sábado, 18 de outubro de 2025

PF investiga lanchonetes suspeitas de lavar mais de R$ 30 milhões do PCC


Lanchonete com mesinhas na calçada e cardápio de sanduíches funciona em rua de comércio popular em Santo André, no ABC Paulista. Foto: Reprodução

A Polícia Federal (PF) descobriu que duas lanchonetes em Santo André, no ABC Paulista, movimentaram mais de R$ 30 milhões e são suspeitas de integrar um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao PCC. Os estabelecimentos, que aparentavam funcionamento comum, teriam sido usados para ocultar valores do tráfico internacional de drogas, segundo reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo.

Uma das lanchonetes, com mesinhas na calçada e cardápio de sanduíches, chamou a atenção dos investigadores ao movimentar quase R$ 15 milhões em apenas seis meses de 2023. A poucos quarteirões dali, outro ponto, menor e com geladeiras de bebidas, registrou R$ 17 milhões em quatro anos.

Ambos pertencem à mesma pessoa, alvo de busca e apreensão na quinta-feira (16), durante uma operação da Polícia Federal. Para os agentes, os altos faturamentos eram artificiais e serviam para lavar dinheiro obtido com o tráfico de drogas.

A ação faz parte da Operação Mafiusi, que investiga a ligação entre o PCC e a máfia italiana no envio de cocaína para a Europa pelo porto de Paranaguá, no Paraná. Segundo a Polícia Federal, o grupo investigado movimentou cerca de R$ 2 bilhões em quatro anos, utilizando empresas de fachada, comércios locais e contas falsas para disfarçar os recursos do tráfico.

◈ Rede criminosa ligada ao PCC

As investigações apontam que três homens presos em São Paulo criaram uma rede de negócios para lavar o dinheiro do crime. Klaus Volker e Filippe Rocha são donos de empresas de transporte e locação de veículos, enquanto Maicon Maia, ex-policial militar, atuava como doleiro. Segundo a Polícia Federal, o grupo movimentava valores para pessoas ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

William Barile Agati, preso desde janeiro e apontado como “faz-tudo” da facção, é citado como um dos principais beneficiados pelo esquema. No celular dele, a polícia encontrou dados bancários das lanchonetes utilizadas como destino de recursos ilícitos.

◈ Mensagens revelam detalhes das transações

Em conversas interceptadas, Barile indica a conta de um dos estabelecimentos para o pagamento de R$ 50 mil referentes ao transporte de cocaína para o exterior.

Em outro diálogo, um interlocutor não identificado afirma: “Nós pagamos a subida e a descida”, expressão que, segundo a PF, significa o embarque e o desembarque da droga. Barile responde: “Deixa comigo, irmão.”

As mensagens mostram ainda que os envolvidos tratavam de transferências, emissão de notas fiscais e uso de empresas de fachada de vários setores. Entre os negócios usados estavam uma fábrica de placas de sinalização, uma empresa de pisos, uma igreja e até uma clínica de saúde.

◈ Notas frias e ironias em conversas

Em um dos diálogos, os suspeitos ironizam o uso do CNPJ de um consultório odontológico para emitir notas frias. Klaus Volker sugere o uso da clínica e diz: “Pode sapecar ela.” Felipe responde: “Haja serviço dentário. Implante para empresa inteira.” E Klaus completa: “Dente branco em todo mundo.”

Os investigadores também realizaram buscas em uma distribuidora de combustíveis do interior de São Paulo — já mencionada em outras operações — que movimentou quase R$ 1 bilhão em dois anos, além de duas fintechs ligadas às movimentações financeiras do grupo.

Fonte: DCM com informações do Jornal Nacional da TV Globo

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