terça-feira, 23 de setembro de 2025

Tarcísio não quer enfrentar Lula em 2026, dizem aliados

Rejeição ao governador cresce e Lula se consolida como favorito. Tarcísio já mira 2030

Lula e Tarcísio de Freitas (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil | Marcelo S. Camargo/Governo do Estado de SP)

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem sinalizado a interlocutores que não pretende disputar a Presidência da República em 2026, segundo o Metrópoles, que ouviu aliados próximos ao chefe do Executivo paulista. Segundo as fontes, o desgaste político recente, somado à falta de unidade da direita, levou Tarcísio a adotar um tom de desânimo sobre a possibilidade de enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no próximo pleito.

Tarcísio se mostrou incomodado com a pressão de lideranças do Centrão que o incentivavam a assumir o posto de principal adversário de Lula. A exposição antecipada teria gerado críticas públicas, ataques de adversários e maior desgaste com a militância petista. Além disso, sua rejeição nacional atingiu 40% em setembro, segundo pesquisa Genial/Quaest, ampliando a preocupação interna.

◈ Pressão e desgaste político

Um dos aliados mais próximos de Tarcísio avaliou que ele teria entrado em uma "furada" ao aceitar articulações com dirigentes partidários como Valdemar Costa Neto (PL), Ciro Nogueira (PP) e Antonio Rueda (União Brasil). Nesse processo, o governador se aproximou do discurso bolsonarista, inclusive defendendo a anistia a condenados por atos antidemocráticos e criticando duramente o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O movimento não trouxe dividendos políticos. Pelo contrário, fortaleceu a percepção de que o cenário presidencial é desfavorável. “Se antes ele [Tarcísio] demonstrava alguma dúvida em ser candidato [a presidente], hoje não parece restar mais nenhuma. Ele percebeu que o cenário é muito desfavorável pra ele no momento e que o Lula se fortaleceu no último mês”, resumiu um interlocutor.

◈ Recuo estratégico em São Paulo

Com o aumento da rejeição, Tarcísio decidiu “submergir”, voltando-se às agendas estaduais e à gestão no Palácio dos Bandeirantes. O governador busca retomar foco em obras, projetos de infraestrutura e respostas a crises locais, como o assassinato do ex-delegado-geral da Polícia Civil Ruy Ferraz Fontes, investigado por suposta ligação com o crime organizado.

Em ato público, o governador negou pretensões presidenciais e reafirmou o desejo de disputar a reeleição. “Diria que após pagar a fatura [ao bolsonarismo] ele ficou mais tranquilo para recusar um projeto nacional”, afirmou uma fonte próxima, em referência ao ataque de Tarcísio a Moraes durante o 7 de Setembro.

◈ Desorganização da direita e críticas internas

Outro fator que pesa contra a candidatura nacional é a falta de unidade da direita. Tarcísio se queixou de que a pauta do PL da Anistia e da PEC da Blindagem expôs fragilidades da base conservadora no Congresso. Atos organizados por partidos de esquerda e movimentos sociais contra esses projetos ampliaram a pressão.

A imagem do governador também foi abalada durante o episódio do chamado “tarifaço” aplicado pelo governo dos Estados Unidos contra produtos brasileiros. Tarcísio tentou adotar uma posição conciliadora: negociava uma saída diplomática, mas evitava críticas diretas ao presidente norte-americano, Donald Trump. O gesto lhe rendeu acusações de “submissão” por parte da oposição e ataques de aliados de Jair Bolsonaro, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

◈ Olhar para 2030

Embora ainda seja visto por lideranças do Centrão como o nome mais competitivo para enfrentar Lula, Tarcísio passou a avaliar que o momento não é favorável. Além da força da máquina federal, que deve lançar medidas populares em ano eleitoral — como a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda e do auxílio gás —, pesa a constatação de que sua rejeição avançou rapidamente.

O governador paulista agora sinaliza que prefere se concentrar em entregar resultados em São Paulo e consolidar sua imagem local. A aposta seria se reposicionar para uma disputa presidencial em 2030, já sem Lula na corrida. Caso confirme a decisão de buscar apenas a reeleição em 2026, nomes como o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD), podem ganhar protagonismo na oposição.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

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