O ex-comandante da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Junior e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução
O depoimento do ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior ao Supremo Tribunal Federal (STF), na última quarta-feira (21), foi considerado “esclarecedor” e “preciso” por ministros da Corte, conforme informações do Globo. A audiência ocorreu no âmbito da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
A oitiva do brigadeiro era aguardada com expectativa, principalmente após o ex-comandante do Exército, general Marco Antonio Freire Gomes, tentar minimizar as articulações golpistas durante seu depoimento ao STF, na segunda-feira (19), primeiro dia das audiências.
Internamente, o depoimento de Baptista Junior foi visto como importante para reequilibrar a condução dos testemunhos, depois do desconforto causado pela fala de Freire Gomes.
Segundo ministros que acompanharam a audiência, Baptista Junior demonstrou “seriedade” e reafirmou tudo o que havia relatado anteriormente à Polícia Federal. Um magistrado descreveu o ex-comandante da Aeronáutica como uma pessoa “firme”.
Durante seu testemunho, Baptista Junior confirmou que presenciou Freire Gomes ameaçar o então presidente Jair Bolsonaro (PL) com prisão durante uma reunião em 2022. A ordem de prisão foi negada por Freire Gomes na segunda-feira.
“O general Freire Gomes é uma pessoa polida, educada. Logicamente ele não falou essa parte com agressividade com o presidente da República, ele não faria isso. Mas é isso que ele falou. Com muita tranquilidade, com muita calma, mas colocou exatamente isso: ‘se o senhor tiver que fazer isso, vou acabar lhe prendendo’”, afirmou o brigadeiro.
Ele também relatou que o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, colocou as tropas da Marinha “à disposição” do ex-presidente.
“Em uma dessas reuniões, eu tenho uma visão muito passiva do almirante. Eu lembro que o ministro Paulo Sérgio e eu conversávamos mais, debatíamos mais, tentávamos demover mais o presidente. Em uma dessas reuniões, chegou o ponto em que ele falou que as tropas da Marinha estariam à disposição do presidente Bolsonaro”, disse.
Depoimento de Freire Gomes
No depoimento de segunda-feira, Freire Gomes havia confirmado encontros com Bolsonaro no Palácio da Alvorada para discutir a instauração de Estado de Sítio, de Defesa ou Garantia da Lei e da Ordem (GLO), mas afirmou que esses instrumentos estão previstos na Constituição e que, por isso, não lhe causaram “espécie”.

A declaração foi questionada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, que leu trechos do depoimento anterior do general à Polícia Federal.
Moraes advertiu Freire Gomes e explicou ao militar que uma testemunha não pode esconder informações. Em seguida, deu a ele a oportunidade de corrigir o que havia dito. Freire Gomes confirmou as declarações.
“Eu queria advertir a testemunha. Ela não pode omitir o que sabe. Vou dar uma chance para a testemunha falar a verdade. Se mentiu para a Polícia Federal, tem que dizer que mentiu para a polícia”, disparou Moraes.
Fonte: DCM
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