domingo, 18 de maio de 2025

Selic a 14,75% é "um crime" e "não vai resolver o problema da inflação", diz José Dirceu

Ex-ministro critica a atuação do Banco Central e a meta de inflação e diz que a Selic alta “aumenta a dívida pública e impede o investimento”

(Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

 O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT) voltou a disparar duras críticas contra a condução da política monetária brasileira. Em entrevista ao Metrópoles, ele classificou como “um crime” a atual taxa de juros básica da economia, fixada em 14,75% pelo Banco Central.

“Eu considero um crime o Brasil ter uma taxa de juros alta. Isso não vai resolver o problema da inflação. Sou contra a taxa de 14,75%. Ela aumenta a dívida pública, impede o investimento”, afirmou, ao criticar diretamente a condução da autoridade monetária.

Dirceu foi enfático ao afirmar que sua crítica se dirige ao Banco Central como um todo, e não apenas a seu presidente, Gabriel Galípolo, escolhido para o cargo pelo presidente Lula (PT). “[Condeno] a atuação do Banco Central”, respondeu quando questionado sobre a gestão de Galípolo.

Segundo o ex-ministro, a inflação brasileira está sendo julgada com base em uma meta considerada, por ele, distante da realidade do país. “Estamos sem déficit primário praticamente e a inflação está fora da meta porque é irreal. Três por cento num país como o Brasil é irreal. A meta não era essa. Eu sempre fui contra desde o primeiro governo do Lula. A meta era 4%, 5,5% ou 2,5%”, declarou.

Dirceu também fez um paralelo com o cenário internacional para sustentar sua crítica à taxa de juros elevada. Para ele, mesmo sem alcançar plenamente suas metas inflacionárias, economias centrais estão optando por reduzir os juros para estimular o crescimento. “Os países capitalistas centrais estão reduzindo os juros mesmo sem reduzir a inflação, pois sabem que a economia precisa crescer”, pontuou.

Fonte: Brasil 247

Leão XIV dá início a pontificado, pede unidade da Igreja e promete não agir como “autocrata”

Em inauguração como novo papa, Leão XIV fez um chamado pela unidade da Igreja dividida

Papa Leão XIV acena para as pessoas ao chegar no papamóvel para sua missa inaugural no Vaticano, em 18 de maio de 2025 (Foto: REUTERS/Matteo Minnella)

(Reuters) – O papa Leão XIV iniciou formalmente seu pontificado neste domingo com um apelo à unidade e à preservação da herança da Igreja Católica, prometendo não governar como “um autocrata”. Ele também buscou diálogo com os conservadores que se sentiram abandonados sob seu antecessor.

Após um primeiro percurso em seu papamóvel diante de uma multidão estimada em até 200 mil pessoas na Praça de São Pedro e arredores, Leão foi oficialmente instalado como o 267º pontífice da Igreja Católica Romana, durante uma missa campal.

Fiéis acenavam com bandeiras dos Estados Unidos e do Peru, reivindicando ambos o papa como “seu”. Nascido em Chicago, o pontífice de 69 anos viveu muitos anos como missionário no Peru e possui também cidadania peruana.

Robert Prevost, praticamente desconhecido no cenário internacional e tornado cardeal apenas dois anos atrás, foi eleito papa em 8 de maio após um breve conclave que durou menos de 24 horas.

Ele sucede o argentino Francisco, falecido em 21 de abril, que liderou a Igreja durante 12 anos turbulentos, marcados por enfrentamentos com tradicionalistas e a defesa dos pobres e marginalizados.

Em sua homilia, lida em italiano fluente, Leão afirmou que, como líder dos 1,4 bilhão de católicos romanos no mundo, dará continuidade ao legado social de Francisco, incluindo o combate à pobreza e a proteção ao meio ambiente. Também prometeu enfrentar “as questões, preocupações e desafios do mundo atual” e, em sinal aos conservadores, declarou que protegerá “a rica herança da fé cristã”, repetindo diversas vezes o apelo por unidade.

A multidão entoou “Viva il Papa” (Viva o Papa) e “Papa Leone”, seu nome em italiano, enquanto ele acenava do papamóvel antes da missa inaugural, que contou com a presença de dezenas de líderes mundiais.

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, católico convertido e crítico de Francisco por causa da rígida política migratória da Casa Branca, liderou a delegação americana, ao lado do secretário de Estado, Marco Rubio, também católico.

Vance apertou brevemente a mão do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, no início da cerimônia. Os dois haviam se encontrado pela última vez em fevereiro na Casa Branca, onde protagonizaram um confronto diante da imprensa internacional. Zelenskiy e Leão teriam uma reunião privada mais tarde no domingo, enquanto Vance deve se encontrar com o papa na segunda-feira.

Em um apelo breve ao fim da missa, Leão abordou diversos conflitos globais. Disse que a Ucrânia está sendo “martirizada” — expressão recorrente de Francisco — e pediu uma “paz justa e duradoura” no país. Também mencionou a crise humanitária em Gaza, afirmando que o povo do enclave palestino está sendo “reduzido à fome”.

Entre os fiéis que lotaram a Praça de São Pedro havia muitos peregrinos dos EUA e do Peru.

Chamado à unidade

Dominic Venditti, de Seattle, disse estar “extremamente entusiasmado” com o novo papa. “Gosto de como ele é emotivo e gentil”, afirmou. “Adoro a trajetória dele.”

Desde sua eleição, Leão já indicou prioridades centrais para seu pontificado, como alertas sobre os perigos da inteligência artificial e a importância de promover a paz no mundo e na própria Igreja.

