Polícia apura ameaças, injúria e lesão corporal. Caso provoca disputa política e mobiliza aliados do PT
A troca de agressões envolvendo o deputado estadual Renato Freitas (PT-PR) em uma rua central de Curitiba desencadeou uma crise política no Paraná e abriu uma apuração criminal contra os envolvidos. O episódio, registrado em vídeo na última quarta-feira (19), mostra o parlamentar discutindo e trocando socos com Wesley de Souza Silva, que também prestou queixa.
Segundo o jornal O Globo, a Polícia Civil do Paraná investiga possíveis crimes de ameaça, injúria e lesão corporal. A briga rapidamente se transformou em tema de disputa política, motivando representações por quebra de decoro na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep).
Lideranças do PT e de outras siglas de esquerda saíram em defesa de Freitas, que sustenta ter reagido a ofensas racistas e provocações ideológicas. O presidente nacional do PT, Edinho Silva, declarou “total apoio” ao deputado, chamando-o de “liderança reconhecida na luta antirracista, por igualdade, democracia e direitos”, e classificou a situação como “inadmissível e criminosa”.
A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), também manifestou solidariedade. Ela afirmou que Freitas foi “alvo de uma evidente provocação que terminou em agressão, às vésperas do Dia da Consciência Negra”, e reforçou: “Não podemos normalizar a violência política nem permitir retrocessos no enfrentamento ao racismo”.
Em nota, o PT do Paraná repudiou o ataque e destacou “o caráter racista que atravessa o episódio”, afirmando que “não aceitaremos que agressões motivadas pelo ódio, pela intolerância e pelo preconceito sejam normalizadas ou tratadas como meras ‘confusões’”.
☉ Pressão por cassação e disputa política
O caso provocou reação imediata de adversários de Freitas, que passaram a defender sua cassação por quebra de decoro. O Conselho de Ética da Alep já recebeu oito representações que devem tramitar conjuntamente, conforme o novo código de conduta aprovado em setembro. O relator deve ser escolhido nesta terça-feira (25), dando início a um processo que pode durar de 60 a 90 dias úteis.
Entre os que pediram a perda do mandato estão os vereadores Bruno Secco (PMB) e Guilherme Kilter (Novo), além dos deputados estaduais Ricardo Arruda (PL) e Tito Barichello (União).
☉ Vídeos mostram sequência da discussão
A confusão ocorreu pela manhã, na rua Vicente Machado, área movimentada do Centro de Curitiba. As imagens revelam Freitas, de camisa amarela, discutindo com um homem de preto, enquanto um assessor acompanha a cena. O deputado aparece pedindo distância, mas logo a discussão evolui para empurrões, chutes e socos. O registro termina com Freitas imobilizando o adversário, até que outras pessoas separam os dois.
Segundo a RPC, afiliada da TV Globo no Paraná, o parlamentar sofreu fratura no nariz e precisou de atendimento médico.
☉ Código de Ética reforça punições
O novo Código de Ética e Decoro Parlamentar da Alep, em vigor desde setembro, ampliou de cinco para sete o número de membros do conselho responsável por analisar casos do tipo e incluiu 20 condutas consideradas incompatíveis com o exercício do mandato. Entre elas está “praticar ofensas físicas ou vias de fato”, tanto dentro quanto fora da Assembleia, desde que no exercício do mandato.
☉ Depoimento de Renato Freitas
Em vídeo publicado em suas redes sociais, Freitas explicou como percebeu o início da confusão. Ele relatou que a briga aconteceu pelo mesmo motivo que o fazia reagir na infância: “humilhação, racismo, injúria, violência, agressão”. O parlamentar declarou: “Eu não aprendi a baixar a cabeça. Não me orgulho de estar brigando na rua, jamais. Você que está me assistindo, não inveje o homem violento, e nem siga nenhum dos seus caminhos”.
Segundo o deputado, ele caminhava com uma amiga, também negra, quando o motorista lançou o carro sobre os dois. Em seguida, o homem teria baixado o vidro e questionado: “Tá olhando o quê?”. Freitas acrescentou que, após as ofensas, o agressor desceu do carro e deu início às provocações. O parlamentar afirmou ter sido perseguido enquanto o homem filmava tudo “para criar views”. Ele concluiu: “É Curitiba, fio (sic). Para sobreviver, só sendo sobrevivente”.
A investigação segue em andamento, enquanto o caso continua a mobilizar lideranças políticas e gerar repercussão dentro e fora da Assembleia Legislativa do Paraná.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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