sábado, 15 de novembro de 2025

Comandante do Bope contradiz Castro e diz que confronto na mata não foi estratégia policial


       O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL). Foto: Reprodução

O comandante do Bope, tenente-coronel Marcelo Corbage, afirmou ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que o confronto na mata durante a chacina que deixou 121 mortos nos complexos da Penha e do Alemão não foi resultado de uma estratégia policial, como declarou o governador Cláudio Castro (PL), mas sim uma emboscada preparada pelo Comando Vermelho (CV). O depoimento contraria a versão oficial apresentada pelo governo no dia da ação. Com informações do G1.

Enquanto a operação ainda estava em curso, Castro afirmou que os tiroteios ocorreram “majoritariamente em área de mata” por decisão planejada, “para encurralá-los lá para que a população sentisse o mínimo possível”.

Segundo Corbage, porém, a ida ao alto da Vacaria não fazia parte do plano original: foi uma reação imediata a uma “estratégia até então desconhecida” dos criminosos da Penha e do Alemão. “A intenção era preparar uma emboscada”, relatou.

“Armadilha” alterou o plano

Corbage disse que a ofensiva dos traficantes — registrada por drones, mostrando criminosos camuflados avançando para a mata — levou policiais civis a progredirem em terreno sem resistência aparente, caindo em uma armadilha.

“Em razão da relativa falta de resistência, os policiais civis foram progredindo, sendo atraídos para uma armadilha”, afirmou.


Segundo ele, a reação dos criminosos “fugiu a todos os padrões anteriormente detectados”, com enfrentamento contínuo e sustentado.

Com policiais civis feridos e mortos, a operação deixou de ser cumprimento de mandados e se tornou “uma verdadeira operação de resgate”. Corbage afirmou que os dois agentes do Bope mortos estavam justamente no resgate das equipes atingidas.

“Muro do Bope”: comandante contesta tática anunciada após a ação

No dia seguinte à operação, a mais letal da história do país envolvendo forças policiais, a Polícia Militar apresentou a tática chamada de “Muro do Bope”, que supostamente consistiria em posicionar agentes no topo da Serra da Misericórdia para conter o avanço de traficantes.

Corbage negou que o Bope tenha se posicionado previamente para emboscar criminosos: “Não é verdade que os policiais do Bope tenham se posicionado previamente na Serra da Misericórdia para fazer o que é conhecido como ‘tróia’.”

Ele disse que o objetivo era impedir deslocamentos entre comunidades e não atuar diretamente na Vacaria. O enfrentamento, segundo ele, ocorreu porque traficantes já estavam entrincheirados em “verdadeiros bunkers”.

'Muro do Bope': mapa mostra estratégia da polícia do Rio em megaoperação. — Foto: Arte/g1
Polícia Militar apresentou a tática chamada de “Muro do Bope”. Foto: Reprodução

Delegados da Civil reforçam teoria da emboscada do CV

O diretor do Departamento-Geral de Polícia Especializada, André Luiz de Souza Neves, afirmou que não havia previsão de ingressar na mata, mas que policiais avançaram por instinto ao perceberem movimentações.

O comandante da Core, Fabrício Oliveira, reforçou que não houve emboscada policial, mas sim dos traficantes:
“Se houve uma emboscada ali em algum momento, foi dos traficantes contra os policiais civis. Diversos policiais foram baleados e dois morreram com tiro na cabeça.”

Fonte: DCM com informações do G1

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