O papado de Francisco deixou uma Igreja dividida, com conservadores acusando-o de gerar confusão, especialmente por declarações improvisadas sobre temas como moral sexual e uniões entre pessoas do mesmo sexo.

Ao dizer que assumia a missão “com temor e tremor”, Leão usou as palavras “unidade” ou “unido” sete vezes em seu discurso e mencionou “harmonia” em quatro ocasiões.

“Jamais se trata de conquistar os outros pela força, por propaganda religiosa ou por meios de poder. Trata-se sempre e apenas de amar, como Jesus amou”, disse ele, em aparente referência à guerra verbal entre católicos conservadores e progressistas.

Conservadores também acusavam Francisco de governar de forma autoritária e lamentavam o fato de ele não consultar amplamente antes de tomar decisões importantes.

Referindo-se a São Pedro, o apóstolo do século I de quem os papas herdariam sua autoridade, Leão afirmou: “Pedro deve apascentar o rebanho sem jamais ceder à tentação de ser um autocrata, impondo-se sobre aqueles que lhe foram confiados. Pelo contrário, ele é chamado a servir a fé de seus irmãos e irmãs, e a caminhar ao lado deles.”

Entre os líderes mundiais presentes estavam os presidentes de Israel, Peru e Nigéria; os primeiros-ministros da Itália, Canadá e Austrália; o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Membros da realeza europeia também ocuparam os assentos VIP próximos ao altar, incluindo o rei Felipe VI e a rainha Letizia, da Espanha.

Leão cumprimentou muitos desses líderes ao fim da cerimônia e abraçou seu irmão Louis, que viajou da Flórida para prestigiá-lo.

Como parte da liturgia de posse, o novo papa recebeu dois itens simbólicos: o pálio, uma vestimenta litúrgica feita de lã de cordeiro que simboliza seu papel como pastor, e o anel do pescador, em referência a São Pedro, que era pescador.

Fonte: Brasil 247 com Reuters

Criticado por Janja, TikTok ainda abriga vídeos do 'desafio do desodorante', que matou Sarah Raíssa, de 8 anos

Mesmo após a tragédia, vídeos com variações do desafio continuam no TikTok e no Kwai, apontam pesquisadora e relatório

      Logo do TikTok logo em um celular (Foto: REUTERS/Dado Ruvic)

Apesar da comoção nacional causada pela morte de Sarah Raíssa Pereira de Castro, de apenas 8 anos, em abril deste ano, vídeos promovendo o chamado “desafio do desodorante” seguem circulando em plataformas populares como o TikTok e o Kwai. A informação foi revelada em reportagem publicada pela Folha de S. Paulo, que reuniu dados de uma pesquisa coordenada pela psicóloga Fernanda Rasi Madi, especializada em conteúdos violentos nas redes.

Segundo o estudo, mesmo após a tragédia, os vídeos não apenas continuam disponíveis, como também ganham novas versões — entre elas, práticas que envolvem a queima da pele com aerossol ou o uso prolongado do spray até a explosão do recipiente. A pesquisa mostra ainda que os vídeos são, muitas vezes, publicados com hashtags relacionadas à saúde mental, o que, segundo Madi, "demonstra a tentativa de alcançar adolescentes psicologicamente vulneráveis".

◉ Desafios servem de porta de entrada para conteúdo extremo - A coleta de dados realizada entre 15 de abril e 7 de maio identificou mais de 30 vídeos relacionados ao desafio do desodorante, acumulando desde algumas dezenas até mais de 84 mil curtidas e milhões de visualizações. O levantamento também concluiu que nem todos os conteúdos incentivam diretamente a realização dos desafios. Há publicações que aparentam ser alertas, mas acabam funcionando como tutoriais velados.

Para Madi, esse tipo de material representa a porta de entrada para uma espiral de dessensibilização que pode levar os jovens a ambientes virtuais mais radicais e perigosos. “Eles criam missões em troca de recompensas como fama e validação social”, explica. A especialista destaca que há grupos extremistas se aproveitando dessa lógica para recrutar adolescentes, muitas vezes por meio de jogos ou desafios aparentemente inofensivos.

“A permanência desse conteúdo nas redes evidencia a fragilidade dos mecanismos de moderação, sobretudo diante de públicos tão vulneráveis”, alertou.

◉ Plataformas minimizam responsabilidade e mantêm respostas genéricas - A reportagem da Folha enviou quase 30 links com vídeos do desafio ao TikTok. A empresa respondeu que os conteúdos foram "minuciosamente revisados" e que aqueles que violam as diretrizes foram removidos — sem, no entanto, informar quantos ou quais conteúdos foram de fato excluídos.

Em nova resposta, a plataforma afirmou que, entre outubro e dezembro de 2024, mais de 153 milhões de vídeos foram removidos globalmente, sendo que 20,8% deles violavam diretrizes relacionadas à saúde mental e comportamental. “Mantemos esforços contínuos para moderar e remover prontamente esse tipo de conteúdo”, limitou-se a declarar em nota.

O Kwai, também citado no relatório como repositório de vídeos com desafios perigosos, não respondeu aos questionamentos.

◉ Investigação policial ainda sem conclusão - Passado mais de um mês da morte de Sarah Raíssa, a investigação conduzida pela Polícia Civil não apresentou novas informações. De acordo com as autoridades, não há atualizações desde 14 de abril, quando o delegado responsável, Walber José de Sousa Lima, informou que o celular da menina estava sob perícia.

