sábado, 4 de outubro de 2025

Operação Carbono Oculto aponta 15 alvos do PCC como sócios de 251 postos de combustíveis

Levantamento do g1 mostra rede de postos ligada a investigados por lavagem de dinheiro; distribuidoras se defendem e negam irregularidades

Agentes da Receita Federal durante ação conjunta da Operação Carbono Oculto, que investiga esquema de lavagem de dinheiro no setor de combustíveis (Foto: Divulgação/Receita Federal )

Quinze investigados pela Operação Carbono Oculto, a maior já deflagrada contra o Primeiro Comando da Capital (PCC), aparecem como sócios de pelo menos 251 postos de combustíveis em quatro estados do país. O levantamento foi feito pelo g1, que cruzou informações da investigação com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

A operação, realizada em agosto, mirou mais de 350 pessoas e empresas suspeitas de dar suporte financeiro ao PCC em um amplo esquema de lavagem de dinheiro. Segundo decisão da Justiça de São Paulo, os 15 alvos citados são diretamente ligados a esse processo de ocultação de recursos ilícitos.

A rede de postos ligada aos investigados se concentra, sobretudo, no estado de São Paulo, com 233 estabelecimentos – principalmente na capital e na Baixada Santista. Outros 15 estão em Goiás, dois no Paraná e um em Minas Gerais. Quase metade deles (127) funciona sob bandeira branca, sem vínculo com grandes distribuidoras, enquanto os demais são credenciados a marcas como Ipiranga (52), Rodoil (33), Petrobras (29) e Shell (12). Nenhuma distribuidora, no entanto, é alvo direto da investigação.

⊛ Órgãos de controle e punições possíveis

O Ministério Público de São Paulo foi questionado sobre a relação direta entre todos os postos e os investigados, mas alegou não poder se manifestar devido ao sigilo do caso. Já a Receita Federal afirmou que mais de mil postos podem ter sido utilizados pelo PCC em operações de lavagem, embora não tenha divulgado a lista completa.

A ANP informou que as provas obtidas pela Operação Carbono Oculto poderão fundamentar processos administrativos que podem resultar na perda da autorização de funcionamento dos postos. Segundo a agência, alguns dos empresários investigados já haviam sido alvo de sanções antes mesmo da deflagração da operação.

⊛ O que disseram as distribuidoras

As distribuidoras envolvidas declararam não compactuar com práticas ilícitas. A Ipiranga afirmou que atua contra o mercado irregular e vê com “otimismo” o avanço da operação, tendo solicitado acesso aos inquéritos. A Rodoil declarou que já havia identificado inconsistências e iniciou a rescisão de contratos com alguns dos postos, inclusive na Justiça.

A Vibra, responsável pela marca Petrobras, disse manter padrões rígidos de compliance e destacou que, nos últimos dois anos, desligou mais de 100 postos por irregularidades em São Paulo. Já a Raízen, detentora da bandeira Shell, afirmou que apura as informações e tomará medidas cabíveis, ressaltando seu compromisso com ética e transparência.

⊛ Quem são os principais alvos

Entre os sócios de maior expressão está Pedro Furtado Gouveia Neto, ligado à GGX Global, apontada pela Justiça como parceira do grupo de Mohamad Hussein Mourad, considerado chefe do esquema de lavagem e hoje foragido. Neto é vinculado a 56 postos.

Outro nome citado é Luiz Felipe do Valle Silva do Quental de Menezes, dono de 49 postos. Em nota, ele negou irregularidades e afirmou: “Supor que essa compra dos postos serviu para encobrir interesses escusos é uma conclusão equivocada”.

Guilherme da Silva Oliveira, associado a 38 postos, é descrito como “testa de ferro” de Mourad e aparece em operações suspeitas já investigadas na Operação Rei do Crime. Outros citados são Bruno Sato Alves Pereira (38 postos), Ricardo Romano (16), Armando Hussein Ali Mourad (15), Luiz Ernesto Franco Monegatto (13) e Himad Abdallah Mourad, primo de Mohamad, sócio em 10 postos e apontado como articulador financeiro do grupo.

Também estão na lista Tharek Majide Bannout (7 postos), que nega qualquer ligação com o crime organizado; Luciane Gonçalves Brene Motta de Souza (3), descrita como envolvida em fraudes em combustíveis; além de Rogério Garcia Peres, Miriam Favero Lopes, Valdemar de Bortoli Júnior, Latuj Participações e Door Participações S.A., todos donos de ao menos um estabelecimento.

A defesa de alguns dos investigados optou por não comentar, enquanto outros afirmaram que só se manifestarão no curso do processo. Todos que se pronunciaram negaram irregularidades e alegaram atuar dentro da legalidade.

Fonte: Brasil 247 com informações do G1

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