Grupo que “caçava comunistas” fez “encontro de patriotas” com desembargador e deputado
O coronel Etevaldo Luiz Caçadini, ex-colega de Bolsonaro, durante o 1º Encontro Nacional dos Grupos Patriotas, no Clube Militar, no Rio de Janeiro, em 2023. Foto: Reprodução
O evento contou com a presença do desembargador aposentado Sebastião Coelho e do deputado federal General Girão (PL-RN), ambos simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Durante o evento, Caçadini agradeceu publicamente a Sebastião Coelho, chamando-o de “grande amigo” e “parceiro nosso ativo”. Naquele ano, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) havia aberto investigação contra Coelho por incitar atos golpistas quando era desembargador do TJ do Distrito Federal.
Em seu discurso, Caçadini apontou para a bandeira do Brasil e disse: “essa bandeira aqui, ela não merece ser vermelha”. Já Sebastião Coelho afirmou que o STF “tomou as atribuições do Poder Executivo e as atribuições do Congresso Nacional”.
Etevaldo Luiz Caçadini e Sebastião Coelho durante o 1º Encontro Nacional dos Grupos Patriotas, no Clube Militar, no Rio de Janeiro, em 2023. Foto: Reprodução
Durante o evento, Girão declarou que “o Brasil continua sob ameaça e, para reagir, não basta o poder das armas. Tem que buscar o apoio da população, item básico da boa guerrilha”. Em tom de ironia, acrescentou: “Eu não quero dizer que a gente vai ser guerrilheiro, não. Daqui a pouco vão estar me processando de novo lá.”
Em janeiro deste ano, Girão foi condenado na esfera cível a pagar R$ 2 milhões por incentivar atos golpistas. No STF, há um inquérito sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes que investiga seu envolvimento no 8 de janeiro.
General Girão e coronel Caçadini durante o 1º Encontro Nacional dos Grupos Patriotas, no Clube Militar, no Rio de Janeiro, em 2023. Foto: Reprodução
Selfies com bolsonaristas
Outro participante do evento foi Hedilerson Barbosa, instrutor de tiro e também acusado de envolvimento no assassinato de Roberto Zampieri. Segundo a PF, ele integra o Comando C4. Hedilerson se apresenta como “veterano do Exército Brasileiro” e usa camisetas com a sigla AREB (Associação dos Reservistas do Brasil).
No Clube Militar, tirou selfies com Sebastião Coelho e General Girão, além de já ter aparecido com os deputados bolsonaristas Nikolas Ferreira (PL-MG) e Marcos Pollon (PL-MS), este último fundador do Movimento Pró-Armas
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O presidente do Clube Militar, general Sérgio Tavares Carneiro, também é ex-colega de Bolsonaro, Caçadini e Girão na Aman, da turma de 1975. Seu filho, Victor Carneiro, foi diretor da Abin durante o governo Bolsonaro, substituindo Alexandre Ramagem.
Nas investigações sobre a conspiração golpista de 2022, o general Augusto Heleno chegou a citar Victor Carneiro em um plano para infiltrar agentes da Abin nas campanhas adversárias.
Em endereços ligados a Caçadini, a PF encontrou uma tabela com preços para serviços de espionagem e assassinatos sob encomenda, tendo como alvos deputados, senadores e ministros do STF.
Em suas lives na conta “Frente Ampla Patriótica”, Caçadini frequentemente atacava o ministro Flávio Dino, do STF, a quem chamava de “comunista convicto”.
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