Na ocasião, o delegado afirmou que buscava identificar os autores e replicadores do conteúdo relacionado ao desafio. Caso sejam encontrados, os responsáveis podem ser enquadrados por homicídio duplamente qualificado, com penas que podem chegar a 30 anos de reclusão. Ainda não foi confirmado oficialmente em qual plataforma a menina teve acesso ao vídeo que pode ter motivado sua morte.

Lula e Janja expõem a Xi Jinping os abusos da plataforma chinesa -  Recentemente, em jantar oferecido pelo presidente chinês, Xi Jinping, o presidente Lula (PT) e a primeira-dama, Janja, expuseram ao líder do país asiático problemas relacionados à rede social chinesa.

Ao contrário do que foi veiculado por setores da imprensa brasileira, não houve qualquer incidente diplomático entre Brasil e China na ocasião. A conversa entre os líderes girou em torno de um tema sensível e urgente: os perigos que as redes sociais impõem a crianças e adolescentes.

Durante o encontro, Janja relatou o caso da menina Sarah Raíssa e o presidente Lula, por sua vez, propôs formalmente a Xi Jinping o envio de um representante de confiança do governo chinês ao Brasil para discutir a regulamentação do ambiente digital, em especial o funcionamento do TikTok. “Perguntei ao companheiro Xi Jinping se era possível ele enviar para o Brasil uma pessoa da confiança dele para a gente discutir a questão digital, e sobretudo o TikTok”, declarou Lula antes de deixar a China.

A resposta do presidente chinês foi direta: ele reconheceu o direito do Brasil de regulamentar as plataformas, ressaltando que essa também é uma preocupação interna na China. O TikTok, por sua vez, enviou uma carta oficial ao governo brasileiro, por meio do Itamaraty, manifestando disposição para o diálogo.

Fonte: Brasil 247

Alckmin entrega carta de Lula ao papa Leão XIV com convite para a COP30 em Belém

Vice-presidente representou o Brasil na missa inaugural do pontificado e fez convite formal do presidente para participação do papa na cúpula do clima

Geraldo Alckmin e papa Leão XIV (Foto: Reprodução/VaticanNews)

Em missão diplomática no Vaticano, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) entregou pessoalmente ao papa Leão XIV uma carta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com um convite para participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), que será realizada em Belém, no Pará, no mês de novembro.

Segundo a Folha de S. Paulo, Alckmin, católico praticante, beijou a mão do pontífice ao saudá-lo, seguindo o protocolo do Vaticano para encontros com o papa. Ele estava desacompanhado no momento da audiência, embora tenha viajado a Roma junto com sua esposa, Lu Alckmin. O papa recebeu a carta em mãos, num gesto que reforça o caráter institucional e simbólico do convite feito pelo governo brasileiro.

A cerimônia de cumprimentos às delegações foi organizada por ordem de precedência diplomática. Primeiro, autoridades italianas e dos países de origem do novo papa – Peru e Estados Unidos – foram chamadas. Em seguida, monarcas em exercício, como o rei Felipe 6º da Espanha e o príncipe Albert 2º de Mônaco; chefes de Estado, entre eles Gustavo Petro, presidente da Colômbia, e Marcelo Rebelo de Sousa, de Portugal; além de membros da realeza europeia, como o príncipe Edward, do Reino Unido, e chefes de governo, como os primeiros-ministros da Alemanha, Friedrich Merz, e da França, François Bayrou.

Os vice-presidentes vieram na sequência, organizados por ordem alfabética dos países em francês, idioma tradicional da diplomacia internacional. Alckmin foi o 58º nome da lista. A ordem protocolar, no entanto, teve alterações ocasionais motivadas por questões de segurança — o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, por exemplo, teve seu encontro antecipado.

O clima da cerimônia teve momentos de emoção. Leão XIV abraçou o irmão mais velho, Louis Prevost, em um gesto que chamou a atenção dos presentes e marcou a solenidade com um toque de proximidade familiar, mesmo em meio ao rígido cerimonial do Vaticano.

Com a entrega da carta, o governo brasileiro reforça sua expectativa de contar com a presença do papa na COP30. A visita do pontífice ao Brasil, especialmente à região amazônica, seria carregada de significado político, ambiental e espiritual, diante da centralidade do tema climático na agenda internacional.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

STF inicia série de depoimentos com militares e ministros sobre tentativa de golpe bolsonarista

Entre as 81 testemunhas convocadas estão Hamilton Mourão, Tarcísio de Freitas, Paulo Guedes e três ex-comandantes das Forças Armadas

      Ministros do STF e Jair Bolsonaro (Foto: Antonio Augusto / STF I Lula Marques / Agência Brasil)

O Supremo Tribunal Federal (STF) dá início nesta segunda-feira (19) a uma intensa agenda de audiências no âmbito da ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado liderada por Jair Bolsonaro (PL) e aliados. Segundo o jornal O Globo, o cronograma prevê oitiva de 81 testemunhas, indicadas tanto pela Procuradoria-Geral da República (PGR) quanto pelas defesas dos oito réus do chamado "núcleo crucial" da organização investigada.

Entre os nomes que prestarão depoimento estão figuras centrais da gestão passada e da atual política nacional, como o ex-vice-presidente e atual senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o ex-ministro da Economia Paulo Guedes, e os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica, além do atual comandante da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen. Aproximadamente um terço dos depoentes possui vínculos com as Forças Armadas.

