Em encontro do PT, ministra presta solidariedade a Alexandre de Moraes e aponta desafios do governo no Congresso no segundo semestre
Durante o 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores, realizado neste domingo (3), a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, fez um discurso contundente em defesa do legado petista e em crítica direta a Jair Bolsonaro (PL) e sua família. Segundo Gleisi, o clã Bolsonaro articula um “golpe continuado” com apoio dos Estados Unidos e deve ser responsabilizado por seus atos. “Sem anistia para uma gente traidora, que nos vende, que tentou dar um golpe e agora quer um golpe continuado”, declarou.
A ministra iniciou sua fala enaltecendo a trajetória histórica do PT, que “chegou cinco vezes à Presidência da República” e cuja liderança de Lula não tem paralelo. “Três vezes presidente da República, passando por tudo que passou. Isso diz muito para a política brasileira e para a história do Brasil”, afirmou, dirigindo-se diretamente a Lula. Gleisi também fez um balanço dos dois primeiros anos e meio do governo atual, exaltando a retirada do Brasil do Mapa da Fome pela segunda vez, a redução histórica do desemprego e o crescimento acima das expectativas do mercado. “Fizemos muito mais do que em 13 anos que governamos esse país".
Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realizaram atos neste domingo (3/8) em diversas cidades do país, com foco na anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro e no impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Um dos protestos de maior destaque ocorreu na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde os manifestantes chegaram a se ajoelhar e rezar no meio da avenida, em um gesto inusitado que viralizou nas redes sociais.
O ato no Rio contou com a presença do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, que subiu no trio elétrico para defender o pai e criticar o STF. “O Brasil não está em normalidade”, declarou Flávio, que também celebrou as sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos ao ministro Moraes. O governador Cláudio Castro (PL) também marcou presença, reforçando o apoio político ao movimento.
A dirigente petista destacou ainda a necessidade de aprofundar as mudanças estruturais, como a tributação sobre os mais ricos. “Não é possível que os ricos não paguem imposto nesse país. Temos que taxar bancos, bilionários e as bets”, defendeu. Segundo ela, o projeto que trata da isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, bem como a Medida Provisória que impõe tributos sobre bancos, bilionários e casas de apostas, será um dos principais desafios do governo no Congresso no segundo semestre.
No trecho mais duro de sua intervenção, Gleisi apontou Bolsonaro e seus filhos como articuladores de uma tentativa de ingerência externa sobre o Brasil. “É inacreditável o que está acontecendo no Brasil. Nunca achei que viveríamos uma situação dessa, desse tipo de intervenção na nossa soberania. E causada por um ex-presidente e sua família, que quer anistia e articulam contra o Brasil.” Ela criticou o uso de símbolos nacionais por esses grupos e acusou-os de hipocrisia: “Se fantasiam com a bandeira brasileira, falam dos valores do Brasil e entregam o nosso país ao estrangeiro".
Gleisi elogiou a resposta do presidente Lula diante da situação e afirmou que, embora o governo esteja disposto a negociar acordos comerciais, não há espaço para concessões que comprometam a autonomia nacional. “Nunca nos recusamos [a negociar]. Mas não vamos negociar nossa soberania, nossa democracia, a autonomia dos nossos Poderes".
A ministra também prestou um “cumprimento especial” ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, destacando sua atuação no enfrentamento aos ataques golpistas. “Tem sido fundamental no encaminhamento desse processo e não tem abaixado a cabeça".
Ao final de sua fala, Gleisi ampliou o tom internacional de sua denúncia e manifestou solidariedade ao povo palestino. “É uma vergonha para a humanidade o que o governo de extrema direita de Netanyahu está fazendo com a população palestina”, declarou. Ela defendeu o reconhecimento do Estado da Palestina e afirmou esperar avanços nesse sentido na próxima reunião da ONU em setembro. “Nossa luta também é internacional, de solidariedade a todos os povos, a todos os trabalhadores que lutam".
Fonte: Brasil 247
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