Almir Garnier confirmou reunião com Bolsonaro em 2022, mas disse que discussões eram sobre "garantia da ordem", sem menção a ruptura democrática
O ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, prestou depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10) e confirmou sua participação em uma reunião com Jair Bolsonaro (PL) no Palácio da Alvorada, em 7 de dezembro de 2022. No entanto, negou ter visto uma "minuta golpista" ou colocado tropas à disposição de um eventual golpe de Estado, conforme aponta a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Garnier, terceiro réu do chamado "núcleo crucial" do processo a depor, afirmou que o encontro tratou de medidas de "garantia da lei e da ordem" (GLO), motivadas por protestos em frente a quartéis após as eleições, relata o g1. "Havia vários assuntos, o principal era a preocupação que o presidente tinha, que também era nossa, das inúmeras pessoas que estavam, digamos assim, insatisfeitas e se posicionavam no Brasil todo", declarou. Sobre a suposta minuta, disse: "eu não vi minuta, ministro. Eu vi uma apresentação na tela do computador. Quando o senhor fala minuta, eu penso em papel, em um documento que lhe é entregue. Não recebi".
O ex-comandante rebateu ainda o depoimento do ex-chefe da Aeronáutica, Carlos Baptista Junior, que o acusou de oferecer tropas para um golpe. "Não houve deliberações, o presidente não abriu a palavra para nós. Ele fez as considerações dele, expressou o que pareciam para mim mais preocupações e análises de possibilidades", afirmou.
◆ Contexto do processo - Os interrogatórios marcam a fase final de instrução do processo, que apura suposta tentativa de golpe após a derrota de Bolsonaro em 2022. Na segunda-feira (9), o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, delator do caso, confirmou que o ex-presidente revisou a minuta que previa medidas autoritárias, como a prisão do ministro Alexandre de Moraes. Já o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) negou ter usado a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar autoridades.
Ainda devem ser ouvidos o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno, e o próprio Bolsonaro, cujo depoimento está previsto para os próximos dias. Após os interrogatórios, as partes terão 15 dias para apresentar alegações finais antes do julgamento.
Fonte: Brasil 247 com informações do G1
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