⊛ Maratona de oitivas até junho - As audiências têm previsão de se estender até o início de junho, embora o prazo possa ser prorrogado, caso necessário. Os depoimentos serão conduzidos por um juiz auxiliar vinculado ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. As testemunhas responderão às perguntas formuladas pelo magistrado, pelos procuradores da República e pelos advogados de defesa.

Esta etapa da ação penal concentra-se nos oito réus acusados de integrar o núcleo central da tentativa de ruptura institucional, entre eles Jair Bolsonaro e o general da reserva Walter Braga Netto, que foi seu candidato a vice na última eleição.

⊛ Foco nos militares - Os primeiros depoentes são aqueles listados pela PGR, incluindo os ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos Almeida Baptista Junior (Aeronáutica). Ambos relataram à Polícia Federal que Bolsonaro os apresentou a uma minuta de decreto com proposta para anular o resultado das eleições, fato considerado decisivo para a investigação.

Além dos generais, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), também constava entre os nomes da PGR, mas a própria Procuradoria desistiu de sua oitiva. No entanto, Ibaneis ainda pode ser convocado como testemunha de defesa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, para comentar falhas na segurança dos atos golpistas do 8 de janeiro de 2023.

Outra figura a ser ouvida é Éder Balbino, conhecido como o “gênio de Uberlândia”, que chegou a ser indiciado pela PF, mas ficou fora da denúncia. Ele prestou serviços ao Instituto Voto Legal, contratado pelo PL para auditar as urnas eletrônicas.

⊛ Delação de Mauro Cid e depoimentos-chave - Na sequência, serão ouvidas testemunhas indicadas por Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que firmou acordo de delação premiada. Cid apontou como testemunhas apenas militares do Exército, com destaque para o general Júlio Cesar de Arruda, demitido do comando do Exército após recusar-se a revogar a nomeação de Cid para um posto estratégico em Goiânia.

No campo da defesa, o ex-ministro Anderson Torres lidera em número de indicações: 38 testemunhas — algumas também listadas por outros réus ou pela acusação. Apenas uma foi rejeitada pelo STF: o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, já réu em outro processo relacionado.

O ex-comandante Freire Gomes aparece como o depoente mais solicitado, sendo indicado por cinco dos réus, entre eles Bolsonaro e o almirante Almir Garnier. Mourão também foi apontado por quatro réus diferentes, incluindo o ex-presidente e Braga Netto.

⊛ Eleições e sistema eletrônico sob questionamento - A estratégia da defesa de Bolsonaro inclui colocar em dúvida o sistema eletrônico de votação. Entre as testemunhas escolhidas estão o coronel da Aeronáutica Wagner Oliveira da Silva, que integrou a comissão fiscalizadora das eleições pelo Ministério da Defesa, e Giuseppe Dutra Janino, ex-secretário do Tribunal Superior Eleitoral, tido como o “pai da urna eletrônica”.

Outros réus, como o ex-ministro Augusto Heleno e o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), optaram por indicar antigos subordinados para depor em seu favor.

Na semana passada, os advogados de Bolsonaro pediram o adiamento das audiências, alegando falta de tempo para analisar os novos documentos disponibilizados às defesas. O ministro Alexandre de Moraes indeferiu o pedido.

Encerradas as oitivas das testemunhas, será a vez dos próprios réus comparecerem ao STF para prestar seus depoimentos.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

sábado, 17 de maio de 2025

Itaipu completa 51 anos com foco em inovação energética

Em 17 de maio de 1974, foi assinada a Ata de Fundação de Itaipu Binacional, fruto de um acordo entre Brasil e Paraguai

(Foto: Reprodução/Itaipu Binacional )

Agência Brasil - A usina hidrelétrica de Itaipu, líder mundial em geração acumulada de energia limpa, completa 51 anos neste sábado (17). Fruto de um acordo entre Brasil e Paraguai assinado em 1974, ela tem papel estratégico no fornecimento de eletricidade e no desenvolvimento regional.

Atualmente, cerca de 7% da energia elétrica consumida no Brasil procedem de Itaipu. A usina informou que tem tarifa reduzida em 26% desde 2023 – valor que será mantido até dezembro de 2026. A empresa opera com mais de 97% de disponibilidade, fornecendo energia a mais de 20 milhões de pessoas no Brasil.

Em 2025, Itaipu recebeu o Milestone Award, principal premiação do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE) como uma das obras que transformaram a engenharia mundial. A usina - construída há 51 anos sem modelagem digital e com mão de obra de mais de 40 mil trabalhadores - tem hoje 20 unidades geradoras e 14 GW de potência instalada. Os mais de três bilhões de megawatts-hora acumulados desde o início da produção de Itaipu seriam suficientes para abastecer o mundo inteiro por 43 dias.

O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, explica que Itaipu é mais do que uma usina. “É um projeto de integração entre nações, de compromisso com o desenvolvimento sustentável e de liderança na transição energética. Ao completar 51 anos, reafirmamos nossa missão de fornecer energia limpa e acessível com responsabilidade social e ambiental para o Brasil, o Paraguai e o planeta”, afirmou.

Transição energética

Na área de inovação, Itaipu investe na transição energética por meio de projetos em biogás, hidrogênio de baixo carbono, combustível sustentável de aviação e uma usina solar flutuante no próprio reservatório. Cerca de US$ 649 milhões estão sendo aplicados na atualização tecnológica da hidrelétrica.

“Além da produção energética com uma das três tarifas mais baratas do país, Itaipu mantém forte atuação em sustentabilidade. Desde os anos 1980, a usina promove ações ambientais e sociais. Em 2005, ela assumiu oficialmente o compromisso de produzir energia com responsabilidade socioambiental, destacada na sua missão institucional”, diz nota da empresa.

