sábado, 21 de junho de 2025

Investigação aponta que professor especialista em China foi alvo de ataques bolsonaristas após espionagem da Abin

Evandro Menezes de Carvalho, professor de direito internacional, diz que pretende acionar a União na Justiça

       Evandro Menezes de Carvalho (Foto: Divulgação)

O professor de Direito Internacional Evandro Menezes de Carvalho, especialista nas relações entre Brasil e China, foi monitorado ilegalmente pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro e, meses depois, virou alvo de uma campanha de ataques a sua reputação conduzida por bolsonaristas nas redes.

Segundo relatório da Polícia Federal, o nome de Carvalho foi consultado diversas vezes no sistema espião FirstMile por agentes da Abin entre 2019 e maio de 2020, dentro das operações internas.

Pouco depois, em agosto de 2020, o bolsonarista Oswaldo Eustáquio, atualmente foragido, publicou um vídeo nas redes acusando o professor de ser um suposto “espião chinês”, postagem que foi amplamente disseminada pela milícia digital com a narrativa que incluía acusações de que a CIA e o FBI estariam investigando o professor por representar interesses do governo chinês.

Segundo a investigação, dados obtidos clandestinamente eram compartilhados com o núcleo político do governo Bolsonaro e usados por assessores do Planalto para alimentar campanhas de desinformação.

Em entrevista ao jornalista Fávio Serapião, do Metrópoles, o professor afirmou que sempre suspeitou da ligação entre os ataques e o entorno de Bolsonaro.

“Isso mostra o grau de periculosidade de uma operação clandestina da Abin motivada por critérios políticos e ideológicos. A gravidade dessa violação é que ela se insere no contexto de violência do Estado brasileiro naquele momento”, disse o professor, informando que pretende acionar a União na Justiça.

“O que me deixa mais indignado é que aqueles que estão agindo contra o interesse nacional estão saindo impunes, enquanto eu, que nunca fui filiado a partido ou tive cargo público relevante, fui atacado e ameaçado de morte”, repudiou.

Sobre a China, o professor disse que o discurso bolsonarista distorce a relação com a China. “Embora no imaginário popular a China esteja ligada à esquerda, é a direita quem mais se beneficia dessa relação, especialmente no campo comercial”, lembrou.

Fonte: Brasil 247 com informações do Metrópoles

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