Supremo começa a ouvir nesta segunda os acusados. Há o temor de prisão durante o interrogatório
O Supremo Tribunal Federal (STF) será palco a partir desta segunda-feira (9) de um dos momentos mais delicados da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado que envolve Jair Bolsonaro (PL) e aliados do alto escalão militar e político. A audiência de interrogatório, considerada a mais tensa até agora no processo, incluirá depoimentos de Bolsonaro, Mauro Cid e outros seis réus.
Entre os advogados de defesa dos principais acusados, o clima é de apreensão e expectativa por um embate direto. A Lauro Jardim, do jornal O Globo, um dos defensores antecipou: “será uma audiência bastante tensa”. Outro foi ainda mais incisivo: “estou preparado para uma guerra”.
Além da tensão esperada, há um temor concreto entre os representantes legais de que o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso e presidente da Primeira Turma do STF, adote uma postura ainda mais rigorosa do que nas sessões anteriores. Nas últimas semanas, Moraes já repreendeu o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, afirmando: “se mentiu na PF, não pode mentir aqui”. Também ameaçou prender o ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo durante uma audiência anterior.
Agora, os advogados especulam que o ministro possa, inclusive, ordenar a prisão de um deles durante a sessão. Essa hipótese passou a circular nos bastidores diante da firmeza com que Moraes vem conduzindo os depoimentos e sua intolerância a versões que ele considera contraditórias ou mentirosas.
O primeiro a ser ouvido será o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e peça-chave do processo por ter firmado um acordo de delação premiada. As defesas dos demais acusados preparam-se para confrontar Cid de maneira contundente. Segundo um dos advogados, a intenção é “ir para cima do Cid para valer”, apontando incoerências entre as várias versões apresentadas por ele em seus depoimentos.
Além de Bolsonaro e Cid, também prestarão depoimento Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça), Augusto Heleno (ex-chefe do GSI), Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (ex-ministro da Casa Civil e da Defesa), este último participando por videoconferência.
A sessão, que será conduzida pela Primeira Turma do STF, representa um momento crucial para o avanço da ação penal que apura a articulação golpista.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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