Fonte: Brasil 247 com Agência Brasil

Presidente da Federação Paulista de Futebol oficializa candidatura à presidência da CBF

Dirigente paulista Reinaldo Carneiro Bastos busca substituir Ednaldo Rodrigues, afastado pela Justiça

Presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos, em 2023 (Foto: Rebeca Reis/FPF)

Reinaldo Carneiro Bastos, atual presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), anunciou oficialmente neste sábado (17) sua candidatura à presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

Em nota divulgada pela FPF, o dirigente afirmou: "Reconstruir a credibilidade do futebol brasileiro exige ação e experiência. Precisamos de uma nova CBF: aberta, moderna, ambiciosa e profissional. A entidade que gere a maior paixão nacional e que fatura mais de R$ 1 bilhão ao ano deve ser administrada com transparência" .

A eleição está marcada para o dia 25 de maio, um domingo, véspera da chegada do técnico Carlo Ancelotti ao Brasil para assumir o comando da seleção nacional. O pleito visa substituir Ednaldo Rodrigues, afastado pela Justiça após decisão que considerou nulo o acordo que permitiu sua reeleição até 2030, devido à suposta falsificação da assinatura do ex-presidente Antônio Carlos Nunes de Lima, diagnosticado com câncer cerebral desde 2018 .

Carneiro Bastos conta com o apoio de oito federações estaduais e 30 clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, totalizando 67 votos. Para ser eleito, são necessários 71 votos, e a expectativa é de que mais cinco clubes formalizem apoio nos próximos dias, o que garantiria a maioria necessária no colégio eleitoral de 141 votos.

O principal concorrente de Reinaldo é Samir Xaud, médico e presidente eleito da Federação Roraimense de Futebol (FRF) para o período de 2027 a 2030. Xaud desponta como favorito, contando com o apoio de 19 das 27 federações estaduais e do interventor Fernando Sarney, nomeado após o afastamento de Ednaldo Rodrigues. Além disso, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes sinalizou preferência por Xaud, embora sua inexperiência preocupe clubes da Série A .

Entretanto, Xaud enfrenta acusações de improbidade administrativa relacionadas à sua gestão como diretor-geral do Hospital Geral de Roraima entre 2017 e 2020. Segundo o Ministério Público de Roraima, ele e outros gestores teriam simulado serviços médicos para justificar pagamentos à empresa Coopebras, causando um prejuízo de R$ 1,4 milhão aos cofres públicos. Além disso, já foi suspenso por dois anos da função de perito médico do Tribunal de Justiça de Roraima por erro em laudo.

Fonte: Brasil 247 

Moraes rejeita pedido da defesa e mantém oitivas sobre plano golpista de Bolsonaro

Ministro do STF afirma que novas provas não alteram a acusação já aceita contra o ex-presidente, que é réu por tentativa de golpe de Estado
       Alexandre de Moraes (Foto: Luccas Zappalá/STF)

 O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido feito pelos advogados de Jair Bolsonaro (PL) para suspender as audiências com testemunhas no caso que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, informa o jornal O Globo. Segundo Moraes, as novas provas reunidas não modificam o núcleo da denúncia já aceita pela Corte.

Bolsonaro havia solicitado o adiamento das oitivas para ter mais tempo de analisar os novos materiais incluídos no processo. No entanto, Moraes destacou que as provas adicionais “em nada alteraram os fatos imputados na acusação”. Ele ainda ressaltou que o conteúdo já foi previamente analisado pelo Judiciário ao aceitar a denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

“A disponibilização desse material, entretanto, em nada alterou os fatos imputados na acusação, consubstanciada na denúncia oferecida pelo Ministério Público e o conjunto probatório em que foi baseada”, escreveu o ministro do STF no despacho.

Com a negativa, o cronograma de depoimentos segue inalterado. As oitivas começam na próxima segunda-feira (19), com testemunhas indicadas pela PGR. Entre os primeiros a prestar depoimento estão os ex-comandantes militares Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos Almeida Baptista Junior (Aeronáutica). O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), foi retirado do rol de testemunhas pela PGR, que não justificou a decisão.

Segundo relatos prestados à Polícia Federal, Freire Gomes e Baptista Junior confirmaram que Bolsonaro apresentou a eles uma proposta para reverter o resultado eleitoral que deu vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Outras figuras ligadas ao governo Bolsonaro também serão ouvidas, entre elas o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o ex-ministro da Economia Paulo Guedes e os senadores Hamilton Mourão (Republicanos-RS), Ciro Nogueira (PP-PI) e Rogério Marinho (PL-RN).

No dia 22, as audiências incluem testemunhas citadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que firmou um acordo de delação premiada com a PF. Entre elas está o general Júlio Cesar de Arruda, que assumiu o comando do Exército no início do governo Lula.

Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo

Para conter avanço bolsonarista, PT quer eleger "bancada lulista" no Senado em 2026

Objetivo é evitar uma maioria bolsonarista na Casa, nem que para isso sejam necessárias mais alianças com partidos de centro e centro-direita

        Lula e Humberto Costa (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

A cúpula do PT pode adotar uma estratégia pragmática nas eleições de 2026: abrir mão de candidaturas próprias ao Senado em alguns estados e apoiar nomes de partidos aliados como MDB, PSD e PSB. O objetivo é conter o avanço do bolsonarismo na Câmara Alta e evitar uma maioria de oposição que possa dificultar o eventual quarto mandato do presidente Lula (PT), informa a Folha de S. Paulo.

