As manifestações em Los Angeles continuaram neste domingo (8), horas após a chegada da Guarda Nacional enviada por ordem do presidente Donald Trump. Os militares foram mobilizados para conter protestos contra operações de imigração, em movimento que foi criticado como uma tentativa de “militarizar a Califórnia”.
Por volta das 15h (horário local), tropas e policiais dispersaram manifestantes com gás lacrimogêneo e balas de borracha na rodovia 101, no centro da cidade. Mais tarde, carros autônomos foram incendiados e pelo menos sete pessoas foram presas, segundo a GloboNews.
Nas redes sociais, Trump divulgou vídeos das tropas avançando e afirmou que ordenou “todas as medidas necessárias para libertar Los Angeles da invasão migrante”. Segundo ele, os manifestantes estavam atacando agentes federais para impedir deportações.
A decisão do republicano foi anunciada no sábado (7), com o envio de 2 mil soldados da Guarda Nacional da Califórnia, mesmo sem o aval do governador Gavin Newsom. Em resposta, Newsom divulgou uma carta assinada por governadores democratas chamando a ação de “abuso de poder”.
“As tentativas de Donald Trump de militarizar a Califórnia são um alarmante abuso de poder”, escreveu Newsom.
A tensão entre o presidente e o governador cresce porque, pela lei, a Guarda Nacional é uma força sob comando estadual – ainda que possa receber verba federal e ser federalizada em casos específicos.
Trump não invocou a Lei de Insurreição de 1807, que permite o uso das forças armadas para reprimir rebeliões, mas recorreu a outra legislação que permite federalizar a Guarda em situações como ameaça à execução das leis dos EUA. A lei, no entanto, prevê que isso seja feito “por meio dos governadores”, o que não ocorreu no caso da Califórnia.
“A medida é deliberadamente provocativa e só servirá para aumentar as tensões”, disse Newsom.
De acordo com o decreto de Trump, as tropas não devem atuar como polícia, mas sim proteger os agentes do ICE (Imigração e Alfândega) durante operações. Especialistas alertam que isso pode abrir margem para confrontos.
“As tropas podem acabar usando força sob o pretexto de proteção”, disse o professor Steve Vladeck, da Universidade de Georgetown.
Essa não é a primeira vez que Trump tenta usar militares contra protestos. Em 2020, ele sugeriu invocar a Lei de Insurreição após a morte de George Floyd, mas recuou após resistência do então secretário de Defesa, Mark Esper.
Durante sua campanha para voltar à Casa Branca, Trump tem reforçado a ideia de usar a Guarda Nacional para conter a imigração e protestos, e já sinalizou que não irá esperar em caso de novos confrontos.
Após o anúncio, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, afirmou que fuzileiros navais de Camp Pendleton estão em alerta máximo e podem ser enviados se a violência aumentar.
Fonte: DCM
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