O gabinete da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), fugitiva da Justiça brasileira com mandado de prisão decretado, transferiu de outubro do ano passado a maio deste ano um total de R$ 125.140 a uma empresa de comunicação fundada em 2023 pela esposa de seu ex-assessor Jean Hernani Guimarães Vilela, que fora exonerado do cargo em agosto do ano passado, após ser alvo de mandado de busca e apreensão da Polícia Federal e de quebra de sigilo bancário e telefônico.
O motivo: foi Hernani, segundo os policiais federais, o homem responsável por pagar e negociar com o hacker Walter Delgatti, contratado pela parlamentar para inserir um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Dias após a operação policial, Zambelli exonerou o então assessor, tentando desvencilhar-se (ao menos, publicamente) daquele que desembolsou o dinheiro e contratou o serviço de Delgatti, em nome do gabinete da congressista.
Só o que Zambelli evitou tornar público foi o fato de que, um mês após mandar embora o assessor investigado, já estava contratando a empresa de sua esposa (fundada havia pouco mais de um ano), para ser a principal agência de comunicação e gerenciamento das redes sociais da bolsonarista.
O disfarce para continuar pagando seu assessor investigado pela PF por relação com o hacker de Araraquara (SP) sem levantar suspeitas não foi dos mais brilhantes, como é marca das estratégias de Zambelli.
Não apenas porque Monica Romina Santos de Sousa, a esposa de Jean Hernani, é única proprietária da jovem empresa contratada pela deputada, mas também porque a firma que a cônjuge fundou e preside tem o nome do marido: Hernani Filmes e Marketing Digital Ltda.
De outubro de 2024 a maio deste ano, foi a Hernani Filmes quem ganhou para fazer postagens nas redes sociais de Carla Zambelli. A empresa responsável pela tarefa anteriormente era a Thj Filmes e Marketing Digital Ltda, cujo único proprietário é Thomas dos Santos Souza, irmão da esposa do ex-assessor de Zambelli. Conforme dito, os disfarces nunca chegam a ser brilhantes, é a marca da deputada.
Em outubro de 2024, Zambelli achou por bem contratar as duas empresas, a da esposa e a do cunhado de seu assessor que contratara Delgatti. Para a primeira, entregou R$ 21.100. Para a segunda, o valor foi o que ela vinha pagando todos os meses: R$ 13.100.
Quer dizer: sem qualquer aumento no volume de trabalho, Zambelli resolveu pagar para a esposa de Hernani quase o dobro do que estava acostumada a gastar com suas redes sociais.
Já em novembro de 2024, pagou R$ 21.100 à firma da cunhada do ex-assessor e outros R$ 27.500 à empresa da esposa do mesmo. De novo aumentando seu gasto com posts de redes sociais. De novo sem justificar o motivo,
A partir daí, pagou só á empresa da esposa do ex-assessor, até ter entregue mais de R$ 104 mil à cônjuge.
Veja, abaixo, algumas das notas mensais com os valores que o contribuinte brasileiro repassou para o ex-assessor de Zambelli, exonerado por estar sob investigação da Polícia Federal, por ter pago Delgatti para hackear o TSE. Ao contrário de Jair Bolsonaro (PL-RJ), Zambelli não abandona seus asseclas na rua da Amargura.



Trajetória do assessor protegido de Zambelli
Jean Hernani Guimarães Vilela era auxiliar parlamentar júnior do gabinete da liderança do governo de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso quando sua esposa, Monica Romina Santos de Sousa, em abril de 2022, abriu agência de marketing digital.
Desde então, pelo menos 13 deputados do Partido Liberal (PL) já contrataram a empresa, que lucrou mais de R$ 340 mil reais só durante as eleições de 2022, mesmo ano em que a firma havia sido fundada, segundo dados da Justiça Eleitoral. Entre os clientes, está Carla Zambelli.
No início de 2024, Jean Hernani se tornou secretário parlamentar da deputada, assumindo o posto após passagem pelo gabinete da liderança do governo de Bolsonaro. Duas semanas depois, ele foi alvo de quebra de sigilo bancário e busca e apreensão, apontado pelas investigações da Polícia Federal (PF) como um dos envolvidos nas transações financeiras com o hacker Walter Delgatti, que teria sido pago por Zambelli para inserir um mandado de prisão falso contra o ministro Moraes.
A PF registra que teria partido de Hernani uma transferência de R$ 3 mil ao hacker em outubro de 2022 pelos serviços prestados — período em que ele ainda era da liderança do governo no Congresso. Para o ministro Moraes, a invasão aos sistemas do CNJ teria como objetivo “expor eventuais falsas vulnerabilidades dos sistemas do Poder Judiciário brasileiro, como forma de desacreditar o sistema eletrônico de votação”.
Fonte: DCM
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