segunda-feira, 17 de novembro de 2025

Ministério da Saúde aciona Justiça contra médicos que propagam conteúdo antivacina


      O ministro Alexandre Padilha – Reprodução

O Ministério da Saúde prepara quatro frentes de atuação contra médicos que publicam conteúdos antivacina nas redes sociais e lucram com cursos, consultas e medicamentos sem comprovação científica. Segundo o Estadão, as medidas incluem representação criminal e ações cíveis, em parceria com a Advocacia-Geral da União (AGU).

Pela manhã, o ministro Alexandre Padilha afirmou que seriam adotadas providências contra a difusão da chamada “síndrome pós-spike”, vinculada por esses profissionais às vacinas de mRNA usadas na pandemia de Covid-19.

Padilha explicou ao Estadão que os procedimentos começam nesta segunda-feira (16) com o envio de uma representação ao Conselho Regional de Medicina e a abertura de ação civil pública. Ele afirmou que as práticas configuram violação ao direito à saúde por propagação de desinformação, o que pode resultar em indenizações coletivas. O ministro também confirmou que haverá ação criminal pela venda de tratamentos classificados como falsos.

A AGU avalia notificar plataformas digitais para retirar conteúdos que promovem cursos, materiais e informações sem base científica sobre vacinas e saúde. Segundo o Estadão Verifica, médicos com mais de 1,6 milhão de seguidores afirmam ter identificado intoxicação causada por imunizantes de mRNA e oferecem um protocolo sem comprovação científica para tratar a suposta “spikeopatia”. Cursos divulgados por eles chegam a R$ 685, enquanto consultas custam até R$ 3,2 mil.



A alegação desses profissionais — entre eles o imunologista Roberto Zeballos, o infectologista Francisco Cardoso e o neurologista Paulo Porto de Melo — foi apresentada em um estudo publicado na revista IDCases em junho.

O material, posteriormente contestado e retirado, sugeria que a proteína spike teria efeitos nocivos semelhantes aos da Covid longa. Os autores negam intenção de propor protocolos populacionais, embora haja recomendações divulgadas por eles nas redes sociais.

Padilha informou que o governo investe R$ 150 milhões em plataformas de pesquisa e produção de vacinas de mRNA na Fiocruz, no Rio de Janeiro, e no Instituto Butantan, em São Paulo. Segundo ele, essa tecnologia permitirá ao País responder com rapidez a mutações de vírus respiratórios e a futuras pandemias.

O ministro também afirmou que há R$ 60 milhões destinados à atração de pesquisadores estrangeiros, citando que o governo americano, sob Donald Trump, interrompeu contratos na área.

A revelação do Estadão ocorre durante a COP30, em Belém, onde foram discutidos neste fim de semana os impactos do negacionismo climático e sanitário sobre políticas de saúde pública. Padilha afirmou que combater a desinformação e ampliar a proteção de populações vulneráveis faz parte do Plano de Ação Belém de Adaptação dos Sistemas de Saúde às mudanças climáticas.

Fonte: DCM

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