Em entrevista à Veja, deputado diz que Jair Bolsonaro ainda é o “candidato natural” e defende resgate do “espírito de 2018” para 2026
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) admitiu, pela primeira vez de forma explícita, que pode disputar a Presidência da República em 2026, desde que essa seja uma missão delegada por seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro. A declaração foi dada em entrevista à revista Veja e marca a entrada formal do parlamentar no debate sucessório da direita brasileira, que busca uma liderança viável diante da inelegibilidade de Jair Bolsonaro até 2030.
“Obviamente, se for uma missão dada pelo meu pai, vou cumprir. Inclusive meu nome já figurou em algumas pesquisas, né? Fiquei feliz”, afirmou Eduardo. “Mas eu acho que, numa democracia normal, quem deveria ser o candidato é o Jair Bolsonaro, que inclusive lidera diversas pesquisas”.
Eduardo Bolsonaro é investigado por suas articulações com o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em um episódio que envolveu suposta tentativa de retaliação a autoridades brasileiras, como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar disso, o deputado busca se posicionar como liderança política nacional e enfatiza a necessidade de retomar a mobilização que elegeu seu pai em 2018: “Temos que resgatar o espírito de 2018, sem cometer os erros de 2022”, disse.
Com o campo bolsonarista em busca de um novo nome para 2026, outras alternativas vêm sendo ventiladas. Entre elas, destacam-se a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Questionado sobre esses nomes, Eduardo foi diplomático, mas reafirmou que a decisão final será do pai. “Tarcísio é um excelente gestor. Mas ele tem dito que o objetivo dele é a reeleição ao governo de São Paulo. Foi um excelente ministro da Infraestrutura”, afirmou.
Sobre Michelle Bolsonaro, que apresenta bom desempenho em pesquisas eleitorais, Eduardo destacou sua capacidade de comunicação com o público evangélico e feminino. “A rejeição à Michelle é muito baixa. O discurso dela é muito próximo das mulheres e dos evangélicos. Mas é o Jair Bolsonaro, na verdade, quem vai decidir”, frisou. E concluiu: “Acredito que há uma chance, que há uma luz no fim do túnel pra gente corrigir a democracia brasileira e conseguir colocá-lo como candidato”.
Apesar da inelegibilidade imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, Jair Bolsonaro ainda não descarta seu próprio retorno à disputa. “Eu não posso bater o martelo agora”, disse o ex-presidente, também em entrevista recente. Ao comentar os nomes de Michelle e Eduardo, afirmou: “A Michelle não pediu para entrar nas pesquisas, botaram o nome dela e ela tem aparecido na frente do Lula. [...] O outro é o Eduardo, que está nos Estados Unidos, que aparece em pesquisas por aí também, perdendo para o Lula, mas aparece. Tem muito tempo até lá”.
A movimentação no entorno do clã Bolsonaro indica uma tentativa de manter viva a liderança do ex-presidente no espectro da direita e preparar o terreno para a eleição de 2026, seja com Eduardo, Michelle, Tarcísio ou com ele próprio, caso consiga reverter sua situação jurídica.
Fonte: Brasil 247
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