quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Prender criminosos não era o objetivo, admite secretário após chacina no Rio

Operação na Penha e no Alemão buscou enfraquecer o Comando Vermelho, diz Victor Santos

Prender criminosos não era o objetivo, admite secretário após chacina no Rio (Foto: Reprodução/TV Globo )

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, Victor Santos, afirmou que a megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, que deixou ao menos 121 mortos, teve como principal objetivo “asfixiar” o Comando Vermelho a partir da coleta de informações estratégicas, e não prender seus líderes. A declaração foi dada em entrevista à Folha de S.Paulo, na qual o secretário detalhou o planejamento da ação e negou que tenha ocorrido massacre ou emboscada durante o confronto.

Segundo Santos, a operação, planejada ao longo de um ano pelo governo Cláudio Castro (PL), tinha foco em mandados de busca e apreensão para coletar dados de comunicação, movimentações financeiras e redes de internet usadas pelo grupo criminoso. Delegado aposentado da Polícia Federal desde 2023, ele explicou que o objetivo é “desestruturar o negócio do crime”, atingindo suas fontes de receita.

“O foco nunca foi o criminoso. Eu quero os dados. Hoje temos informações de movimentações financeiras, que é o que vai dar efetividade a esse combate”, afirmou o secretário.

Santos reforçou que a lógica da segurança pública fluminense mudou. “Sempre se olhou para a criminalidade na figura do criminoso. Prende-se o primeiro, entra o segundo, e isso vira um ciclo sem fim. Agora, o foco é o negócio”, explicou, citando o controle de serviços ilegais como internet e distribuição de drogas nas comunidades.

● Operação planejada e uso de tecnologia

De acordo com o secretário, o mapeamento das lideranças foi feito pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes, com base em um ano de investigações. A tecnologia, segundo ele, foi fundamental para rastrear as redes usadas pelos traficantes. “A tecnologia é capaz de ajudar porque usam wi-fi e celular, e conseguimos o georreferenciamento dessas redes”, disse.

O governo destacou ainda que o terreno das comunidades impôs grandes desafios operacionais. “São áreas com cerca de 280 mil moradores, cercadas de barricadas e com contenções armadas. Qualquer operação ali traz risco enorme para a população de bem”, explicou Santos, acrescentando que a prioridade sempre foi a segurança dos policiais e dos moradores.

● Mortes e críticas

Questionado sobre o elevado número de mortos, Santos negou que a operação tenha sido comemorada por esse motivo. “Não se comemora morte. A morte é o previsível, mas não desejado. A premissa é preservar vidas”, afirmou. Segundo ele, a ação foi considerada bem-sucedida por evitar um número maior de vítimas inocentes.

O secretário também comentou as denúncias de que suspeitos teriam tentado se render. Ele afirmou que houve tentativas de negociação e que foram utilizadas armas não letais. “Temos imagens de criminosos encurralados, em que foi usado gás para retirá-los. Se fosse para matar, matava todo mundo. O objetivo não foi esse”, declarou.

● Vazamento e investigações

Santos rebateu ainda informações divulgadas pela imprensa sobre supostos vazamentos prévios da operação. “Para haver uma investigação tem que haver justa causa. Não é um policial que ouviu dizer num grupo de WhatsApp. Eu entendo que não houve vazamento”, disse.

Ele também garantiu que o Ministério Público teve acesso às mesmas imagens usadas pela polícia, desde o planejamento até a execução. “Não vejo falha nas câmeras. O MP teve desde o início acesso às gravações”, reforçou.

Fonte: Brasil 247 com informações da Folha de S. Paulo

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