quarta-feira, 21 de maio de 2025

“No dia 1º de janeiro o senhor não será presidente”, disse ex-chefe da FAB a Bolsonaro


Carlos de Almeida Baptista, então comandante da FAB, e o então presidente Jair Bolsonaro em graduação de sargentos, em 2022. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, ex-comandante da FAB (Força Aérea Brasileira), disse ao então presidente Jair Bolsonaro, no fim de 2022, que ele não seria presidente no dia 1º de janeiro do ano seguinte. A declaração foi dada durante reunião em que a minuta golpista foi apresentada a ele e ao então comandante do Exército, general Freire Gomes.

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta (21), o brigadeiro disse que Bolsonaro chamou os comandantes das Forças diversas vezes para falar sobre a trama golpista e a possibilidade de fraude nas urnas eletrônicas.

“Eu falei com o presidente Bolsonaro: aconteça o que acontecer, no dia 1º de janeiro o senhor não será presidente”, relatou Baptista Júnior no depoimento. O então presidente também tentou adiar a publicação de um relatório do Ministério da Defesa que apontava não existirem provas de fraude no sistema eleitoral.

Durante a reunião, Freire Gomes ainda ameaçou prender Bolsonaro se o plano golpista fosse levado adiante e o então comandante da Marinha, Almir Garnier, colocou suas tropas à disposição do presidente, segundo o brigadeiro.

O então presidente Jair Bolsonaro e o então comandante do Exército general Freire Gomes durante cerimônia militar em agosto de 2022. Foto: Gabriela Biló/Folhapress

Baptista Júnior disse ter ficado “muito preocupado” com o andamento das reuniões ao entender que Bolsonaro queria discutir um decreto para impor um golpe de Estado. “Eu falei: ‘não admito sequer receber esse documento, não ficaria aqui’. Levantei, saí da sala e fui embora. Como eu falei para o senhor, na guerra o objetivo político é quem faz ganhar ou perder a guerra, não é o militar”, contou.

O ex-chefe da Aeronáutica diz que ele e Freire Gomes foram contrários ao golpe e tentaram “demover” Bolsonaro, mas Garnier não tinha “a mesma postura”. “Em uma dessas reuniões, chegou o ponto em que ele falou que as tropas da Marinha estariam à disposição do presidente”, relatou.

No encontro, o então comandante da Marinha ainda teria informado que possuía “14 mil fuzileiros” para ajudar Bolsonaro.

Fonte: DCM

Nenhum comentário:

Postar um comentário