Chegada do destróier USS Gravely à Trinidad e Tobago ocorre durante a escalada entre Washington e Caracas
Foto de archivo del USS Gravely en el puerto de Gdynia en Polonia June 7, 2022. (Foto: KACPER PEMPEL)
Um destróier norte-americano, equipado com lançadores de mísseis, chegou neste domingo (26) a Trinidad e Tobago, arquipélago localizado próximo à costa venezuelana. A presença militar ocorre em meio à intensificação da pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o governo de Nicolás Maduro. Segundo a AFP, o USS Gravely está ancorado diante do porto de Port of Spain, capital trinitina, a cerca de 570 quilômetros de Caracas.
A chegada da embarcação faz parte de uma operação militar mais ampla conduzida pelo Pentágono. O governo de Trinidad e Tobago havia anunciado, na quinta-feira (23), exercícios conjuntos entre as Forças Armadas locais e uma unidade de fuzileiros navais norte-americanos. No dia seguinte, Washington confirmou o envio do porta-aviões USS Gerald R. Ford — o maior e mais poderoso do mundo — acompanhado de outras embarcações militares.
● Demonstração de força e alerta regional
Analistas interpretam a movimentação como uma clara demonstração de força dos Estados Unidos na região. O envio simultâneo de destróieres e de um porta-aviões de última geração reacende preocupações sobre o aumento das tensões diplomáticas e militares na América Latina.
Autoridades venezuelanas ainda não se pronunciaram oficialmente sobre o episódio, mas membros próximos ao governo de Nicolás Maduro afirmam que Caracas mantém “relações de respeito e soberania” com as nações vizinhas e rejeita qualquer tentativa de intimidação externa.
Nas últimas semanas, os EUA atacaram ao menos dez embarcações na região do Caribe e do Pacífico matando ao menos 43 pessoas sob a alegação de combater o narcotráfico. As operações militares, porém, tem sido vistas como uma forma de pressão contra o governo de Nicolás Maduro. Trump também não descarta a possibilidade ações em terra e instruiu a CIA (Central de Inteligência dos EUA) e o Pentágono a adotarem medidas “mais agressivas” contra o governo de Nicolás Maduro.
● Lula busca mediar o diálogo pela paz
Coincidentemente, no mesmo dia da chegada do USS Gravely, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com Donald Trump em Kuala Lumpur, na Malásia, durante a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).
O encontro, que durou cerca de 50 minutos, tratou de temas econômicos — como as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil — e também da escalada de tensões entre Washington e Caracas. Segundo o chanceler Mauro Vieira, Lula afirmou que “a América do Sul é uma região de paz” e que o Brasil está disposto a atuar “pela promoção do diálogo e do entendimento entre as nações”. O presidente Lula também se colocou à disposição para atuar como intermediário entre os EUA e a Venezuela visando reduzir a tensão na região.
● Risco de crise humanitária
As relações entre Brasil e Venezuela seguem congeladas desde agosto do ano passado, quando Lula deixou de falar com Maduro após denúncias de fraude eleitoral não reconhecidas por observadores como o Carter Center.
No entanto, diplomatas brasileiros alertam que qualquer ofensiva contra Maduro pode desencadear uma crise humanitária sem precedentes, marcada por um êxodo em massa de refugiados. Para Brasília, esse cenário ameaçaria diretamente a estabilidade regional e colocaria à prova a capacidade de resposta dos países vizinhos.
● Cenário geopolítico latino-americano
A movimentação militar americana e o esforço diplomático brasileiro acontecem em um contexto de crescente disputa de influência na região. Enquanto Washington reforça sua presença estratégica no Caribe, o governo de Nicolás Maduro busca apoio político e econômico de aliados, incluindo China, Rússia e Irã.
Fonte: Brasil 247
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