Planalto prepara conversas com Macron, Merz, Ursula von der Leyen e Ramaphosa diante das tarifas de Trump e busca coordenação no G20 e no BRICS
O governo brasileiro prepara, para esta semana, uma rodada de telefonemas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a chefes de Estado e de instituições internacionais: Emmanuel Macron (França), o chanceler alemão Friedrich Merz, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa. A iniciativa mira reforçar o multilateralismo e articular uma resposta coordenada às tarifas comerciais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump
De acordo com o jornal O Globo, o Planalto vê nas ligações um passo adicional na construção de uma frente política e econômica com países afetados pelos tarifaços norte-americanos. A estratégia inclui também a participação de Lula, em setembro, de uma reunião virtual do BRICS — bloco fundado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Nos últimos dias, Lula intensificou contatos com líderes dos demais fundadores do BRICS. Foram duas conversas em nove dias com o presidente russo, Vladimir Putin — a mais recente nesta segunda-feira (18), quando trataram das conversas de Putin com Donald Trump no Alasca e da guerra na Ucrânia. Na semana passada, Lula e o presidente da China, Xi Jinping, falaram por cerca de uma hora, em ligação realizada um dia após Trump afirmar esperar que Pequim quadruplique a compra de soja norte-americana.
Segundo nota do Palácio do Planalto, Lula e Xi “trocaram impressões sobre a atual conjuntura internacional e os recentes esforços pela paz entre Rússia e Ucrânia”. A mesma comunicação registrou que “o presidente Lula reiterou a importância que a China terá para o sucesso da COP 30 e no combate à mudança do clima. O presidente Xi indicou que a China estará representada em Belém por delegação de alto nível e que vai trabalhar com o Brasil para o êxito da conferência”
Ainda no eixo asiático, Lula conversou com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, logo após Washington anunciar tarifas de até 50% para novas exportações. De acordo com o governo brasileiro, a ligação também durou aproximadamente uma hora. Em nota, o Planalto afirmou que “os líderes discutiram o cenário econômico internacional e a imposição de tarifas unilaterais. Brasil e Índia são, até o momento, os dois países mais afetados. Ambos reafirmaram a importância em defender o multilateralismo e a necessidade de fazer frente aos desafios da conjuntura, e explorar possibilidades de maior integração entre os dois países”
A rodada de ligações que inclui Macron, Merz, Ursula von der Leyen e Ramaphosa busca costurar apoios para uma reação conjunta em fóruns como o G20 e o BRICS. Interlocutores do Planalto veem nesses espaços a possibilidade de construir parâmetros comuns para conter o efeito das novas barreiras tarifárias, preservar cadeias produtivas e reduzir a escalada de tensões comerciais. A diretriz central, repetida por Lula nas recentes conversas com Xi e Modi, é a defesa de regras multilaterais e do diálogo político como antídotos ao protecionismo.
Além da pauta comercial, a preparação para a COP30, que ocorrerá em Belém, ganha relevo nas conversas de alto nível. A sinalização de Pequim de enviar uma delegação de alto escalão à conferência climática foi recebida pelo Planalto como um gesto concreto de engajamento. A articulação entre clima e comércio — com foco na transição energética e em cadeias verdes — aparece como terreno comum para acordos bilaterais e plurilaterais a serem debatidos nas próximas semanas.
Fonte: Brasil 247 com informações do jornal O Globo
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