O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), declarou que rompeu relações políticas com o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ). A decisão, comunicada à Folha de S.Paulo, ocorreu após meses de tensão, com críticas de aliados ao comportamento do petista nas negociações e reuniões internas.
Parlamentares próximos ao presidente da Câmara afirmam que, daqui em diante, a relação será estritamente institucional. Segundo integrantes da cúpula da Casa, o grupo de Motta reclamava de exaltações de Lindbergh em debates e do que consideravam tentativas de desgastar a imagem da Câmara diante da opinião pública.
Também havia incômodo com o estilo do deputado, visto como alguém que se comportava como líder do governo, e não apenas da bancada do PT. Lindbergh respondeu chamando a reação de Motta de “imatura” e afirmou que “política não é um clube de amigos”.
A crise se aprofundou durante a tramitação do Projeto de Lei Antifacção, aprovado pela Câmara na última semana. Motta escolheu como relator Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de Segurança de Tarcísio de Freitas, decisão mal recebida pelo Planalto. O relator alterou pontos centrais do texto enviado pelo governo, e a orientação do Executivo foi derrotada em plenário. O projeto segue agora para análise no Senado.

A discussão agravou o desgaste entre a Câmara e o governo, que acusam mutuamente o outro lado de criar narrativas e incentivar ataques. Motta, por sua vez, tem feito declarações públicas de insatisfação com a postura do Planalto. Nos bastidores, deputados do Centrão dizem que o ambiente é “muito ruim” e que há frustração com acordos não cumpridos sobre cargos e execução orçamentária.
Aliados do presidente da Câmara negam ruptura com a ministra Gleisi Hoffmann, responsável pelas Relações Institucionais, mas reconhecem que a relação esfriou. A avaliação é que a articulação tem funcionado de forma irregular, aumentando a instabilidade política entre Executivo e Legislativo. O líder do governo na Câmara, José Guimarães, tem sido citado como o responsável por tentar conter o avanço da crise.
Motta chegou ao comando da Casa com apoio que ia do PT ao PL, costurado com ajuda de Lindbergh e Gleisi. Desde então, episódios como a derrubada do decreto do IOF, a resistência à MP que aumentava impostos e as disputas recentes sobre a pauta de segurança pública marcaram uma relação de altos e baixos e de desconfiança mútua.
Fonte: DCM com informações da Folha de S. Paulo
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