Governo teme que prêmio fortaleça política agressiva de Donald Trump e agrave a crise venezuelana
O governo brasileiro acompanha com apreensão a premiação do Nobel da Paz à opositora venezuelana María Corina Machado, avaliada em Brasília como um fator que pode elevar as chances de intervenção militar dos Estados Unidos contra a Venezuela. Para o Planalto, a honraria fortalece a ala mais radical do governo do atual presidente americano, Donald Trump, liderada pelo secretário de Estado Marco Rubio.Segundo a Folha de S.Paulo, autoridades brasileiras reconhecem que a decisão atrapalha as tentativas de mediação pacífica. Em telefonema recente, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou a Trump a importância de uma “saída diplomática” para a crise, destacando que não há temas proibidos no diálogo bilateral.
☉ Governo brasileiro em alerta para risco de escalada
Brasília recebeu com surpresa a escolha de María Corina como vencedora do Nobel. Para o Itamaraty, a premiação coloca a opositora no centro de uma articulação internacional de ultradireita. No início do ano, ela participou por vídeo da cúpula “Patriotas pela Europa”, ao lado do húngaro Viktor Orbán, do italiano Matteo Salvini e da francesa Marine Le Pen.
Ao receber a honraria, dedicou o prêmio a Trump e defendeu que os EUA ajam para retirar Nicolás Maduro do poder. Embora não tenha pedido intervenção militar de forma explícita, indicou que seu grupo político estaria preparado para assumir o governo.
☉ Relação de María Corina com a ultradireita europeia
Ainda de acordo com a reportagem, o Planalto vê paralelos entre a trajetória da opositora e a atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que já pressionou Trump a impor sanções ao Brasil. Assim como o deputado, María Corina aposta em pressão externa e defende uma “mudança de regime” com apoio de Washington.
No Itamaraty, a avaliação predominante é que a premiação pode ampliar o peso das vozes que defendem ingerência internacional na Venezuela, minando as possibilidades de negociação.
☉ Cenário militar no Caribe preocupa Planalto
Atualmente, os Estados Unidos mantêm pelo menos dez navios de guerra no mar do Caribe e já realizaram ataques contra embarcações venezuelanas sob a justificativa de combater o narcoterrorismo.
Em paralelo, Trump determinou que Richard Grenell, enviado especial para Caracas, interrompesse tentativas de diálogo com Maduro. Com isso, ganha espaço a estratégia mais dura de Rubio.
☉ Risco de crise humanitária
As relações entre Brasil e Venezuela seguem congeladas desde agosto do ano passado, quando Lula deixou de falar com Maduro após denúncias de fraude eleitoral não reconhecidas por observadores como o Carter Center.
No entanto, diplomatas brasileiros alertam que qualquer ofensiva contra Maduro pode desencadear uma crise humanitária sem precedentes, marcada por um êxodo em massa de refugiados. Para Brasília, esse cenário ameaçaria diretamente a estabilidade regional e colocaria à prova a capacidade de resposta dos países vizinhos
Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo
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