Em Brasília, o advogado-geral da União, Jorge Messias, tem se destacado por reunir dois traços pouco comuns na cúpula do governo: a confiança direta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a identidade evangélica declarada. O nome do ministro voltou a ser cogitado nos bastidores do Planalto para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), aberta com a aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso, na última quinta-feira (9). Com informações do Globo.
A possível indicação reacendeu articulações entre alas religiosas e políticas. Messias, membro da Igreja Batista Cristã de Brasília desde 2016, é visto como figura capaz de dialogar com grupos progressistas e conservadores do meio evangélico. Se for confirmado, o governo Lula colocará na Corte, pela primeira vez, dois ministros evangélicos — Messias e André Mendonça, este último indicado por Jair Bolsonaro e identificado com a extrema-direita.
Nascido em Pernambuco e criado em família cristã, Messias costuma destacar, em eventos religiosos, a influência dos pais, Edna e Edson, em sua formação de fé. Na igreja que frequenta, dirigida pelo pastor Sérgio Carazza — ex-secretário do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos no governo Damares Alves —, o ministro já atuou como diácono e integrou o conselho fiscal. Mesmo após assumir o comando da Advocacia-Geral da União (AGU), manteve-se próximo da congregação e ativo nas atividades da comunidade.

O pastor Carazza o descreve como um “evangélico raiz”, conservador nos valores cristãos e defensor dos trabalhadores. Essa identidade o aproximou de lideranças das chamadas “igrejas históricas”, como batistas e presbiterianas. Representantes da Associação Nacional dos Juristas Evangélicos (Anajure) o consideram um interlocutor importante em debates sobre ensino religioso e liberdade de crença.
Durante as discussões do Plano Nacional de Educação, Messias se manifestou contra propostas que restringissem o proselitismo em escolas confessionais, apoiando o entendimento firmado pelo STF em 2017, que autorizou o ensino religioso de caráter doutrinário. Segundo aliados, o ministro baseia suas posições em fundamentos jurídicos, e não apenas em convicções pessoais.
Nos últimos anos, Messias também buscou se aproximar de pastores pentecostais e neopentecostais. Participou de diferentes edições da Marcha para Jesus, organizada pela Igreja Renascer em Cristo, e foi recebido de forma mais calorosa em 2025 do que em 2023, quando chegou a ser vaiado ao mencionar o nome de Lula. Na edição mais recente, foi aplaudido ao elogiar o bispo Estevam Hernandes e entregar uma carta do presidente.
Mesmo entre líderes críticos ao governo, como o pastor Silas Malafaia, o nome de Messias não encontra grande resistência. Malafaia afirma ter divergências ideológicas com o ministro, mas reconhece sua integridade e descarta qualquer campanha contra sua eventual indicação ao STF.
Fonte: DCM com informações do jornal O Globo
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