Presidente defende soberania na exploração mineral e afirma que negociações devem ocorrer sem tarifas ou ameaças
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil não pode permitir que a exploração de terras raras e outros recursos minerais siga o modelo adotado pela Ucrânia em acordo com os Estados Unidos. Em entrevista à BandNews, Lula anunciou a criação de um conselho vinculado diretamente à Presidência da República para proteger o setor mineral e assegurar que a exploração e o processamento sejam feitos em território nacional, relata o RT Brasil.
Segundo o presidente, a relação com Washington precisa ser pautada pelo respeito mútuo e por negociações equilibradas, sem recorrer a tarifas ou ameaças econômicas. "Olha, se o presidente americano quiser discutir isso, tem que ser numa mesa de negociação, não com taxação, não com ameaça. Utilizando a tributação como instrumento, como foi feito, pelo que eu acompanhei na imprensa, com a Ucrânia. Não existe isso. Aqui no Brasil eu gosto de ser considerado", disse Lula.
A fala faz referência ao acordo de minerais firmado entre EUA e Ucrânia, que concede a Washington direitos prioritários de compra e isenção tributária sobre 57 tipos de recursos naturais, incluindo metais de terras raras, petróleo e gás. O tratado gerou críticas por reduzir a soberania ucraniana.
Lula também comentou sobre a postura do Brasil diante de possíveis medidas de pressão econômica vindas do presidente Donald Trump. "Olha, nós fomos colônia durante muito tempo. Tem muita gente da elite brasileira que tem complexo de vira-lata. Tudo que os outros falam de fora pra dentro é bonito. Eu não nasci com esse complexo de vira lata", afirmou. O presidente deixou claro que qualquer acordo internacional para exploração de minérios no Brasil deve incluir a produção em território nacional. "E se o Brasil tiver que fazer acordo com um país para explorar alguns dos mineiros que temos aqui, isso terá que ser produzido aqui no Brasil", afirmou.
As declarações de Lula ocorrem em meio a uma disputa comercial com os Estados Unidos. Em 30 de julho, Trump determinou tarifas adicionais de 40% sobre produtos brasileiros, elevando a taxação total para 50%, sob alegação de que o Brasil adota práticas que ameaçam interesses americanos. As medidas passaram a valer em 6 de agosto. Na mesma semana, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes foi alvo de sanções previstas na Lei Magnitsky, como congelamento de ativos e restrições de entrada nos EUA, em resposta a decisões judiciais que atingiram aliados de Trump.
Lula encerrou reiterando a importância da soberania nacional. "Sem soberania, o Brasil não existiria. Foi ela que nos trouxe liberdade e independência. E é ela que aparece em primeiro lugar em nossa Constituição, entre os demais princípios fundamentais", concluiu.
Fonte: Brasil 247
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