Governo inicia demissão de indicados pelo Centrão após derrota na Câmara e reorganiza base política para as eleições do próximo ano
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) iniciou uma série de demissões de titulares de cargos federais indicados por políticos do Centrão após a derrota na votação da Câmara dos Deputados do projeto que visava elevar a arrecadação. Segundo a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, a medida visa reorganizar a base de apoio do Palácio do Planalto para as eleições de 2026. "Estamos tirando dos cargos os indicados por deputados que votaram contra a Medida Provisória 1303 porque precisamos reorganizar nossa base", disse a ministra ao jornal O Estado de S. Paulo. "Quem votou contra optou por sair do governo", completou.
◈ Resposta do governo à derrubada do projeto que elevava a arrecadação
O governo federal reagiu rapidamente ao revés sofrido na Câmara, quando a MP 1303, que propunha alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), foi derrotada com 251 votos contrários contra 193 a favor. A medida era vista como essencial para o fechamento das contas públicas, mas perdeu sua validade após a votação desfavorável. A derrota foi causada, em parte, pela aliança entre o PL , partido de Jair Bolsonaro, e legendas do Centrão.
◈ Demissões de indicados pelo Centrão é visto como movimento estratégico
Ainda conforme a reportagem, entre os demitidos estão indicados de partidos como PP, União Brasil, PSD, MDB e PL, que ocupavam posições em estatais como Caixa Econômica Federal, Correios e Iphan. O movimento também inclui superintendências em órgãos como o Ministério da Agricultura e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Gleisi Hoffmann destacou que a ação não é uma retaliação, mas parte de uma estratégia para testar a fidelidade dos parlamentares. "Queremos saber com quem podemos contar, quem realmente está com o governo", afirmou.
◈ Movimentação política dos partidos do Centrão
O União Brasil e o PP, partidos centrais na aliança que ajudou a derrotar o governo na Câmara, já haviam anunciado a intenção de entregar cargos no governo desde setembro. Contudo, foi após a derrota da MP 1303 que o Planalto decidiu acelerar o processo. Partidos do Centrão se movimentam para construir uma candidatura de oposição a Lula nas eleições de 2026, com nomes como o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ganhando força.
◈ Consequências para o Centrão
Entre os demitidos, está Lena Brandão Fernandes, irmã do líder do União Brasil na Câmara, Pedro Lucas, que votou contra a MP 1303. A relação entre o governo e o União Brasil se deteriorou ainda mais quando Pedro Lucas recusou o convite de Gleisi para assumir o Ministério das Comunicações, citando a "pluralidade" de sua bancada. O PP também tomou atitudes semelhantes, destituindo o ministro Celso Sabino (Turismo) de suas funções partidárias, após ele decidir permanecer no governo.
◈ Reformas e governabilidade até 2026
O deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara, reconheceu que a ministra Gleisi Hoffmann foi orientada a “passar a faca” nos indicados dos parlamentares que votaram contra o governo. “Será uma nova fase. Não é razoável o que aconteceu na votação da Medida Provisória e nunca é tarde para se tomar decisões", disse Guimarães.
O governo, agora, foca na aprovação de reformas importantes, como a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil. A isenção do Imposto de Renda para esta faixa salarial já foi aprovada pela Câmara e deverá passar pelo crivo do Senado em breve.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Estado de S. Paulo
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