Segundo a vereadora e jurista, Jair Bolsonaro fez “uma série de confissões” que o deixaram mais "vulnerável" e o aproximaram da condenação
Durante entrevista à TV 247, a vereadora de Recife pelo PT e professora de Direito Liana Cirne Lins afirmou que Jair Bolsonaro (PL) comprometeu gravemente sua própria defesa ao depor no Supremo Tribunal Federal (STF) na terça-feira (10). “Politicamente ele utilizou o julgamento como palanque eleitoral para a base de aliados e foi muito feliz. Mas juridicamente ele se complicou”, avaliou a jurista.
Para Liana, Bolsonaro adotou uma postura que contrasta com a de outros investigados, como o general Braga Netto. “Ele ou confessou ou não controverteu, não impugnou especificamente os fatos dos quais está sendo acusado”, explicou. “Quando ele não controverte, ele faz com que a prova contra ele seja já admitida".
Enquanto Braga Netto refutou todas as acusações, exigindo que o Ministério Público apresente provas ponto a ponto, Bolsonaro seguiu por caminho inverso. De acordo com a vereadora, “ele confessa e admite uma série de fatos jurídicos que são muito relevantes”.
Entre as confissões destacadas, Liana apontou o reconhecimento de que usou um discurso contínuo sobre fraudes eleitorais. “Ele admitiu se valer de um discurso sistemático de fraudes eleitorais e, politicamente, reconhece que essa fraude eleitoral jamais existiu. É muito importante isso porque todo o fundamento da denúncia inicia pelo fato da estratégia de ter se valido de um discurso sistemático de fraude eleitoral para desestabilização democrática. Então ele admite a premissa".
A jurista também destacou que Bolsonaro não negou o conteúdo e o conhecimento da chamada “minuta do golpe”. Segundo ela, o ex-presidente confirmou ter acesso ao documento e ainda revelou que o apresentou em reunião com os comandantes das Forças Armadas. “Ele poderia ter controvertido isso e não controverteu. Ele admite que existia e que ele teve acesso e conheceu a minuta do golpe”, afirmou. “Essa é uma admissão muito relevante".
Outro ponto citado foi a busca por “alternativas” ao resultado das eleições de 2022. Bolsonaro admitiu considerar medidas como estado de sítio e estado de defesa, sob o argumento de que agia “dentro das quatro linhas da Constituição”. Liana rebateu: “não existe alternativa ao resultado das urnas dentro das quatro linhas da Constituição".
Ela ainda ressaltou que o ex-presidente assumiu que não atuou para conter seus apoiadores radicais após a derrota eleitoral. “Ele fala muito que desmobilizou os caminhoneiros, mas admitiu que se omitiu em desmobilizar os militantes. Ele chama de ‘malucos’, ofende os próprios apoiadores, mas admite que se omitiu em desmobilizar".
Por fim, Liana Cirne destacou a admissão da reunião entre Bolsonaro e o hacker Walter Delgatti. “Confessa que teve a reunião com o hacker, cujo propósito era justamente provar que as urnas eletrônicas poderiam ser fraudadas”, afirmou.
A jurista concluiu que o depoimento de Bolsonaro contribuiu para torná-lo mais vulnerável judicialmente: “juridicamente é uma série de confissões e admissões que prejudicam muito o Bolsonaro no depoimento de ontem. Ele se colocou em uma posição bastante vulnerável".
Fonte: Brasil 247
Nenhum comentário:
Postar um comentário