terça-feira, 10 de junho de 2025

VÍDEO – Ex-comandante da Marinha confirma que Bolsonaro “estudou” golpe de Estado


                                      Almir Garnier em depoimento ao STF. Foto: reprodução

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) discutiu com militares a possibilidade de dar um golpe de Estado após sua derrota nas eleições de 2022. Garnier é réu na ação que apura a trama golpista e está prestando depoimento na Primeira Turma do STF, sob interrogatório do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo.

“Não houve conclusões ou discussões. O [então] presidente interrompeu essa reunião dizendo que talvez nos convocasse em outro momento, mas que ele estava pensando. Era um estudo, alguma coisa que ele parecia estar estudando”, declarou Garnier sobre o encontro ocorrido no Palácio da Alvorada em 7 de dezembro de 2022.

O almirante confirmou que na reunião foi apresentado um “cenário político e social” do país, incluindo a possibilidade de implantação de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). “Foi algo apresentado numa tela de computador… Não se aprofundou em nada”, disse Garnier, negando ter visto qualquer minuta formal do documento.



Sobre os acampamentos pró-Bolsonaro em quartéis, o ex-comandante afirmou que as Forças Armadas não identificaram fraudes nas urnas, mas que o então presidente compartilhava preocupações sobre a condução eleitoral.

“A ideia de que poderia haver fraudes estava dividida em duas vertentes”, explicou, referindo-se às análises técnicas das Forças Armadas e às questões jurídicas levantadas pelo PL.

Contradições com depoimento de Mauro Cid

O relato de Garnier contrasta com o depoimento de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que na segunda-feira (10) afirmou ao STF que o almirante teria dito ao ex-presidente que as tropas da Marinha estavam “à disposição” para uma ofensiva golpista.

Garnier negou veementemente a acusação: “Não houve deliberações… O presidente fez considerações que pareciam mais preocupações do que uma intenção de conduzir alguma coisa”.

Cid também revelou que Bolsonaro alterou pessoalmente uma minuta de decreto que previa medidas autoritárias, incluindo a prisão de ministros do STF – com exceção de Alexandre de Moraes. Além disso, confirmou ter recebido dinheiro em espécie do general Walter Braga Netto, entregue dentro de uma caixa de vinho no Alvorada.

O julgamento do “núcleo 1”, separado assim pela Procuradoria-Geral da República (PGR), começou por Cid dado o seu acordo de delação premiada. Após o militar, os demais investigados, incluindo o ex-presidente Bolsonaro, vão depor seguindo uma ordem alfabética, sendo:

– Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin), que já depôs;
– Almir Garnier Santos (ex-comandante da Marinha), depondo no início desta terça-feira;
– Anderson Torres (ex-ministro da Justiça);
– Augusto Heleno (ex-GSI);
– Jair Bolsonaro (ex-presidente);
– Paulo Sérgio Nogueira (ex-Defesa);
– Walter Braga Netto (ex-Casa Civil).


Braga Netto, único que não estará presente fisicamente por estar preso no Rio, será interrogado por videoconferência com sua imagem exibida em telão.

Acompanhe o depoimento de Garnier ao vivo:

Fonte: DCM

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