quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Supremo rejeita pressão de Trump enquanto julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe se aproxima do fim

Alexandre de Moraes denuncia tentativa de coerção da Corte por parte de organização criminosa ligada a Trump, enquanto Bolsonaro aguarda veredito

      Donald Trump, STF e Alexandre de Moraes (Foto: Divulgação I STF)

O Supremo Tribunal Federal (STF) entrou nesta semana na fase final do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado de tramar um golpe de Estado após sua derrota eleitoral em 2022. O caso, considerado histórico, deve ser concluído até 12 de setembro e já mobiliza atenção internacional. A reportagem é da Reuters.

O julgamento ganhou contornos ainda mais tensos após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impor sanções contra ministros do STF e utilizar o processo como justificativa para sobretaxar produtos brasileiros em 50% e revogar vistos de magistrados brasileiros.

◈ Declarações de Moraes e a defesa da soberania

Na abertura da sessão, o ministro Alexandre de Moraes classificou as pressões vindas de Washington como inaceitáveis e denunciou que uma “organização criminosa” buscou submeter a Suprema Corte ao escrutínio de um Estado estrangeiro.

Segundo ele, tais tentativas não terão impacto na decisão: “A soberania nacional não pode, não deve e jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida”, afirmou Moraes.

◈ Bolsonaro, família e aliados

Bolsonaro insiste em sua inocência, mas reconheceu em entrevista à Reuters, em julho, que não acredita mais em absolvição. “Eles querem me condenar”, disse o ex-presidente, hoje em prisão domiciliar em Brasília.

Seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, mudou-se para os Estados Unidos em março e passou a articular em defesa do pai, chegando a reivindicar ter influenciado as medidas de Trump contra o Brasil. Ambos são investigados por suspeita de terem convidado a intervenção do governo norte-americano.

Amiga de longa data de Bolsonaro, a senadora Damares Alves relatou que o ex-presidente sofre de problemas de saúde, agravados desde a facada de 2018. Segundo ela, “é realmente um homem idoso sendo julgado, e muito doente”.

◈ Risco de fuga e vigilância reforçada

Preocupado com uma possível tentativa de fuga, Moraes determinou inspeções em todos os veículos que saem da residência de Bolsonaro e reforçou a vigilância no entorno. A medida foi tomada após a polícia encontrar documentos que sugeriam planos de buscar asilo político na Argentina — algo negado pela defesa.

Assim como em outros julgamentos de grande repercussão, o processo contra Bolsonaro é transmitido ao vivo e já atrai milhões de espectadores, aprofundando a polarização no país. O caso também remete aos ataques de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente invadiram e depredaram o Congresso e o próprio STF, em episódio comparado à invasão do Capitólio nos EUA em 2021.

Parlamentares aliados de Bolsonaro voltaram a atacar o processo. O senador Hamilton Mourão, ex-vice-presidente, classificou o julgamento como “vingança política”.

◈ Significado histórico

Além de Bolsonaro, militares de alta patente e outros aliados também respondem ao processo, que pode render penas superiores a 40 anos de prisão. Apesar disso, a legislação brasileira prevê a possibilidade de progressão de pena antes do cumprimento integral.

O julgamento representa um marco para a democracia brasileira: pela primeira vez, militares e políticos de peso podem ser responsabilizados por conspiração golpista, num país que nunca puniu os crimes cometidos pela ditadura de 1964 a 1985.

Fonte: Brasil 247 com informações da Reuters

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