A articulação eleitoral passa diretamente pelo temor de que Jair Bolsonaro (PL), inelegível, organize uma ofensiva para eleger aliados ao Senado. A preocupação do PT é que o bolsonarismo use o espaço para tensionar o Supremo Tribunal Federal (STF), defender anistia a envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 e barrar indicações do governo ao Banco Central e às agências reguladoras.

Bolsonaro e seu grupo devem escalar nomes de confiança para a disputa — entre eles, Michelle, Flávio e Eduardo Bolsonaro, todos filiados ao PL. Atualmente, a legenda bolsonarista detém a segunda maior bancada do Senado, com 14 parlamentares, oito deles com mandato até 2031.

Frente a esse cenário, o presidente nacional do PT, senador Humberto Costa, confirma a movimentação: “estamos em uma fase de diagnóstico para começar as conversas internas e com partidos aliados. A nossa expectativa é construir uma bancada lulista e impedir que a extrema direita possa fazer maioria, o que seria um problema”.

Petistas que buscarão reeleição e nomes já colocados - O PT tem atualmente nove senadores, mas seis deles terminam o mandato em fevereiro de 2027. Cinco devem tentar renovar suas cadeiras: Jaques Wagner (BA), Humberto Costa (PE), Rogério Carvalho (SE), Fabiano Contarato (ES) e Randolfe Rodrigues (AP) — estes dois últimos eleitos pela Rede Sustentabilidade e que migraram para o PT durante a legislatura.

A única exceção é o senador Paulo Paim (RS), que já anunciou que não buscará um novo mandato. O favorito à sua sucessão é o deputado federal e ex-ministro Paulo Pimenta.

Além disso, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), é considerada o único nome certo do partido para o Senado em 2026. Ela encerra seu segundo mandato e é vista como favorita.

Outros nomes também estão no radar, mas dependem de composições locais. No Distrito Federal, a deputada Erica Kokay (PT) deve disputar uma vaga. No Amazonas, o ex-deputado Marcelo Ramos tenta viabilizar sua candidatura. No Rio de Janeiro, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, cogita o Senado, mas admite a possibilidade de disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados.

Conflitos internos e negociações com aliados - A disputa na Bahia é emblemática. O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), articula sua candidatura ao Senado, o que provocou tensão na base aliada do governador Jerônimo Rodrigues (PT), já que os senadores Jaques Wagner (PT) e Angelo Coronel (PSD) também desejam reeleição. A possibilidade de uma chapa com Rui Costa e Jaques Wagner vem sendo cogitada, mas o PT local caminha com cautela para evitar rupturas.

No Ceará, o deputado José Guimarães (PT), líder do governo na Câmara, deseja uma vaga ao Senado. Porém, enfrenta resistências de aliados do governador Elmano de Freitas (PT). Nomes como Eunício Oliveira (MDB), que tenta retornar ao Senado, o ex-senador Chiquinho Feitosa (Republicanos) e o deputado Júnior Mano (PSB), com apoio de Cid Gomes, compõem o tabuleiro eleitoral.

No Piauí, o PT pressiona por candidatura própria, mas o governador Rafael Fonteles (PT) sinaliza apoio a Marcelo Castro (MDB) ou Júlio Cesar (PSD). Em Alagoas, Lula deve respaldar a tentativa de reeleição de Renan Calheiros (MDB), o que pode inviabilizar o projeto do deputado Paulão (PT).

São Paulo e Rio: nomes indefinidos - Em São Paulo, um dos maiores centros eleitorais do país, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) é apontado como nome viável para enfrentar o deputado Eduardo Bolsonaro (PL). No entanto, há pressão para que Alckmin permaneça como vice na chapa presidencial de Lula.

Já no Rio de Janeiro, o quadro é mais incerto. Aliados do prefeito Eduardo Paes — que deve ter o apoio de Lula na eleição estadual — discutem os nomes do deputado evangélico Otoni de Paula (MDB) e do ex-deputado Alessandro Molon (PSB) para a disputa ao Senado.

A estratégia nacional petista está clara: mais que hegemonia partidária, o foco será derrotar o bolsonarismo. Em estados como o Amazonas, o partido deve priorizar o apoio a nomes como o senador Eduardo Braga (MDB), que enfrentará o bolsonarista Capitão Alberto Neto (PL). A lógica deve se repetir em diversas unidades da federação: alianças pragmáticas para evitar a formação de uma maioria conservadora no Senado que possa minar a governabilidade de Lula a partir de 2027.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

PF prende líder do PCC na Bolívia e ministro da AGU reforça defesa da PEC da Segurança

"Com a aprovação da PEC, teremos ainda mais integração de dados e uma coordenação mais eficaz", justificou Jorge Messias ao celebrar a prisão de Tuta

Marcos Roberto de Almeida, o "Tuta" (Foto: Reprodução)

O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, manifestou apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública após a prisão de Marcos Roberto de Almeida, conhecido como Tuta, apontado como sucessor de Marcola no comando da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). A declaração foi feita neste sábado (17), por meio de uma publicação na rede social X (antigo Twitter).

De acordo com a CNN Brasil, a prisão de Tuta, ocorrida na cidade de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, foi resultado de uma operação conjunta entre a Polícia Federal do Brasil e a Fuerza Especial de Lucha contra el Crimen (FELCC), das autoridades bolivianas. O criminoso foi detido sob a acusação de uso de documento de identidade falso. A PF confirmou que o nome de Tuta constava na Lista de Difusão Vermelha da Interpol, que permite a captura de foragidos em escala internacional.

