65% das menções foram negativas, 14% positivas e o restante neutras.
O clima nas plataformas foi marcado pelo humor e pela ironia. Um dos momentos mais compartilhados foi quando Bolsonaro, que é julgado por liderar uma tentativa de golpe de Estado após perder as eleições de 2022, pediu desculpas ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, por declarações mentirosas sobre supostas propinas recebidas por ele e outros membros do STF.
“Não tenho indício nenhum, senhor ministro. Era uma reunião para não ser gravada, foi um desabafo, uma retórica que usei. Então, me desculpe. Não tive intenção de acusar de desvio de conduta os três ministros”, disse o ex-presidente. A cena viralizou e ultrapassou o debate político, chegando a perfis populares como Choquei e PopTime.
Entre parlamentares governistas, o tom crítico prevaleceu. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) publicou um meme parodiando rótulos alimentares: “Alto em chances de ser preso”. A bancada do PT na Câmara também divulgou um vídeo em que deputados assistiam juntos à audiência. “Esse cara que construiu a trama golpista será condenado e preso em alguns dias”, afirmou Lindbergh Farias (PT-RJ).
Enquanto isso, aliados de Bolsonaro buscaram reforçar a narrativa de perseguição política. O Partido Liberal (PL) emitiu nota exaltando o réu: “Nosso presidente Jair Bolsonaro nunca esteve sozinho. Chegou onde chegou pela fé, pela coragem e pelo apoio de milhões de brasileiros”.
O líder do partido na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), declarou: “Força, Presidente! O Brasil sabe quem o senhor é. […] Não vamos nos calar!”
O fugitivo Eduardo Bolsonaro (PL-SP), deputado licenciado e filho do ex-presidente, compartilhou trechos de relatórios que, segundo ele, apontariam falhas nas urnas eletrônicas. No entanto, no STF, todos os golpistas recuaram da narrativa de fraude eleitoral.
Eduardo também publicou mensagens em inglês, tentando internacionalizar a defesa do pai, incluindo trechos do depoimento de Mauro Cid, que afirmou que a “minuta do golpe” não chegou a ser assinada por Bolsonaro.
Impacto na base de apoio
Para o pesquisador Pedro Bruzzi, da consultoria Arquimedes, o tom institucional adotado por Bolsonaro durante o depoimento enfraqueceu sua base de apoio. “A maioria das manifestações foi negativa porque ele dificultou a vida de quem estava disposto a defendê-lo”, afirmou.
Bruzzi destacou o momento em que Bolsonaro chamou de “malucos” aqueles que incentivaram os ataques de 8 de janeiro, o que pode ter desconcertado apoiadores mais radicais.
A mobilização nas redes começou ainda na segunda-feira (9), quando outros réus nas investigações mencionaram diretamente o ex-presidente, elevando a expectativa para seu depoimento. O pico de postagens ocorreu entre 16h e 18h, durante a oitiva de Mauro Cid, que depôs como réu colaborador.
Fonte: DCM
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