terça-feira, 23 de setembro de 2025

"É um bom momento para negociar", diz porta-voz dos EUA após elogio de Trump a Lula


Amanda Roberson afirma que tarifas de Trump ao Brasil abrem espaço para novos acordos; Lula e o republicano devem conversar na próxima semana

Amanda Roberson, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA (Foto: Reprodução/Captura de tela de vídeo da Globonews)

A porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Amanda Roberson, afirmou nesta terça-feira (23) que o governo norte-americano considera este “um bom momento para negociar” novos acordos comerciais com o Brasil. A declaração foi feita em entrevista ao programa Estúdio i, da GloboNews, pouco depois de o presidente Donald Trump elogiar publicamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu discurso na 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

Questionada pela jornalista Andréia Sadi sobre a possibilidade de recuo nas tarifas impostas a produtos brasileiros, Amanda alegou que a política tarifária do republicano tem como objetivo abrir espaço para diálogo.

“O presidente Trump deixou claro desde o início, quando foram anunciadas as tarifas com o Brasil e os diferentes países do mundo, de que é uma oportunidade para negociar, para dialogar e chegar até acordos novos que beneficiam os dois países. O presidente Trump avaliou e considerou que as tarifas anteriores não protegiam as empresas americanas como era necessário, e agora é um bom momento para negociar de novo e chegar a novos acordos”, declarou.

◈ Encontro em preparação

Segundo a Reuters, o governo brasileiro confirmou a possibilidade de uma conversa entre Lula e Trump na próxima semana, após um rápido encontro de cerca de 20 segundos entre os dois nesta terça, nos bastidores da Assembleia da ONU. Foi a primeira vez que os líderes se cumprimentaram pessoalmente.

De acordo com fontes brasileiras, o cruzamento aconteceu quando Lula, após abrir os discursos da sessão, deixou a plenária e encontrou Trump, que se preparava para falar. O presidente dos EUA tomou a iniciativa de cumprimentar Lula e sugeriu uma reunião, que deve ocorrer em breve, embora ainda sem data ou formato definidos.

“Eu estava entrando e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu e nos cumprimentamos. Na verdade, combinamos de nos encontrar na próxima semana. Não tivemos muito tempo para conversar, apenas uns 20 segundos. Tivemos uma boa conversa e combinamos de nos encontrar na próxima semana, se houver interesse”, disse Trump em seu discurso.

O chanceler brasileiro Mauro Vieira reforçou que o governo espera o encontro, que também pode acontecer por telefone ou videoconferência caso a agenda de Lula não permita uma reunião presencial.

◈ Elogios e críticas no mesmo tom

Apesar do convite, Trump não poupou críticas ao Brasil, justificando a tarifa de 50% sobre diversos produtos brasileiros como resposta a “censura”, “corrupção judiciária” e suposta interferência em direitos de cidadãos norte-americanos.

“No passado, o Brasil tarifou nosso país de uma forma muito injusta, e por causa disso temos tarifas de volta. Como presidente, defendo a soberania e os direitos dos cidadãos americanos. Lamento dizer que o Brasil está indo mal e vai continuar indo mal. Eles só irão bem se trabalharem conosco. Sem a gente, vão falhar, como outros falharam”, declarou.

Mesmo sem citar diretamente os EUA, Lula, em seu próprio discurso, defendeu a soberania brasileira e criticou “medidas unilaterais e arbitrárias” contra as instituições e a economia do país.

“Mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia, reconquistada há quarenta anos pelo seu povo, depois de duas décadas de governos ditatoriais. Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia. A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável”, disse o presidente brasileiro.

◈ Reação dos mercados

O anúncio da possibilidade de reunião animou investidores: o real se valorizou cerca de 1% em relação ao dólar, e o Ibovespa subiu mais de 1%, atingindo nova máxima histórica.

Apesar do gesto de aproximação, o chanceler Mauro Vieira reiterou que, embora o Brasil esteja aberto a negociações comerciais, a soberania nacional não é negociável. “Estamos sempre prontos para conversar e negociar. A questão política é inegociável, mas estamos prontos para conversar sobre as tarifas, que são ilegais e não estão na estrutura dos acordos da OMC”, afirmou.

Fonte: Brasil 247

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