quarta-feira, 28 de maio de 2025

‘Transposição do Rio São Francisco é a redenção de um povo’, diz Lula

Presidente destacou simbolismo da obra e cobrou prefeitos e governadores para garantir que a água chegue tratada às casas do semiárido

           Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: RICARDO STUCKERT)

Em discurso carregado de emoção e memória pessoal, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva celebrou, nesta quarta-feira (28), em Pernambuco, o avanço das obras da transposição do Rio São Francisco, classificando o empreendimento como “a redenção de um povo”. A fala ocorreu durante a assinatura da ordem de serviço para ampliação da capacidade de bombeamento do Eixo Norte do Projeto de Integração do São Francisco (PISF), em evento que marcou o encerramento da jornada Caminho das Águas, parte do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). As informações são da Secretaria de Comunicação da Presidência da República.

A obra, cujo investimento anunciado é de R$ 491,3 milhões, irá duplicar a vazão de água nas estações de bombeamento EBI1 (Cabrobó), EBI2 (Terra Nova) e EBI3 (Salgueiro), todas em Pernambuco. Com a ampliação de 24,75 m³/s para 49 m³/s, o projeto beneficiará diretamente cerca de 8,1 milhões de pessoas em 237 municípios nos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Durante o evento, Lula resgatou o histórico do projeto, iniciado ainda no Império: “Essa obra não é uma invenção do Lula. É um desejo do imperador Dom Pedro II desde 1846. São 179 anos que se pensa em fazer a transposição do Rio São Francisco”, afirmou.

‘Não era para granfino surfar, era para o povo beber’ - Em um dos trechos mais marcantes do discurso, o presidente criticou a visão elitista sobre grandes obras no Nordeste: “Não é para fazer piscina com onda para que os granfinos do Nordeste pudessem surfar, não era para fazer uma praia para atrair turistas. É uma coisa mais simples e mais sagrada. A transposição das águas do Rio São Francisco tinha como objetivo dar aquilo que Deus dá a todo mundo: um copo d’água para beber”, declarou

Lula ainda compartilhou lembranças pessoais da infância no sertão, quando buscava água em açudes contaminados: “Eu sei o que é ir para o açude sujo pegar água para beber, colocar água num pote para assentar, para não tomá-la com caramujo ou fezes de cabrito, de cachorro, de gato, de cavalo. Eu sei o que é tomar água sem tratar, sequer sem filtrar.”

✤ Chamado à responsabilidade de estados e municípios - O presidente enfatizou que a obra federal representa apenas a primeira etapa do processo, e que a entrega plena depende da ação coordenada com estados e municípios. “A coisa mais sagrada – e aqui um recado aos prefeitos e governadores – é que a gente está fazendo a primeira parte da obra, que é trazer a água. Mas essa água tem que chegar nas casas”, advertiu.

Para Lula, o sucesso da transposição será medido não apenas pelos quilômetros de canal construídos, mas pela presença da água potável nos lares do povo do semiárido. “O fim da transposição não é terminar essa obra, é fazer a água chegar na casa das pessoas tratada e com qualidade”, frisou.

✤ Obstáculos e compromisso pessoal - Lula relembrou os desafios enfrentados para dar início ao projeto, inclusive as resistências políticas. “Quando cheguei à Presidência, tinha na mente a imagem de gente sofrendo, andando léguas para pegar um pote d’água. Era uma situação difícil porque tínhamos estados que eram contra. Eu resolvi fazer e enfrentar todas as adversidades do mundo.”

Ele também ressaltou o envolvimento da ex-presidenta Dilma Rousseff, destacando o desejo de ver a inauguração durante seu mandato. “Nem sempre a gente tem todo o dinheiro que a gente precisa”, ponderou.

Encerrando a fala, Lula reforçou o simbolismo da transposição: “Por isso eu resolvi fazer esta obra, porque acredito que ela é a redenção de um povo. E é por isso que eu venho aqui quantas vezes forem necessárias.”

✤ Crítica indireta a gestões anteriores - Sem citar nomes, o presidente lamentou que nem todos os governos tenham valorizado a obra: “Lamentavelmente, teve época que o Brasil foi governado por gente que não gosta disso.”

Fonte: Brasil 247

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