Autoexilado nos Estados Unidos desde o início do ano, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) vive um momento de crescente isolamento político. Nos últimos três meses, o filho do ex-presidente acumulou brigas e trocas de ofensas com aliados do campo bolsonarista, incluindo governadores e dirigentes do próprio partido.
Entre os alvos estão Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Valdemar Costa Neto, Nikolas Ferreira, Ciro Nogueira e Tereza Cristina. Enquanto enfrenta denúncias na Procuradoria-Geral da República por tentativa de interferir no julgamento da trama golpista, Eduardo insiste em ser candidato à Presidência da República em 2026, mesmo sem o apoio integral do PL.
Em entrevista ao Metrópoles no dia (29) de outubro, Eduardo afirmou que mantém o desejo de suceder o pai: “É o meu desejo. Por qualquer partido. A minha base eleitoral não se preocupa muito com a questão partidária. Mas o próprio presidente Valdemar diz reiteradamente que vai seguir as orientações de Jair Bolsonaro. Se for o desejo do presidente Jair Bolsonaro, nós temos aí essa oportunidade.”
Nos bastidores, porém, aliados afirmam que ele se sente desprestigiado e frustrado com a falta de reconhecimento político, acreditando estar pagando um “preço alto” por permanecer fora do país, segundo o Estadão.
A crise mais recente envolve o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, a quem Eduardo chamou de “candidato do sistema” e “o cara que o Moraes quer”. Em julho, já havia criticado Tarcísio por negociar com empresários e diplomatas norte-americanos sem exigir anistia para Bolsonaro.
O deputado também atacou o governador Romeu Zema, dizendo que ele se preocupava apenas com “a elite financeira”, e acusou Nikolas Ferreira de falta de engajamento na defesa do ex-presidente. Após críticas do senador Cleitinho Azevedo, respondeu: “Imprudente foi darmos a vaga do Senado para você. Mas muitos dos nossos erros iremos corrigir.”
O racha dentro do PL ganhou força após Valdemar Costa Neto afirmar que Eduardo não tem votos sem o pai e que insistir em candidatura presidencial seria “ajudar a matar Bolsonaro”. O deputado reagiu com uma mensagem dura nas redes: “Não abdiquei de tudo para trocar afagos mentirosos com víboras.
Não lutei contra tiranos insanos para me sujeitar aos esquemas espúrios dos batedores de carteira da ocasião. Esse é o momento para resgatarmos a direita, não para a enfiarmos nas mãos sujas do aproveitador da ocasião.”

Eduardo também entrou em conflito com Ciro Nogueira e Tereza Cristina, que citaram Tarcísio e Ratinho Júnior como nomes viáveis para 2026, deixando-o de fora. À senadora, rebateu: “Assim, fica parecendo que seu conceito de viabilidade é aquele que se enquadra no seu interesse pessoal.”
Ele ainda atacou a deputada catarinense Ana Campagnolo após ela mencionar Carlos Bolsonaro em uma disputa ao Senado, dizendo que suas declarações foram “totalmente inaceitáveis” e “uma tremenda injustiça”.
Enquanto tenta manter protagonismo, o deputado é visto por aliados como cada vez mais isolado e emocionalmente desgastado. Valdemar Costa Neto tentou amenizar as tensões, dizendo ao Estadão que Eduardo faz um “grande sacrifício” ao viver longe da família e que seria “imbatível” em uma candidatura ao Senado por São Paulo. Ainda assim, setores do PL acreditam que o parlamentar dificilmente estará nas urnas por causa do processo no Supremo Tribunal Federal, que o coloca em situação política delicada.
Fonte: DCM
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