Condenação iminente no STF e revés diplomático fragilizam projeto eleitoral do deputado
Deputado federal Eduardo Bolsonaro durante entrevista à Reuters em Washington (Foto: REUTERS/Jessica Koscielniak)
A situação jurídica e política do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sofreu um duro revés na semana em que se tornou réu por coação à Justiça, fato que pode tirá-lo da disputa eleitoral de 2026. A informação foi publicada pelo jornal Estado de S. Paulo e reforçada por análise do Valor Econômico, do jornalista César Felício, que aponta perda de protagonismo do parlamentar dentro da disputa pela liderança da direita no Brasil.
De acordo com a reportagem, caso a primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condene o deputado antes do registro de candidaturas, ele poderá ser enquadrado nos critérios de inelegibilidade previstos na Lei da Ficha Limpa, que veta a participação de políticos condenados por órgão colegiado. A corte já formou maioria contra o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que soma duas condenações eleitorais e uma criminal.
☉ Tarifaço recua após negociações e constrange discurso de Eduardo
A análise também destaca que o desgaste de Eduardo Bolsonaro ocorre justamente na semana em que avançaram as negociações entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado norte-americano Marco Rubio, que resultaram na atenuação do tarifaço imposto ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump. O tarifaço havia sido decretado sob o argumento de suposta perseguição judicial contra a direita brasileira — tese impulsionada pelo próprio Eduardo.
Trump anunciou a possível retirada de produtos como café, suco de laranja e carne do pacote de tarifas, movimento que diminuiu a expectativa de escalada da crise entre os dois países e enfraqueceu a narrativa do deputado.
☉ Disputa interna na direita se intensifica
O enfraquecimento de Eduardo coincide com o aumento das especulações sobre quem representará a direita na disputa presidencial de 2026. A reportagem observa que, apesar de não ter adversário definido, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdeu pontos após a megaoperação policial no Rio de Janeiro, estimulando movimentos do campo oposicionista.
Ganha força a hipótese de candidatura do senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ), o primogênito, o que geraria tensão com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), considerado o favorito do Centrão e da elite empresarial.
☉ Segmento radical do bolsonarismo perde espaço
Segundo o marqueteiro Felipe Soutello, citado na reportagem, Eduardo Bolsonaro vinha tentando consolidar uma imagem própria como representante da ala mais radical do bolsonarismo e encontrou eco em parte do eleitorado. No entanto, Soutello ressalta que esse segmento vem perdendo relevância:
“Como o preditor da eleição é o Lula, o antipetismo depende menos do bolsonarismo radical para ganhar a eleição, o que torna o ponto extremo menos relevante no conjunto”, afirmou.
O fenômeno, segundo ele, se estende a toda a família Bolsonaro.
☉ Quaest mede impacto de eventual cisão
Eduardo Bolsonaro ameaça romper com o grupo caso Tarcísio seja lançado candidato. A reação foi considerada tão relevante que a Quaest incluiu em sua pesquisa desta semana simulações de confronto direto entre o governador paulista e o deputado.
Embora o levantamento não tenha apontado com precisão quem enfrentaria Lula num eventual segundo turno, o estudo mostra alta rejeição de Eduardo, o que poderia torná-lo mais vulnerável em cenários de voto útil.
O especialista em eleições Antonio Lavareda, do Ipespe, avaliou:
“O segundo turno percola (passa para) o primeiro na fase final.”
☉ Condenação pode selar destino político de Eduardo
Caso a condenação do STF se concretize, a análise sugere que dificilmente Jair Bolsonaro, possivelmente preso em 2026, apoiaria uma candidatura do filho — que estaria inelegível e potencialmente no exterior. Além disso, o comando nacional do PL teria poucas razões para sustentar tal movimento.
Com isso, Flavio Bolsonaro desponta como o nome mais provável para liderar o campo bolsonarista na disputa contra Lula.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal Valor Econômico
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