Em sua manifestação nas redes, Messias parabenizou a atuação da polícia e associou o êxito da operação à importância da PEC da Segurança. “Com a aprovação da PEC da Segurança Pública, teremos ainda mais integração de dados e uma coordenação mais eficaz. É preciso dar paz e tranquilidade aos cidadãos e cidadãs em nosso país”, escreveu o ministro.

PEC é prioridade do governo em 2025 - A Proposta de Emenda à Constituição que trata da segurança pública foi apresentada ao Congresso Nacional no final de abril, em um ato simbólico. Desde então, o Palácio do Planalto vem tratando a proposta como uma das prioridades legislativas para o ano de 2025.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), prometeu celeridade na tramitação da matéria. No entanto, a proposta enfrenta resistência de governadores da oposição, que veem risco de invasão da autonomia estadual no controle das forças de segurança pública.

A PEC da Segurança Pública pretende estruturar mecanismos de cooperação entre os entes federativos e centralizar dados de inteligência para facilitar o combate ao crime organizado em nível nacional. O governo argumenta que a medida é fundamental para lidar com organizações criminosas que atuam além das fronteiras estaduais e, frequentemente, internacionais — como é o caso do PCC.

Prisão internacional e extradição - Conforme divulgado pela Polícia Federal, Marcos Roberto de Almeida foi condenado no Brasil por crimes como associação criminosa e lavagem de dinheiro, com uma pena que ultrapassa 12 anos. Após sua captura na Bolívia, ele permanece sob custódia das autoridades locais, aguardando a confirmação oficial de sua identidade e a tramitação dos procedimentos legais necessários para sua extradição ao Brasil.

A prisão de Tuta representa um golpe na cúpula do PCC, que vinha sendo monitorada por agências de inteligência brasileiras. Sua captura reforça a cooperação internacional entre forças de segurança da América do Sul e se soma a uma série de medidas adotadas para desarticular lideranças do crime organizado fora do território nacional.

Fonte: Brasil 247 com informações da CNN Brasil

VÍDEO – Jovem negra é demitida por tranças afro e falta de “estilo social”

Gabriela Barros foi demitida após adotar tranças em cabelo. Foto: reprodução

A jovem Gabriella Barros, negra de 21 anos, entrou com uma ação na Justiça do Trabalho de Alagoas contra a empresa onde trabalhou como vendedora em Maceió. Ela alega ter sido discriminada por usar tranças no cabelo e pede indenização por danos morais no valor de R$ 100 mil. O caso ocorreu entre outubro de 2024 e abril de 2025, quando Gabriella atuava em uma empresa de consórcios e cartas de crédito.

No dia 24 de março, Gabriella recebeu um ultimato de sua chefe, que afirmou ser “regra da empresa” não permitir tranças. Em áudio obtido pelo UOL, a mulher diz: “Nem venha com essa trança, tô te avisando”. Em outro trecho, ela completa: “Se você disser assim: ‘Pô, para mim realmente não dá para eu tirar o cabelo, é o meu estilo, eu quero ficar com o cabelo’ não tem nenhum problema. Mas aqui na minha empresa, eu não aceito”.

A chefe ainda criticou o estilo de vestir da funcionária: “Se você tivesse um estilo mais social, eu ainda aceitaria seu cabelo, mas você não tem um estilo social”.

Gabriella já havia sido advertida no início do contrato sobre as tranças e, na ocasião, as removeu. Porém, semanas depois, ao adotar outro estilo, decidiu não ceder novamente.

Além da indenização por danos morais, a ação trabalhista pede o pagamento do FGTS e da multa de 40% pela demissão sem justa causa. O advogado Pedro Gomes, que representa Gabriella, argumenta que a exigência da empresa é discriminatória.

“Nota-se que a reclamada nutria realmente um profundo ódio, não apenas queria arrancar a reclamante de seu quadro de funcionários, como ainda queria a prejudicar, tentando induzi-la a erro para que suas verbas rescisórias fossem suprimidas”, diz a petição.

Durante o aviso-prévio, Gabriella foi realocada para funções sem contato presencial com clientes, o que a defesa interpreta como uma tentativa de escondê-la. “O cabelo é significativo na construção da identidade do homem e da mulher negra, e é um direito do indivíduo apresentar-se com cortes de cabelo que remetam às origens de seu povo”, defendeu o advogado.

Ao compartilhar o caso no Instagram, Gabriella recebeu apoio de centenas de pessoas. A discussão sobre discriminação racial relacionada a penteados afro ganhou força, relembrando casos semelhantes que já chegaram aos tribunais brasileiros.

Fonte: DCM

Conversa entre Cid e seu pai mostra os bastidores da derrota de Bolsonaro: “Uma pancada”

        Mauro Cid, delator da trama golpista, e seu pai, o general Mauro Lourena Cid. Foto: reprodução

Um diálogo inédito pelo WhatsApp entre o tenente-coronel Mauro Cid e seu pai, o general Mauro Lourena Cid, expõe os bastidores da reação do núcleo bolsonarista à derrota de Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno das eleições de 2022. As mensagens, trocadas entre 2 de outubro (noite da apuração) e os dias seguintes, mostram a perplexidade e as primeiras teorias sobre os resultados que deram 48% a Lula contra 43% de Bolsonaro.

Na noite da apuração, o general enviou uma mensagem de consolo ao filho: “Boa noite filho! Estamos juntos! Não deu agora? Vai dar certo na próxima!!”. Mauro Cid não respondeu imediatamente, só reagindo no dia seguinte através de áudios onde manifestava surpresa com os números.

“Realmente foi uma pancada um pouco forte. A gente que era do núcleo mais operacional do presidente, nas viagens, pé no chão, contato com o povo, a impressão era primeiro turno ou sair na frente, largar na frente pro segundo turno”, disse o então assessor de Bolsonaro.

O tom das mensagens revela a dissonância entre a percepção da equipe de campanha e os resultados oficiais – narrativa que depois seria usada para questionar as urnas.

“Mas o grupo político, o pessoal que já tem mais cancha de eleição, inclusive mostraram isso ontem. O grupo político já tinha levantado esse percentual, 48 a 44, só que a gente não conseguia ver isso na rua. Muito estranho isso aí”, continuou Cid, ecoando o discurso que alimentaria as teorias de fraude eleitoral.

O general Lourena Cid, contemporâneo de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) nos anos 1970 e então diretor da Apex em Miami, reforçou a narrativa do filho.

“É, ontem foi, eu imagino como você ficou aí, filho. Mas tamos torcendo aí, vai dar tudo certo”, respondeu, antes de questionar a lógica dos resultados: “O lado positivo também é quantos senadores, governadores, deputados estaduais ele fez aí, muito bacana. Então realmente é completamente ilógico o cara votar nos quatro e no último não conseguir votar, né, isso foi danado”.

As mensagens mostram ainda a confiança do núcleo bolsonarista numa virada no segundo turno. Cid citou previsões internas de que Bolsonaro abriria 10 pontos percentuais sobre Lula após as alianças: “E esse mesmo pessoal que fez essa previsão tá dizendo que agora, com as alianças pro segundo turno, é dez por cento, ele bate dez por cento à frente do Lula. Vamos ver se realmente vai acontecer”.

Diálogos entre Mauro Cid e Lourena Cid após o 1° turno das eleições. Foto: reprodução

Após a derrota definitiva no segundo turno, o general voltou a contatar o filho pedindo uma avaliação do cenário: “Posso ajudar? Como vc está?”. A resposta de Cid foi evasiva: “era necessário esperar ‘a poeira baixar’ para avaliar o cenário”.

O material não revela conversas sobre as articulações golpistas que ocorreriam nos meses seguintes, embora pai e filho tenham mantido ligações pelo WhatsApp cujo conteúdo permanece desconhecido.

A defesa de Mauro Cid informou que não comentaria os diálogos por não ter tido acesso ao material completo. As mensagens reforçam como o discurso de fraude eleitoral foi construído imediatamente após os primeiros resultados desfavoráveis, antes mesmo de qualquer análise técnica, a partir da percepção subjetiva da equipe bolsonarista sobre o “contato com o povo”.

Diálogos entre Mauro Cid e Lourena Cid após o 2° turno das eleições. Foto: reprodução

Fonte: DCM

Gilmar Mendes: defesa da anistia é para livrar a cúpula da tentativa de golpe

O STF tornou vários réus no inquérito sobre tentativa de ruptura institucional. No Congresso, oposição ao governo tenta manobras em favor da para anistia

Ministro do STF Gilmar Mendes (Foto: Nelson Jr./SCO/STF)

O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes criticou nesta sexta-feira (16) a possibilidade de anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de Estado. De acordo com o magistrado, o perdão seria para beneficiar a "cúpula do golpe".

"A rigor, se fala na anistia, na defesa do interesse da cúpula do sistema, da cúpula do golpe. As pessoas descobrem que havia idosos e mães de filhos menores de 12 anos nas prisões, passando a defender não só redução da pena, o que é legítimo, mas a própria anistia", disse o ministro em entrevista à coluna Poder e Mercado.

Possíveis anistia para envolvidos nos atos golpistas podem beneficiar quem é alvo do inquérito da trama golpista. No Supremo Tribunal Federal, as manifestações terroristas do 8 de janeiro, em Brasília (DF), são parte de uma investigação mais ampla, sobre tentativa de golpe.

Se parlamentares do Congresso Nacional aprovarem a proposta de anistia aos participantes dos 8/1, o projeto pode resultar, por exemplo, em diminuição de penas para os investigados no plano golpista.

O STF já tornou mais de 500 réus por envolvimento nas manifestações terroristas, em que bolsonaristas invadiram e quebraram estruturas do Congresso, do Planalto e do Supremo. A Corte também tornou 21 réus pela participação na trama golpista - o número pode aumentar, porque novos julgamentos acontecerão.

O ministro Gilmar Mendes faz parte da Segunda Turma do STF junto com Dias Toffoli, Edson Fachin, André Mendonça e Kassio Nunes Marques. O julgamento do plano golpista ocorre na Primeira Turma da Corte - Cristiano Zanin, Luiz Fux, Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Flávio Dino. A divisão de Turmas existe para agilizar processos.

No Congresso, parlamentares da oposição a Lula, principalmente, podem aprofundar as articulações para aprovar medidas que atingem o STF. Aprovada pelo Senado, a PEC 8/2021 proíbe que ministros do Supremo concedam medidas cautelares individuais, impõe que tais decisões sejam exclusivamente colegiadas, por decisão do plenário do STF.

Outra medida (PEC 28/2024) autoriza o Congresso a suspender decisões do STF quando dois terços dos parlamentares discordarem das sentenças do Supremo. Uma terceira proposta facilita o impeachment de ministros do Supremo.

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), por exemplo, já alertou para as tentativas de retaliação ao STF por causa de parlamentares bolsonaristas.

Fonte: Brasil 247 com a Coluna Poder e Mercado